INESC Porto LA apresenta ciência e tecnologia aos jovens

Robótica e tecnologias de comunicação em destaque na Mostra da U.Porto

O INESC Porto LA esteve presente na 9ª Edição da Mostra de Ciência, Ensino e Inovação da U.Porto, que decorreu entre os dias 17 e 20 de março, no Pavilhão Rosa Mota no Porto. O robô-submarino MARES, desenvolvido pela Unidade de Robótica e Sistemas Inteligentes (ROBIS), e o robô humanoide NAO foram as apostas do INESC Porto LA para cativar os mais jovens. A Mostra ficou ainda marcada por uma experiência inédita que contou com o apoio de investigadores da Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) – a disponibilização de informação sobre a Mostra através de QR-Codes –, e pela inauguração de um novo formato de conferências, as chamadas conferências-relâmpago, onde participaram os investigadores da Unidade de Inovação e Transferência de Tecnologia (UITT), João Claro e Abílio Pacheco. Um evento “claramente positivo” e um “grande interesse do público pelos projetos apresentados” é o balanço da participação do INESC Porto LA.

Robótica a sério… e a brincar!

A robótica voltou a estar este ano em destaque no espaço do INESC Porto LA na 9ª Edição da Mostra de Ciência, Ensino e Inovação da U.Porto, que se realizou mais uma vez no Pavilhão Rosa Mota no Porto, entre os dias 17 e 20 de março. E este ano foi para agradar miúdos e graúdos. O INESC Porto LA fez sucesso com a apresentação de uma das suas estrelas, o robô-submarino MARES (Modular Autonomous Robot for Environment Sampling), que tem sido usado para controlar os parâmetros de qualidade da água e a presença de efluentes em rios e no mar, e que esteve já em destaque no evento da assinatura do Memorando de Entendimento entre o INESC Porto LA e o ISEP, juntamente com o TriMARES.

Trata-se de um veículo submarino autónomo capaz de descer até aos 100 metros de profundidade e de medir a qualidade da água seguindo trajetórias predefinidas, enquanto efetua a recolha de dados com os sensores instalados a bordo. Estes permitem analisar dados como a temperatura da água, acidez, neutralidade ou alcalinidade e, consequentemente, níveis de poluição. Mais do que isso, o MARES consegue detetar fissuras em estruturas (nomeadamente barragens e pontes) e, ao ser dotado de autonomia, a intervenção humana (mergulhadores, por exemplo) torna-se desnecessária, o que faz desta uma ferramenta essencial ao não colocar vidas humanas em risco. Com o robô disposto numa piscina, os visitantes da Mostra da U.Porto tiveram oportunidade de visualizar e perceber como funciona esta que é uma das estrelas da Unidade de Robótica do INESC Porto LA.

Mas a edição deste ano da Mostra trouxe também uma pequena surpresa que fez as delícias dos mais jovens: o robô humanoide NAO, que é capaz de interagir com o ambiente e de demonstrar habilidades através da imitação de movimentos humanos. Especialmente direcionados para a investigação científica no campo da robótica e sistemas autónomos, estes robôs são também as plataformas utilizadas na liga mundial "plataforma standard" da Robocup Federation. O NAO foi criado por uma  empresa francesa e é capaz de dançar, falar (inglês e francês), reconhecer rostos, comunicar com os programadores e outros robôs semelhantes, para além de reagir ao toque das pessoas. Num evento dirigido aos jovens do ensino básico e secundário que estejam a ponderar a sua futura área de estudo ou curso, o INESC Porto LA pretendeu assim captar os jovens para a ciência na área da robótica.  

