Fazedores de tradições, construtores de coesão
Argumenta-se que há quatro tipos de coesão: coesão horizontal entre pares, coesão vertical entre líderes e subordinados, coesão organizacional no seio de uma instituição e coesão social entre a instituição e a sociedade. A coesão é, sobretudo, forjada nos laços de confiança que unem os atores [1].
Se a coesão organizacional se constrói sobre história e tradições, quem constrói a história e as tradições? Na resposta a esta interrogação se acha o papel da gestão e das visões dos gestores e líderes na construção da coesão. Diz-se que ela resulta de uma cultura comum: mas não há cultura viva sem prática.
No INESC TEC, o crescimento meteórico, como o designou o Scientific Advisory Board, coloca fortes desafios. As forças centrípetas que resultam da mera dimensão avolumam-se (afinal, já são 600 pessoas e 200 Doutores - quer dizer, potencialmente 200 líderes com 200 interesses próprios…). Já são duas Universidades e um Politécnico, já são cinco Escolas fundamentais a ter parte ativa. A escala obriga a granularidades múltiplas e abre espaço a nichos de interesse que dificilmente sobrevivem numa organização pequena. Mas esses nichos, indetetados, camuflados na própria dimensão do INESC TEC, são focos potenciais de dissolução da coesão.
Por isso, não lhes deve ser permitida a sobrevivência - os líderes têm que ser construtores de coesão.
Os coordenadores de Unidade, de todas as Unidades do INESC TEC, precisam manter uma límpida compreensão dos enormes ganhos que a escala do INESC TEC proporciona. Um instrumento à mão é, naturalmente, o incremento da cooperação intergrupos e interunidades. Oriente-se a política em cada Unidade por este vetor: o número de atividades e projetos em que se verifica cooperação entre Unidades distintas será, então, um indicador de coesão objetivamente observável. O êxito da gestão há de medir-se por esse fator. Os Coordenadores de Unidades e os líderes de investigação têm que ser fazedores de boas tradições.
Felizmente, temos ótimas notícias. Cada vez observamos mais fenómenos desta natureza, no INESC TEC. O projeto submetido ao ON2, designado Best Case, visa reforçar esta vertente, e será instrumental. Oxalá venha, porque precisamos de reforçar a coesão.
Esta coesão derivada de uma tradição de cooperação inevitavelmente se converterá numa força poderosa. Seremos então mais capazes, ainda, de responder a desafios gigantescos, multidisciplinares, daqueles que precisamente acreditamos que nascemos para enfrentar.
[1]Major Brendan B. McBreen, "Improving Unit Cohesion: The First Step in Improving Marine Corps Infantry Battalion Capabilities", report in partial fulfillment of the requirements for The Commandant of the Marine Corps National Fellowship Program, USA, Maio 2002