Fora de Série
Este espaço destina-se a prestar homenagem a um colaborador que mensalmente se distinga com especial relevo na sua atividade. A escolha final é da responsabilidade da Redação do BIP mas a colaboração das Coordenações de todas as Unidades é preciosa pois as sugestões e motivações são fundamentalmente da sua responsabilidade.
JOÃO GAMA
1. Ser nomeado “Fora de Série” significa entrar com o pé direito neste novo ano?
Entro sempre com os dois pés. Esta é uma notícia particularmente agradável. Ser “Fora de Série” no INESC TEC não é fácil. Grande parte do mérito vai para as pessoas com quem colaboro: colegas e, principalmente, alunos.
2. O LIAAD (Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão) integrou recentemente o edifício sede do INESC Porto. Como tem sido a receção dos restantes InescTecquianos?
Fomos recebidos de uma forma ótima! A palavra mais ouvida foi “Bem-vindo”. Sinto-me muito bem aqui. Um ambiente descontraído, amigável e de trabalho.
3. Quais são, na sua opinião, as principais mais-valias desta maior proximidade geográfica?
Uma das mais-valias de um laboratório como o INESC TEC são as sinergias provenientes da interdisciplinaridade. A interação entre pessoas com formação e especialização diferenciadas tem um grande potencial. A proximidade geográfica facilita e promove interações entre os grupos. Em muitos casos, os contactos informais, os encontros no bar, ou na “smoking room” são catalisadores de grandes colaborações.
4. A obra Inteligência Artificial: Uma abordagem de aprendizado de máquina, que escreveu em coautoria com investigadores brasileiros, está na origem tanto do prémio Jabuti, como desta distinção para “Fora de Série”. Esperava que este trabalho alcançasse este tipo de impacto?
Só soube da relevância do prémio depois de ter sido nomeado. Foi completamente inesperado. É o reconhecimento de muito empenho e trabalho árduo.
5.Terminaremos este questionário, pedindo que comente a nomeação do Coordenador do LIAAD, Alípio Jorge.
Para além da enorme produção científica e da dinamização que consegue dentro do LIAAD, o João Gama venceu o prémio literário Jabuti no Brasil, na categoria de Tecnologia e Informática. O Prémio Jabuti, que foi entregue a 28 de novembro de 2012, é o mais importante prémio literário do Brasil, promovido pela Câmara Brasileira do Livro. Engloba várias categorias, desde romances a livros didáticos e técnicos.
A conquista deste prémio surge na sequência da publicação da obra Inteligência Artificial: Uma abordagem de aprendizado de máquina, escrita em coautoria pelo João. A versão portuguesa da obra, Extração de Conhecimento de Dados, foi recentemente publicada em Portugal pela Sílabo.
Agradeço as palavras do Coordenador do LIAAD. Este Laboratório desempenhou um papel muito relevante na minha formação e investigação. É gratificante vermos o nosso trabalho reconhecido. Volto a afirmar a contribuição determinante das pessoas com quem trabalho e gostaria de realçar o papel da Márcia Oliveira na versão portuguesa desta obra. Tenho também de agradecer à minha esposa e filhos, pelo apoio constante.
JOÃO FALCÃO E CUNHA
1. O que significa para si este reconhecimento público do INESC TEC?
A distinção que agora foi atribuída é a prova da excelente atividade e colaboração internacional da equipa de investigação em que o INESC TEC está envolvido, no âmbito do IBM CAS Portugal. Resulta de projetos com projeção e impacto global e em que estão envolvidas muitas pessoas, cuja dedicação e resultados tornaram possível, em primeiro lugar, a nomeação para o prémio e, finalmente, a sua atribuição.
Para mim significa simultaneamente uma enorme satisfação, visto que é sempre agradável receber um prémio, e responsabilidade, para garantir que os próximos passos sejam no sentido da melhoria continua, da criatividade e da inovação, mantendo o interesse dos colegas, da IBM e de muitas outras organizações naquilo que fazemos.