A Mostra pelos olhos dos visitantes

Este ano a Mostra da U.Porto inaugurou ainda uma experiência inédita que teve a ‘mão’ do INESC Porto LA: o uso de QR-Codes em cada stand das 14 faculdades e principais unidades de investigação que, ao serem fotografados pelo visitante com um telemóvel, permitia acesso, através do sistema wireless da Mostra, a uma página específica de cada stand, a informação sobre as atividades das instituições, a questionários, a uma ligação ao respetivo curso/faculdade/centro de investigação e ao perfil do Facebook da Mostra. Os investigadores do INESC Porto ficaram responsáveis pela preparação do servidor, por associar a informação de cada stand à plataforma, assim como pela criação de inquéritos, comentários e por testar a utilização dos códigos nos sistemas operativos existentes. Um QR-Code (Quick Response Code – Código de Resposta Rápida) é um código de barras bidimensional que pode ser lido por telemóveis com câmara ou leitores de códigos de barras e, como o próprio nome indica, permite que os conteúdos sejam descodificados a alta velocidade. Prova de uma grande adesão por parte do público foram as cerca de 200 visualizações registadas nos quatro dias da Mostra.

Outra inovação foi a visualização da Mostra pela perspetiva do visitante. Para além dos QR-Codes, os investigadores da UTM, Jaime Dias e Rui Campos, e os alunos por eles orientados, Filipe Teixeira, Tiago Costa e Vítor Barros, dispuseram-se a apoiar a Reitoria no desenvolvimento de um sistema interativo de projeção de imagens. Assim, os convidados podiam enviar, via wireless, fotos tiradas com o telemóvel para o video wall da Mostra, dando assim origem a um portfólio de imagens da 9.ª Mostra da U.Porto. O sucesso entre os visitantes foi significativo, com quase duas centenas de fotos partilhadas, pelo que se espera que possam ser utilizadas em futuras edições da Mostra.

A Mostra iniciou ainda um novo formato de conferências, as chamadas conferências-relâmpago, com a duração máxima de sete minutos, onde participaram João Claro e Abílio Pacheco da UITT. Intitulada "Gestão de fogos florestais: um sistema de engenharia", a apresentação dos investigadores do INESC Porto LA pretendeu mostrar algum do trabalho que está a ser feito no âmbito do projeto FIRE-ENGINE – Design Flexível de Sistemas de Gestão de Incêndios Florestais, uma iniciativa que conta com a cooperação da Portucel Florestal SA, da Engineering Systems Division do MIT, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (ISA) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), e que tem como objetivo principal criar melhores políticas de prevenção e combate a incêndios florestais, assim como a gestão e tecnologia a elas associadas.

Entre aspas

A participação do INESC Porto LA na 9ª Edição da Mostra de Ciência, Ensino e Inovação da U.Porto voltou a ser um sucesso. A equipa do BIP falou com alguns dos participantes para fazerem um balanço da Mostra deste ano para perceber como veem eventos deste tipo como meios para atrair os jovens para a ciência.   

• Abílio Pacheco e João Claro (UITT)

“Explicar assuntos complexos de uma forma simples é um desafio. Esse esforço é compensado não só pela progressiva compreensão geral da sociedade face ao esforço inerente à investigação científica, como pela atracção de jovens talentos. A Mostra da Universidade do Porto é uma iniciativa louvável principalmente neste último aspecto, e a presença do INESC Porto destacou-se pela sua interatividade.”

•  Ireneu Dias

“Este ano a Mostra teve um conjunto de demonstradores que preenchem os requisitos de serem atrativos para o público. Mesmo algumas coisas que não funcionaram à primeira, em nada tiraram valor à nossa participação. Ciência e Tecnologia não são coisas perfeitas, não são coisas "made" são coisas "in the making". E temos sempre o nosso amigo Murphy...

Os meus parabéns ao ROBIS pela atitude, disponibilidade e esforço. E parabéns às pessoas da UTM que tiveram a ideia dos códigos 2D.

De um ponto de vista mais genérico é bom equacionar os objetivos da nossa participação num evento destes. Deixo só algumas questões a discutir/avaliar:

- O objetivo é atrair o público leigo para a Ciência? As famílias ou os prospetivos alunos?

- Ou queremos publicitar o INESC Porto e a sua postura "Science-based Innovation"?

- Queremos ser "visíveis" ou queremos dar uma "boleia" à U.Porto no bom sentido de mostrar que os investimentos em Ciência e Educação são isso, Investimento, e não Gastos, Luxos?"

