Asneira Livre
Policial Monoglota
* Por Diego Issicaba
Asneira por asneira contarei um pouco sobre o meu primeiro dia no Porto.
Estava a conhecer a cidade quando parei para relaxar bem próximo à Praça da Liberdade. De pronto fiquei entusiasmado com o facto de a cidade conter um respeitável número de pastelarias e cafés, no que me foi impossível resistir à vontade de experimentar uma das iguarias locais. Relembrando-me agora, acredito que me ausentei da pastelaria sob quase perfeito estereótipo de turista. Vestia grande quantidade de roupas e acessórios num dia ensolarado, além de cobrir minha própria visão [enquanto andava] com um mapa que recebera no aeroporto.
Um bocado perdido, fui repentinamente abordado por um policial. O mesmo perguntou-me sobre minha procedência e motivos de estadia em Porto. Como por reflexo, retirei meu passaporte do bolso enquanto explanava que era brasileiro e estava em Porto como estudante de doutoramento. Estranhamente, o policial respondeu em rústico inglês a sentença “I see”, enquanto examinava com certa concentração meu passaporte. Intrigado com a situação, comecei a procurar demais documentos em minha mochila. Foi quando o policial disparou uma série de 3 perguntas em inglês. Apontado para o passaporte [verde], respondi as perguntas em português, enfatizando que era brasileiro. Porém, após cada resposta o policial repetia-se: “I see”, “I understand”, “I see”.
Enquanto olhava para os lados para verificar se alguma outra pessoa estava acompanhando a conversa [ou melhor, inquérito], o policial disparou outra série de perguntas em inglês. Continuei respondendo em português e essa situação se perdurou por mais de 15 minutos. Foi tudo muito confuso e divertido para mim.
Com o tempo, vim a perceber que similar ocorrido se repete com certa periodicidade. À porta do INESC Porto, estava conversando [em português] com um de meus amigos de USE quando um gajo local veio perguntar-me em inglês sobre uma localização. Já cursando as disciplinas do doutoramento, tive um professor que repetidamente se esquecia de minha nacionalidade insistindo em falar comigo em inglês.
Fico feliz que meus colegas de USE me dirigem a palavra em português. Estou realmente muito satisfeito com a cidade do Porto e com o ambiente do INESC Porto. Aos que quiserem me abordar pelos corredores do INESC Porto, não se acanhem em fazê-lo em bom português. Até!
* Colaborador da Unidade de Sistemas de Energia (USE)