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Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - Testemunho da FLUPOL – Aplicações Técnicas de Polímeros Fluorados, Lda, pela voz de José Bandeira.

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A Vós a Razão

"Serendipidade partilhará, seguramente, muita coisa com a intuição. Esta poderá ocupar espaço, pelo menos, entre o inesperado, o acaso agradável, e a disponibilidade da mente para não deixar escapar a oportunidade", José Soeiro Ferreira

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"Não é todos os dias que se celebram os 25 anos de uma instituição, e apesar de parecer pouco, na verdade representa muito para quem tem contribuído afincadamente para o seu sucesso", Rui Barros

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...ele diz que “Vai Ficar Doidão”, ele canta “A Minha Xaninha”, ele é “Bate, Bate coração”, ele é "O Canalizador", hits musicais que certamente ficarão no ouvido! Descubra o autor neste Insólito!

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A Vós a Razão

Serendipidade

*Por José Soeiro Ferreira

Serendipidade é a faculdade para fazer descobertas agradáveis, inesperadas, inteiramente por acaso, quando se procura outra coisa.

Serendipidade de ‘Os Três Príncipes de Serendib’ (um conto persa) que viviam fazendo descobertas inesperadas, encontrando soluções para problemas não realmente procurados, graças à capacidade de observação, sagacidade e disponibilidade mental que gozavam. A palavra tem origem no nome Serendib (ilha das jóias) – assim era o Sri Lanka conhecido, pelos comerciantes muçulmanos. Os portugueses foram os primeiros europeus a lá chegarem (Lourenço de Almeida, 1505), alterando um pouco o nome encontrado Sinhala-dvipa (ilha dos cingaleses) para Ceilão.

Como exemplos de Serendipidade relatam-se, frequentemente, as seguintes descobertas acidentais valiosas: radioactividade, post-it, dinamite, raios X, forno microondas, tinta para tecidos, café, teoria do caos/efeito borboleta, penicilina, bioelectricidade, nitroglicerina, lítio, flocos de cereais, etc. Seguramente que também aqui encaixam tantas soluções ‘aha’ para novos problemas, encontradas sem saber como. É possível que a Serendipidade também conviva com outra faculdade humana enigmática e tão real e fundamental: a intuição.

Que este mundo roda insondável, que as coisas não são transparentes nem evidentes, que tanto invisível se oculta por trás das aparências e que o futuro parece mais imprevisível do que nunca, são convicções que vão ficando. Estamos em tempos de tentar prever o presente! Mesmo ao nível da decisão científica, da gestão e da optimização no ambiente das organizações empresarias, sociais, serviços, nos deparamos com complicações, chamemos-lhes situações problemáticas (SP), porque imprecisas e plenas de incerteza, com motivações pessoais envolvidas.

Fomos (estamos?) habituados a respeitar e a dar mais credibilidade ao que é quantitativo e rigoroso. No entanto, percam-se algumas ilusões, pois a modelação quantitativa, por si só, tem fortes limitações para se movimentar em tais ambientes vagos e complexos. Digamos que, se é usada, então já as principais decisões foram tomadas (mas de que maneira?) ou então, quando a modelação está ‘certa’ raramente se refere à realidade.

Não há qualquer hesitação quanto às excelentes provas dadas, de engenho e aplicabilidade, pelos métodos quantitativos. Quando realmente podem funcionar, e tantas vezes assim é, são preferíveis a quaisquer alternativas, na resolução de variadíssimos problemas relevantes. O embaraço surge quando as aspirações são mais ‘elevadas’, qual voo com pouca visibilidade, e se ambiciona tomar decisões ‘racionais, sustentadas’ em SP – aí os métodos quantitativos (hard) tendem a desertar. Outros métodos mais adequados têm surgido, na tentativa de apoiar o desafio: modelação qualitativa, visual, gráfica, recorrendo a meios mais soft. De qualquer modo convirá não separar o par hard/soft, por mais conflituoso que possa parecer.

Mas existe disponível uma capacidade humana extraordinária – a intuição, que também os poderá beneficiar. Embora longe de estar compreendida, a neurociência e a psicologia têm oferecido evidências sólidas de que a intuição humana terá um poder exclusivo e mais valioso do que se tem pensado – ainda mais nos tempos que correm. Se calhar as principais decisões da vida, pessoais ou profissionais, sempre foram baseadas na intuição (tomam-se sem pensar!). Na decisão e gestão de SP, diluídas em informação exagerada, a intuição será o derradeiro instrumento. Poderá não ser preciso saber muito nesses casos, para depreender o fundamental, confirmam muitos estudos recentes.

A intuição consegue conviver com uma constelação de objectos concretos e abstractos. É holística, é criativa, filtra o essencial, é sensível, pode lidar com emoções, tolera a ambiguidade, é frugal nos dados, avalia e selecciona o relevante. Talvez seja a forma mais elevada do conhecimento, o que de modo algum quererá dizer que não falha muitas vezes ou que nela possamos simplesmente confiar! Que alternativas? E se há que actuar rapidamente?

A intuição vai sendo interpretada cientificamente e pode decerto ser estimulada e melhorada. Será uma forma de facilitar a Serendipidade, também neste enquadramento?

Serendipidade partilhará, seguramente, muita coisa com a intuição. Esta poderá ocupar espaço, pelo menos, entre o inesperado, o acaso agradável, e a disponibilidade da mente para não deixar escapar a oportunidade.

Serendipidade deverá percorrer o trajecto que se inicia numa preparação da mente, visita uma oportunidade/descoberta acidental que a caracteriza, que passa numa nova aposta e que se cumpre numa realização de ‘sucesso’. Não bastará que a oportunidade se ‘ofereça’, que assome a descoberta ou decisão/solução potencial. Talvez por isso mesmo, e para além da intuição, também outras aptidões estarão actuantes tais como: disponibilidade/vazio mental, curiosidade, pensamento divergente, tolerância para com a ambiguidade, e elaboração.

Valerá a pena reflectir sobre o conceito de Serendipidade e cultivar e exercitar faculdades e competências que lhe estarão associadas. Quantas vezes os acasos na vida são bem agradáveis. Serendipidade! 

 

* Colaborador na Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP)