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Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - Testemunho da PHC, pela voz de Paulo Costa.

Fora de Série

"No INESC Porto sinto essa responsabilidade dado que é uma instituição de I&D de referência a nível nacional e internacional, em especial a USE pela importância dos diversos projectos em que se encontra envolvida e pela dimensão das empresas que confiam recorrentemente na capacidade técnica da Unidade", Ricardo Rei

A Vós a Razão

"(...) como cientistas temos a responsabilidade de, pelo menos, tentar ajudar a ciência como um todo a evoluir melhor e mais rapidamente", Luís Torgo

Asneira Livre

"Na USE, também podem ser ouvidas, em simultâneo, conversas com um dialecto bastante estranho que, na realidade parece russo! Palavras como “Dobro jutro” e “Kako si” são regularmente ouvidas", Bernardo Silva

Galeria do Insólito

Saiba como conseguir projectos, mesmo sendo expulso da reunião. Foi o que aconteceu a um dos nossos investigadores...

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC Porto...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC Porto, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

25 anos de história, 25 anos de conquistas

Revisitando a história na celebração do 25º Aniversário do INESC na Invicta

O INESC celebra em Maio de 2010 o vigésimo quinto aniversário de presença na cidade do Porto. Foram 25 anos de história, de luta e de sucessos a que o BIP dedica agora um Destaque, que conta com o testemunho de alguns dos participantes na constituição do INESC no Porto. O BIP falou com parte dos autores da revolução que trouxe a ciência e excelência para a Invicta: José Tribolet, fundador e actual presidente do INESC, José Salcedo, o primeiro director do INESC no Porto, Manuel Barros, na altura responsável pela linha de electrónica do Grupo de Optoelectrónica, e Alírio Rodrigues, na época Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Eles explicam-nos as histórias por detrás da história e falam-nos das “reuniões da conspiração” que levaram à constituição de uma das mais importantes instituições de I&D do país.

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As histórias por detrás da história

Tudo começou numa noite de Verão no ano de 1979 com a visita de José Tribolet a casa de José Salcedo, na altura a viver em Palo Alto, na Califórnia, onde estava a fazer um pós-doutoramento. No decorrer das longas horas de conversa, José Tribolet lança um desafio surpreendente a José Salcedo: regressar ao Porto e ajudá-lo na criação do INESC no Porto. Este convite surgiu, de acordo com José Tribolet, da “constatação da existência de um número considerável de jovens doutorados no estrangeiro, nos anos 70, com conhecimentos relevantes para as telecomunicações nacionais, que se adivinhava estarem prestes a sofrer profundas transformações do analógico para o digital, com suporte em infra-estruturas electrónicas e ópticas e uso intensivo de computadores”, esclarece.

Estando já há seis anos a viver na Califórnia e habituado a uma oferta permanente dos então “Bell Labs”, José Salcedo confessa que o projecto lhe pareceu “suficientemente louco para ser credível”, mas ficou “a pensar no assunto”. Assim, em 1981, decide regressar ao Porto e começa aqui a aventura: arrancam as “reuniões de planeamento, que envolveram os colegas da Física Manuel de Barros e António Pereira Leite. Estávamos a arrancar com o Grupo de Optoelectrónica [Faculdade de Ciências da Universidade do Porto – FCUP], tínhamos alunos excepcionais - como o José Luís Santos e outros - e a ciência e tecnologia com que estávamos a arrancar parecia fazer sentido para um futuro INESC no Porto”, afirma.

