Eis o Massive: um laboratório virtual onde se pode treinar, viajar e operar

Representa um investimento de 700 mil euros e foi inaugurado esta segunda-feira em Vila Real. É apresentado como o laboratório de realidade virtual "mais avançado" da Península Ibérica.

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A estimulação dos sentidos permite que bombeiros treinem em cenários que são difíceis de replicar no mundo real DR

Treinar bombeiros para enfrentar situações de calor extremo, ensaiar operações complexas com profissionais de saúde ou viajar para sítios a muitos quilómetros de distância. São apenas alguns exemplos do que é possível fazer no Massive, um laboratório realidade virtual que tem casa na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e que foi esta segunda-feira oficialmente inaugurado pelo minsitro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.

É um laboratório diferente e inovador, assegura Maximino Bessa, investigador do Centro de Sistemas de Informação e Computação Gráfica do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) . É que se por norma a tecnologia de realidade virtual costuma privilegiar a visão e a audição, o carácter multissensorial do Massive (Multimodal Acknowledgeable multiSenSory), consegue estimular cinco sentidos.

“A realidade virtual já é utilizada de uma forma mais abrangente. Como por exemplo no campo do turismo virtual, videojogos e até no mundo empresarial”, diz o investigador. Mas este laboratório, apresentado no comunicado do INESC TEC como "o mais avançado da Península Ibérica", promete tirar o máximo partido da tecnologia.

Maximino Bessa dá um exemplo da aplicação prática do projecto: o facto de poder ser de bastante utilidade para preparar bombeiros para situações adversas. “Uma das experiências que fazemos é a de habituação ao calor. Os bombeiros estão expostos a muita ansiedade devido ao contacto com temperaturas altas. O formando, depois de passar pelo processo virtual, chega muito menos ansioso a situações reais”, explica. Estas experiências já estão a ser feitas com elementos de corporações vizinhas. adianta.

O laboratório, que está equipado com as mais recentes tecnologias na área da realidade virtual, está organizado em quatro espaços diferentes: sala experimental, sala experimental multissensorial, sala de controlo e sala de questionários. Na sala multissensorial é possível controlar a temperatura e simular ventos e aromas. Consegue-se também, com a ajuda de capacetes, medir a actividade cerebral e com um olfatómetro a intensidade dos odores. Numa outra sala foi colocada uma esfera de grandes dimensões que permite a exploração do ambiente virtual de uma forma ilimitada.

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O laboratório está em funcionamento desde 2016. As potencialidades são muitas, desde andar de bicicleta a ser transportado para um sítio longínquo. DR

Para já, segundo Maximino Bessa, o plano passa por abrir o laboratório à comunidade académica e empresarial. Neste momento já há vários projectos em curso nestas salas apesar de só hoje ter sido inaugurado oficialmente pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. O DouroTour e o Simprove (Biomedical Simulation Center of The Future), são apenas alguns exemplos. O primeiro permite, sem sair do laboratório e usando apenas óculos, auscultadores e um comando, uma viagem às paisagens do Douro, mais concretamente ao miradouro de São Leonardo da Galafura. Já o Simprove quer dar a possibilidade a médicos e a enfermeiros de treinar operações complexas antes de o fazerem no mundo real.

Na inauguração, em declarações à agência da Lusa, Manuel Heitor considerou que o laboratório, onde foram investidos cerca de 700 mil euros e que já estava a operar desde 2016, pode funcionar como "um polo de atracção" e espera que a tecnologia disponível possa contribuir para a criação de emprego. Focando-se na região que envolve o projecto, o ministro acredita que o laboratório pode também ajudar no desenvolvimento do vale do Douro  e da viticultura. 

No fundo, como se pode ler no site do projecto, o Massive ambiciona “reforçar habilidades humanas para enfrentar desafios globais e melhorar a qualidade de vida”. Para o conseguir, conta com a colaboração de várias áreas de investigação como a psicologia, informática ou neurociência.

Texto editado por Andrea Cunha Freitas

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