Offside
Fora de Série

"O INESC Porto é a minha carreira… Sempre me senti muito bem e extremamente realizado aqui pelo que nunca tive vontade de mudar." Luís Seca

A Vós a Razão

"Vou escrever sobre um tópico central a um artigo do blog “CiênciaHoje”, intitulado “Os cérebros já não fogem" (...) Como fui um dos “cérebros” que “fugiu” e estou agora com (quase) 37 anos, eis uma reflexão sobre o assunto." Rute Sofia

Asneira Livre

"Em 2007, verde como uma alface e com vontade de mudar o mundo, cheguei a esta mui nobre instituição, para colaborar (...) num projecto que ficou conhecido internamente como o “projecto das vacas” (...) tive direito a assistir a uma ordenha às 6h da manhã, e julgo ter sido esta a primeira vez que pensei “Consultor sofre…”.." Paula Gomes

Galeria do Insólito

O INESC Porto atingiu nos últimos tempos o auge do seu mediatismo... Ele é o Barack Obama que nos contrata, ele é a nossa Sónica Pinto a arrasar num jornal lido diariamente por um milhão e 14 mil pessoas. Onde iremos parar?

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC Porto...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC Porto, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

Não é um adeus, é um até já!

1.Um quarto de século dedicado ao INESC Porto que agora termina. Valeu a pena?
É verdade que é um quarto de século de dedicação ao INESC Porto, mas não termina nem o INESC Porto nem a minha dedicação. Termina apenas o meu envolvimento a nível de Direcção.
Quanto ao ter valido a pena eu acho que sim. Tudo mudou neste quarto de século na Universidade, na sociedade, na indústria e na I&D nacional e nós demos a nossa contribuição, primeiro no INESC no seu todo e agora como organização autónoma INESC Porto, contribuição que considero consistente e importante no contexto nacional.
Quando iniciámos fizemo-lo em ruptura com a cultura existente nas Universidades, de forma que se revelou importante na aceleração da mudança que entretanto nelas se verificou. Hoje, após mudanças tão profundas na Universidade e na I&D nacional nestes últimos 25 anos, nós evoluímos também e continuamos a defender uma cultura de valorização dos nossos resultados de investigação em termos que ainda são de ruptura no contexto nacional. Essa postura de abrir caminhos novos foi sempre o que me atraiu no projecto INESC e que me leva a dizer que valeu a pena.

Destaque 1

2.Algum dia vai conseguir deixar de ter as preocupações de Director relativamente ao INESC Porto?
Espero que sim. Serei um observador atento e emocionalmente envolvido sempre pronto a ajudar, mas espero não carregar comigo as preocupações pois tenho plena confiança na actual Direcção.

3.Foi com a sensação de “dever cumprido” que tomou a decisão de se afastar da Direcção do INESC Porto?
Não diria dever cumprido mas há que dar lugar a outros com mais genica e mais capazes de fazer as tais rupturas de que falei no início. A idade leva-nos a moderar expectativas e ambições e isso é mau deste ponto de vista.

 Destaque 2

4.Se há 25 anos o INESC do Porto era unicamente um “pólo” do INESC de Lisboa, hoje é o maior de todos os INESC’s. Se pudesse destacar três momentos-chave na conquista desta posição quais seriam?
O primeiro momento correspondeu ao fim do projecto SIFO a que não conseguimos dar continuidade operacional, pois os operadores estavam já em profunda transformação e os projectos nacionais dedicados ao desenvolvimento de tecnologia nacional deixavam de fazer sentido. Toda a capacidade da equipa de desenvolvimento, uma boa e corajosa equipa com experiência adquirida muito relevante, foi então colocada ao serviço da preparação de candidaturas a projectos Europeus em que conseguimos grande sucesso e isso foi essencial para garantir o futuro da actividade no Porto.
O segundo foi claramente o momento difícil que o INESC no seu todo atravessou no final da década de 90 que veio a conduzir à profunda reestruturação levada a cabo pelos associados. Sentíamo-nos particularmente frágeis no momento em que essa discussão teve lugar porque a estrutura de gestão era completamente centralizada no INESC e isso não permitia que conhecêssemos completamente as nossas contas. Éramos muitas vezes acusados de ser os causadores do “buraco financeiro” do INESC. Não nos parecia possível, mas não podíamos provar que não era assim. Para além do papel essencial que nessa altura teve o Pedro Guedes de Oliveira em todas a discussões com os associados não posso deixar aqui de referir o papel essencial de reengenharia daquilo que viria a ser a estrutura do INESC Porto que foi desempenhado pelo Dr. Luciano Tavares, na altura membro da Direcção do INESC mas residente no Porto.

