Rosalia Vargas falava a propósito da primeira comemoração do Dia Nacional dos Cientistas, que vai decorrer na terça-feira no Teatro Rivoli, no Porto, evento organizado pela Ciência Viva e resultado de uma proposta levada à Assembleia da República pela comissão parlamentar de Educação e Ciência.

Questionada sobre a forma como a ciência é comunicada à sociedade, Rosalia Vargas disse que apesar de se ter conseguido "abrir caminho" e do que foi até agora atingido, "as mudanças demoram o seu tempo" e são precisas "gerações" para alterar "os hábitos, a cultura e o que está institucionalizado".

A celebração do Dia Nacional dos Cientistas em 16 de maio decorre juntamente com a segunda edição da conferência "Caminhos do Conhecimento", iniciativa criada em 2016 para "homenagear o legado de José Mariano Gago", na data do nascimento do antigo ministro da Ciência.

Segundo Rosalia Vargas, estabelecer uma ligação entre a ciência e a sociedade foi uma das razões que levou a que Mariano Gago tenha criado, há 20 anos, a Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, "que nasceu como um programa nacional de educação e cultura científica".

Com o mote "Portugal, país de ciência, cultura e conhecimento - Como reforçar e garantir este desígnio?", a conferência deste ano pretende apelar para a mobilização coletiva em torno de um futuro com mais conhecimento e ser um espaço para discutir a ciência, a cultura e as políticas científicas.

Para a presidente da Ciência Viva, Mariano Gago (1948-2015), também professor universitário, foi quem "suscitou estes debates" e estes "caminhos do conhecimento", e, apesar "do seu desaparecimento tão precoce", "ainda foi a tempo de fazer tanto pela política científica no país", mantendo "sempre" uma "visão de futuro".

As celebrações do primeiro Dia Nacional dos Cientistas, cuja abertura estará a cargo do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, contarão com a presença do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues e dos ministros da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Para a conferência "Caminhos do Conhecimento", Rosalia Vargas destacou hoje a intervenção da presidente do centro African Gong, Elizabeth Rasekoala, que carateriza como "uma mulher de uma força de trabalho extraordinária", sendo "uma grande lutadora pela igualdade de género na ciência, mas sobretudo pela qualidade do ensino e o acesso à cultura e à educação científica por todos".

Na conferência vão participar ainda membros do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) da Universidade do Porto, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), dos institutos politécnico do Porto e de Leiria, e das universidades do Minho, de Évora e de Lisboa.

O "propósito desta celebração é agregar instituições da comunidade científica", estando também "abertos" aos "interessados" fora desse grupo, como músicos, jornalistas, professores do ensino secundário e juristas, tendo sido criado, para isso, o painel "A ciência connosco", cujo orador será o diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), Manuel Sobrinho Simões, referiu a presidente da Ciência Viva.

Durante a cerimónia, será apresentado o livro "Caminhos do Conhecimento - O legado de José Mariano Gago", resultante da primeira conferência, que ocorreu a 16 de maio de 2016.