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Ministro quer reverter "situação perfeitamente crítica" do financiamento da Ciência

09 dez, 2015 - 15:20

Manuel Heitor lembrou regressão verificada nos últimos quatro anos. "Temos de voltar a construir essa tendência de crescimento", disse.

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O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, afirmou esta quarta-feira no Porto que o programa de financiamento de bolsas de doutoramento será revisto "com muita firmeza", considerando que a actual situação é "perfeitamente crítica".

"Temos das taxas mais baixas de novos doutores no quadro europeu e, portanto, temos de garantir uma continuidade do processo de formação pós doutoral e de um processo de confiança no futuro", disse o ministro, que falava na sessão de encerramento dos 30 anos do Instituto de Engenharia de Sistemas de Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).

Manuel Heitor garantiu que "os contratos assinados serão cumpridos, mas é clara uma necessidade de repensar e revisitar as estratégias de desenvolvimento científico e também na formação avançada que é uma área perfeitamente crítica".

"Por isso temos que naturalmente trabalhar com a comunidade científica para repensar uma estratégia que tem de ser apenas feita e implementada em termos de valorizar o conhecimento em Portugal", sublinhou o ministro.

Manuel Heitor defende que é necessária "uma visão de confiança e de estímulo à produção e difusão do conhecimento. Temos todos de desenvolver um conjunto de práticas e de programas que o consigam concretizar no espaço de uma legislatura".

"Não nos podemos esquecer que nos últimos quatro anos regredimos vários anos no investimento nesta área e agora temos de voltar a construir essa tendência de crescimento", sublinhou.

Com esse propósito, Manuel Heitor disse que irá trabalhar para "repor e reforçar o investimento na investigação criando um espaço de debate e de intervenção com a comunidade científica".

"Nos últimos quatro anos tivemos uma redução total, tendo como base as métricas e as estatísticas portuguesas referenciadas na OCDE, de 530 milhões de euros", disse, deixando um desafio aos investigadores para que tentem "perceber esta redução" e para que avancem com "um projecto colectivo de inverter este processo de desvalorização do conhecimento no contexto português".
Segundo os dados agora referidos pelo ministro da Ciência, "Portugal já tinha atingido em 2009/2010 cerca de 1,6% do produto, neste momento está com 1,3 % de produto investido na área da produção e difusão do conhecimento. O meu compromisso com os investigadores é reverter este processo e reforçar o investimento".

"Nos últimos anos tivemos uma redução de 19% no investimento global, são os dados das estatísticas publicadas no mês passado e, portanto, cumpre-nos a nós inverter essa tendência", disse.

Manuel Heitor considerou que este é "um esforço colectivo que é necessário vencer, assim como ter confiança no futuro e no quadro europeu". .

"Por isso, o meu esforço nas últimas semanas de ter discutido esta temática com o comissário europeu em Bruxelas e com a OCDE ainda esta semana, para podermos inverter claramente e convergirmos com a Europa. Portugal divergiu da Europa nos últimos quatro anos em matéria de produção e difusão de conhecimento. A minha principal tarefa é naturalmente inverter essa tendência e trabalhar num projecto e num trajecto de convergência com a Europa", frisou.

Questionado sobre a saída de Portugal de jovens investigadores portugueses para conseguirem concretizar os seus projectos de investigação, o ministro considerou que mais importante do que os convidar a regressar e "valorizar o seu posicionamento".

"Claro que é impensável que todos regressem de um dia para o outro, alguns vão regressar, os outros teremos que valorizar a sua posição e o seu relacionamento com Portugal" uma vez que "a saída de muitos portugueses nos últimos quatro anos deveu-se muito a um desinvestimento nesta área e particularmente a um projecto de desconfiança no sistema", acrescentou.

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