Destaque 3
O terceiro momento foi aquele em que defendemos e conseguimos avançar com a criação de uma estrutura autónoma no Porto, o INESC Porto, sob a liderança do Pedro Guedes de Oliveira. Pudemos assim provar (a nós próprios talvez em primeiro lugar!) que éramos capazes autonomamente de montar, gerir e definir uma estratégia, pondo um ponto final a todas as dúvidas que nos eram levantadas. Curiosamente, de todos os INESC’s então criados fomos aquele que herdou a estratégia do INESC original e que a desenvolveu e consolidou.

5.Mas certamente que houve momentos difíceis. Em alguma altura sentiu que o sonho de criar esta instituição, pois o Professor Pimenta Alves foi uma das figuras que fez nascer o INESC Porto, estivesse em perigo?
Confesso que o segundo momento, dos que atrás referi, foi o mais difícil pois existiam muitos factores que não podíamos controlar. O INESC era muito grande, havia muitos interesses em jogo e nesse contexto é muito difícil e perigoso navegar.

Destaque 4

6.O Professor Pimenta Alves é uma das figuras mais emblemáticas da história do INESC Porto e protagonizou alguns dos momentos gloriosos da nossa história. Exemplo disso é projecto SIFO “Rede de Serviços Integrados por Fibra Óptica”, muitas vezes referenciado como a base da instituição que é hoje o INESC Porto, tendo inclusivamente financiado a instituição durante anos. Coube ao Professor liderar este projecto, no âmbito do qual se trabalhou pela primeira vez com fibras ópticas em Portugal. Olhando para trás, em 1985 quando se lançou no projecto, imaginava que este fosse ter um papel tão decisivo para o INESC Porto?
Sabíamos que ia ser importante pois a ideia de que o projecto permitisse criar uma actividade sustentável de I&D no INESC no Porto esteve presente desde o início. Não tínhamos contudo a ideia da dimensão que iríamos atingir nem conhecíamos ou antevíamos a forma drástica como o mundo das telecomunicações iria evoluir. Desse ponto de vista revelou-se essencial o facto de, desde o início, termos dado particular importância ao desenvolvimento de actividades em sectores exteriores às telecomunicações.

Destaque 5
Nesta fase de início do INESC no Porto há duas pessoas incontornáveis na nossa pequena história que são o José António Salcedo e o Joaquim José Borges Gouveia. O primeiro, que foi o chefe do projecto SIFO no seu arranque, teve um papel essencial pelo seu entusiasmo no desenvolvimento do projecto INESC, pelas ligações que possuía nos EUA, pela sua paixão pelas fibras ópticas e pelos MAC’s, foi por isso muito importante a sua contribuição no arranque da actividade, na criação de entusiasmo nas equipas e nos operadores nossos clientes. O “QuinZé” foi particularmente importante pela forma como abriu o INESC a outros sectores que vieram a ser essenciais para o nosso futuro. E só estou a lembrar nomes dos que comigo estiveram envolvidos na Direcção do INESC no Porto mas há muitos outros que assumiram responsabilidades e tiveram contribuições enormes para que chegássemos onde estamos hoje.
A mim coube-me o papel de criar competências em diversas áreas até então não cobertas no Porto desde a electrónica rápida, essencial à realização dos protótipos, aos sistemas de comunicação, redes com integração de serviços, áudio e vídeo digitais, entre outras. Fi-lo atraindo ao projecto pessoas que assumiram áreas com responsabilidade muito além daquilo que seria exigível. Vejo hoje que esta estratégia arriscada de criação de competências tão alargadas teve sucesso e foi a base sólida com que partimos para a fase seguinte ao SIFO, de afirmação europeia em concorrência com outras unidades de investigação de Universidades e empresas dos países participantes.