• Vítor Barros (UTM)

“O objetivo do conceito do video wall interativo era partilhar a Mostra pelos olhos (e câmaras!) dos visitantes. O desenvolvimento do video wall interativo marcou pela inovação e facilidade de partilhar conteúdos por qualquer pessoa. Apesar do pouco tempo que tivemos com o video wall para apresentar este projeto, houve uma adesão moderada nos dois últimos dias, sendo registadas 139 imagens partilhadas no total dos dias quatro dias do evento.”

• Rui Almeida (ROBIS)

“Apenas posso falar pelo primeiro dia da Mostra, mas a julgar pelo meu nível de cansaço no final do dia diria que o balanço foi claramente positivo. Houve grande interesse pelos projetos apresentados, tanto por parte dos mais jovens como dos professores que os acompanhavam. Penso no entanto que, dado o caráter da Mostra, a posição do INESC Porto na UP deveria ter estado mais clara. Não me pareceu que fosse transparente para muitos dos jovens como poderiam vir a integrar um projeto como os apresentados. De qualquer forma, a maior parte dos visitantes  pareceu bastante entusiasmada e impressionada com as demonstrações de ambos os robôs.”

• Tiago Costa (UTM)

"A participação na Mostra da U.Porto com os QR-Codes e conteúdos para dispositivos móveis apresentou diversos desafios (preparação do servidor, adaptação das informações de cada bancada à plataforma utilizada, criação de secções de inquéritos e comentários e testes de utilização dos códigos nos sistemas operativos existentes) que tiveram que ser ultrapassados com alguma persistência, devido ao fator "novidade" apresentado em determinadas áreas. No entanto, apesar das dificuldades sentidas ao longo deste curto tempo de preparação para a participação na Mostra, o balanço final deste projeto é positivo e é expectável que o trabalho realizado possa ser utilizado em futuras edições deste evento, com melhoramentos e novidades de relevo."

• Filipe Teixeira (UTM)

“O desafio que tínhamos em mãos era aliar a inovação e as novas tecnologias de comunicação ao alcance dos visitantes da Mostra da U.Porto. A utilização dos QR-Codes permitiu a interacção do público com as bancadas: os visitantes, ao fotografarem o código, eram reencaminhados para uma página específica de cada stand. Aí podiam obter mais informações sobre a mesma e responder a um pequeno inquérito de satisfação. Um dos grandes desafios foi também a criação de um sistema interactivo de projecção de imagens que permitisse dar a visão da Mostra pelos próprios visitantes. Penso que o desafio correu bem, tendo chegado com sucesso aos milhares de pessoas que visitaram aquele espaço durante a Mostra.”

• Eduardo Mota (ROBIS)

“Tive a oportunidade de pela primeira vez representar a minha faculdade e o INESC Porto num evento público desta dimensão. De facto, impressionou-me a adesão não só de jovens em idade de escolherem o seu futuro, como também de menos jovens, ou movidos pela necessidade de conhecerem as várias alternativas que as instituições de ensino (e o mercado de trabalho) oferecem, ou pela curiosidade de conhecer as novidades que a ciência oferece todos os anos neste evento. Reconheço a importância deste tipo de eventos e fico feliz por ter podido ajudar outros nesta escolha que muitos de nós um dia fizemos.”

• Bruno Ferreira (ROBIS)

“Durante o dia de sexta-feira, a grande maioria dos visitantes era composta por estudantes do ensino secundário. De modo geral, houve interesse na nossa tecnologia, mas apenas alguns mostraram verdadeiramente curiosidade e vontade de perceber o que estávamos a mostrar. Desses, tenho a certeza que muitos ficaram convencidos no que diz respeito à investigação, desenvolvimento, potencial e capacidade.

Por outro lado, penso que a piscina não teve um impacto tão grande quanto se esperava, pois as manobras realizadas pelo veículo levavam-no naturalmente a encostar aos bordos, deixando uma imagem negativa na minha opinião. Se se voltar a realizar mostras deste tipo, sugiro que se coloque um monitor grande para exibir vídeos nos quais se mostra o verdadeiro potencial do veículo.”