2. Em que medida a investigação que desenvolve na Unidade de Gestão e Engenharia Industrial - UGEI/INESC TEC enriquece a sua atividade enquanto docente do Ensino Superior?
Talvez devido às pessoas com quem aprendi, e que muito contribuíram para o que hoje sei e o que hoje sou, considero que o trabalho teórico e prático devem andar muito próximos. Nas áreas de conhecimento em que dou aulas, nomeadamente Sistemas de Informação, é sem qualquer dúvida fundamental ter experiência e conhecimento sobre o funcionamento das organizações. Os projetos de investigação em que participo envolvem sempre organizações externas e a UGEI/INESC TEC facilita claramente a interação externa, oferecendo um ambiente de estímulo à inovação. Quando é possível apresentar exemplos reais, casos surpreendentes em empresas ou desafios reais nos projetos de investigação internacionais, a atividade docente é mais satisfatória para mim como professor, e julgo que os estudantes compreendem melhor o que os espera e podem assim ser motivados a ter um bom desempenho.
3. De que forma é que as competências da UGEI e do restante Laboratório Associado se podem complementar, no sentido de aumentar a competitividade das candidaturas a projetos europeus?
Julgo que o sucesso de uma candidatura a um projeto europeu requer excelência: no trabalho passado, na ideia, no consórcio, nos investigadores envolvidos, no conhecimento dos programas europeus de apoio à investigação e no relacionamento com a Comissão Europeia. Tem de ser um trabalho de equipa. Dada a experiência e sucesso do INESC TEC em projetos europeus, julgo que a UGEI pode contribuir e beneficiar com um trabalho conjunto para aumentar a competitividade, traduzida em melhores candidaturas e melhores resultados.
4. Foi distinguido com um Faculty Award da IBM, pela segunda vez. Para esta distinção pesou o trabalho que tem vindo a desenvolver no Centro de Estudos Avançados (CAS) da IBM na área das Smart Cities. Que marco destacaria no percurso do CAS em 2012?
O IBM CAS Portugal e os seus investigadores têm desenvolvido e colaborado em projetos em diversas áreas (engenharia de serviços, sistemas inteligentes de apoio à decisão e gestão do desempenho), todas elas relevantes para o presente e futuro das cidades e das pessoas que nelas vivem ou que as visitam.
Nesse contexto, houve um grande envolvimento com a Área Metropolitana do Porto em investigação e inovação em transportes e mobilidade e em saúde. Foram desenvolvidos diversos projetos de grande impacto local, regional e nacional, relacionados com o registo eletrónico de saúde, com a melhor utilização de recursos dos hospitais e com a melhor gestão dos centros de saúde, por exemplo. De forma resumida, todos eles marcaram o ano de 2012.
5. Terminaremos este questionário, pedindo que comente a nomeação da coordenação da UGEI.
O Professor João Falcão e Cunha foi o principal impulsionador do Mestrado em Engenharia de Serviços e Gestão (MESG) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, na altura um projeto pioneiro na Europa. O Professor é o diretor deste mestrado desde o seu lançamento.
O seu contributo em termos pedagógicos e de investigação para a área da SSME – Service Science, Management and Engineering, justificou, em 2009, o reconhecimento da IBM com o Faculty Award. Voltou agora a ser contemplado com o mesmo prémio, desta vez pelo seu papel fulcral no lançamento e na gestão do único centro de estudos avançados da IBM em Portugal (IBM-CAS), que se centra na SSME e na temática das Smart Cities. A UGEI e os seus investigadores têm beneficiado (e muito) da sua pro-atividade em várias frentes.
Acho que foi mesmo a tempo… Com tantos colegas “Fora de Série” na UGEI, sobretudo os mais novos - que estão a ficar menos novos, mas mais experientes a cada dia que passa :-), penso que foi mesmo a minha última oportunidade para ter estes 5 minutos!