Asneira Livre
Chefe Emérito
Por Filipe Aranda de Sá*
O Povo costuma dizer que não devemos regressar a um sítio onde fomos felizes. Eu fui muito feliz no INESC Porto, e hoje estou de volta, catorze anos depois de ter saído!
O meu primeiro contacto com o INESC Porto ocorreu no âmbito de uma visita às instalações da UOSE, ainda nas instalações da Rua de José Falcão. Fui investigador da UOSE entre 1999 e 2002, que nesta altura já estava instalada no novo edifício do Departamento de Física da FCUP na Rua do Campo Alegre, onde eu estudava. Saí para a Multiwave Networks em Março de 2002. Dois anos depois, em Março de 2004, regressei a esta casa para fazer parte da equipa que arrancou com a FiberSensing, empresa spin-off do INESC Porto que viria a ser fundada a 23 de Abril. Em Março deste ano, regressei ao INESC TEC, mas desta vez para o CRAS.
Embora eu não seja nada saudosista, recordo os tempos vividos na UOSE com muita saudade e satisfação. Foram tempos de descoberta, porque aprendi imenso, porque lidei com uma realidade que até aí me era estranha (a investigação científica), e porque foi o meu primeiro ‘emprego’ pós-entrada na faculdade. Lá vivi momentos únicos, tive o privilégio de conhecer e trabalhar com pessoas extraordinárias (algumas das quais viria mais tarde a trabalhar na Multiwave e na FiberSensing), fiz novas amizades e tive também a sorte de trabalhar com amigos que já vinham da faculdade.
De todas essas pessoas, aquela que mais me marcou foi, sem dúvida, o Professor José Luís Santos, que foi meu professor na FCUP, meu chefe no INESC Porto (era, na altura, o Coordenador da UOSE) e meu orientador do Projecto da Licenciatura.
O Professor José Luís Santos é para mim um exemplo, um role-model – como pessoa, como colega, como professor e como chefe – e é uma das pessoas que mais me marcou nestes meus 40 anos de vida. Ele agiu sempre com uma enorme correcção e respeito pelas pessoas; preocupou-se sempre com os outros, e procurou sempre ajudá-los de alguma forma; combateu sempre as injustiças e tentou sempre garantir a coesão e o bom ambiente no grupo; e mostrou sempre uma atitude de grande profissionalismo, dedicação, organização, espírito de sacrifício, sentido de responsabilidade e fidelidade aos compromissos.
O Professor José Luís é um grande exemplo de que é possível ter-se sucesso em termos profissionais, e ao mesmo tempo, ser-se uma excelente pessoa, com um bom coração. Ele liderou a UOSE de forma notável (depois de ter ‘herdado’ a UOSE em circunstâncias particularmente difíceis), tem um curriculum científico brilhante, colocou a UOSE no mapa mundial dos centros de I&D mais relevantes na área dos sensores de fibra óptica, e hoje é Professor Catedrático e Vice-Director da FCUP!
Mais do que um Chefe, ele foi sempre um líder, e a força da sua liderança vinha da sua personalidade, do seu carácter, da sua rectidão, do seu carisma, e acima de tudo, porque liderava pelo exemplo!
A Michelle Obama uma vez disse que “success isn’t about how much money you make; it’s about the difference you make in people’s lives”. Por isso, eu tenho a certeza que o Professor José Luís é um homem de grande sucesso, precisamente porque marcou pela positiva muitas gerações de estudantes, de investigadores da UOSE e de outras pessoas que o conheceram.
Obrigado Zé Luís, por tudo. Para mim, é e será (sempre), um líder e o meu Chefe Emérito!
* Colaborador do CRAS
NOTA: o INESC TEC segue a ortografia oficial nas suas publicações, acompanhando a norma da Universidade do Porto. A Asneira Livre é uma secção de autor e o autor, no caso presente, faz questão de seguir a norma ortográfica antiga, pelo que o seu desejo é respeitado.