Destaque 6 

7.25 anos depois, o INESC Porto transformou-se na instituição em que sempre sonhou? Qual é a sua avaliação do nosso momento actual?
Excedeu todos os meus sonhos de 85!
Vejo o INESC Porto hoje como uma instituição cheia de capacidades ainda não exploradas, que tem sido solicitada em demasiadas direcções, mas que pode e sabe construir as parcerias necessárias para atacar novos desafios e assim se tornar cada vez mais indispensável.

8.E daqui a 25 anos? Que objectivos gostaria ver cumpridos pelo INESC Porto?
Se daqui a 25 anos vir alguma coisa já não é nada mau! Fazer previsões a 25 anos neste jogo é muito difícil. Que vai suceder à Europa? À indústria Europeia? E à Fundação U.Porto?
Tudo aponta para uma Europa que aposte na inovação e por isso estou seguro que o INESC Porto está bem colocado para desempenhar um papel relevante nesse âmbito daqui a 25 anos. Mais do que isso não sei dizer!

9.Apesar de deixar a Direcção do INESC Porto, a sua ligação não se extingue. Qual vai passar a ser o seu papel?
Vou continuar a apoiar o INESC Porto no papel de consultor da DIP (Direcção do INESC Porto) por isso estarei em todos os projectos que a DIP entender que eu apoie e em que eu me sinta capaz de dar o meu contributo.
Continuarei ainda activo na Universidade onde espero vir a apoiar essencialmente o pólo das indústrias criativas, e que o INESC Porto terá claramente um papel importante a desempenhar.

Destaque 7

10.Finalizaremos esta entrevista, pedindo-lhe que deixe uma mensagem aos colaboradores do INESC Porto, para os quais nunca deixará de ser motivo de orgulho.
O INESC no Porto começou a partir de uma pequena equipa com lideranças intermédias ao nível científico mas sem estrutura hierárquica de gestão. O aumento da dimensão que depois se verificou tornou inevitável que, para chegarmos ao ponto em que nos encontramos, se criasse uma estrutura e se adoptassem procedimentos que muitas vezes tocam as raias da burocracia. É essencial, para que o sucesso se possa manter, que esta estruturação não ponha em perigo uma forte interacção entre a Direcção e todos os investigadores e staff de apoio pois é desta interacção que resulta uma estratégia sólida. A riqueza do INESC Porto resulta do trabalho, da criatividade deste colectivo e da diversidade de pontos de vistas.
Por tudo isto acho que o conselho mais importante para todos os “inesquianos” deve ser: não se deixem funcionalizar. Todos são co-responsáveis na construção do INESC Porto de amanhã e devem contribuir com as suas ideias para a consolidação da estratégia e dos desafios que colocaremos a nós próprios no futuro.

Professor Pimenta Alves em três palavras

Pedro Guedes de Oliveira (antigo Presidente do INESC Porto e actual Consultor da DIP)
Inteligência, Cultura, Profundidade
Manuel Barros (investigador INESC Porto/UOSE)
Competente, Amigo, Trabalhador

Graça Barbosa (responsável DIL)
Caloroso, Curioso, Amigo (das artes e dos artistas)

Eunice Ferreira (Contabilidade/DIL)
Afável, Impecável, Imperdível

Aníbal Ferreira (investigador INESC Porto/UTM)
Optimista, Visionário, Empreendedor

Teresa Andrade (investigadora INESC Porto/UTM)
Eclético, Visionário, Entusiasta

Flávia Ferreira (secretária do Prof. Pimenta Alves durante 12 anos)
Líder, Amigo, Singular

Sandra Pinto (responsável S. Comunicação)

Criativo, Determinado, Humano