E foi na área da física que tudo começou “com os primeiros projectos financiados pelo INESC Lisboa e por operadoras de telecomunicações, um dos quais sendo o primeiro contrato que uma operadora de telecomunicações fez com uma entidade universitária”, revela José Salcedo, e, em 1983, “já tínhamos dimensão que justificava algo mais”, acrescenta. Em conjunto com os colegas da FEUP, Joaquim Borges Gouveia e Artur Pimenta Alves, começam as reuniões com o então Secretário de Estado das Comunicações, Raul Junqueiro, para um projecto de grande dimensão que justificasse e polarizasse o arranque do INESC no Porto. Assim nasceu o Projecto SIFO (Sistemas Integrados em Fibra Óptica). “Com este projecto, o nosso laboratório de óptica deixa de ser suficiente. Era necessária uma estrutura mais formal”, explica Manuel Barros. Depois disso, tem lugar uma reunião com Alírio Rodrigues, na altura Presidente do Conselho Directivo da FEUP e com Oliveira Ramos, antigo Reitor da Universidade do Porto, onde se pretendia garantir o apoio da Universidade à criação do INESC no Porto, algo que, de acordo com Alírio Rodrigues, “era pacífico do lado da FEUP, mas podia ter alguma areia na engrenagem do lado da Reitoria, ainda que não da parte do Reitor”. Mas com argumentos convincentes, o apoio foi conseguido e assim avança o INESC no Porto, já com o aval da Universidade do Porto.

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As reuniões da conspiração

No sentido de levar a cabo o ambicioso projecto SIFO, os “conspiradores” reuniam-se, ora no Porto, nas casas de José Salcedo ou de Borges Gouveia, ora em Lisboa, nas casas de José Tribolet ou de Lourenço Fernandes (ambos do Instituto Superior Técnico – IST), um interveniente entretanto falecido. Estas eram as chamadas “reuniões da conspiração”, onde se discutiam e planeavam assuntos, tais como conseguir um financiamento de cerca de 1,5 milhões de Euros para o arranque do processo, “coisa que as operadoras de telecomunicações nunca nos perdoaram por os termos literalmente forçado a fazer, pela via política”, revela José Salcedo. De acordo com Manuel Barros, uma das coisas que tinha aprendido enquanto estudou em Inglaterra era “como arranjar dinheiro para projectos". Ainda assim, Pinto de Basto, na altura director do CET [Centro de Estudos de Telecomunicações] em Aveiro, a quem foi apresentado o projecto, "estava muito céptico em relação às fibras ópticas e inicialmente não quiseram avançar, mas passado algum tempo, foram eles a vir ter connosco”.

Ao mesmo tempo, nestas reuniões discutia-se ainda como seria possível herdar todo o precioso equipamento de fibras ópticas do Instituto das Comunicações (IDC), que então se estava a formar nas operadoras de telecomunicações, no Porto, considerando que o instituto iria ser extinto mais cedo ou mais tarde; como acalmar os dirigentes universitários sobre as boas intenções que o grupo tinha, ou como criar espírito de equipa entre todos. Este processo de reuniões ficou conhecido pela designação “Inescar”. Tanto que os colegas “nos perguntavam, mesmo quando tínhamos reuniões, se nós íamos Inescar”, revela, entre risos, Manuel Barros.

E foi assim, afirma José Tribolet, “da conjugação entre pessoas, em rede, do alinhamento de interesses, pessoais e profissionais, e de ressonância de objectivos e visões, nomeadamente do papel activo da universidade, do ensino, da investigação e da inovação em prol do País e das suas gentes e regiões, que nasceu a vontade colectiva, a dinâmica e a «conspiração activa», que levou ao desenvolvimento de grupos de ID do INESC no Porto, na FCUP e na FEUP e, mais tarde, à criação da delegação INESC Norte, que veio a dar origem ao INESC Porto, já como instituição autónoma, anos mais tarde”.

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INESC Norte e o caminho para a excelência

De acordo com José Tribolet, os objectivos da formação do INESC Norte eram duais. Por um lado, “eram de âmbito global, idênticos aos de Lisboa – proporcionar uma plataforma útil, flexível, rigorosa das forças de modernização da Universidade servirem o desenvolvimento do País, com autonomia, isto é, assumindo responsabilidade plena pela sua actuação e pelo seu financiamento no mercado, incluindo o público, evidentemente, num espírito bem diferente do funcionalismo público e do vivido nos Laboratórios do Estado e da Universidade Pública”, explica. Por outro lado, “eram de âmbito regional, isto é, contextualizados no seu habitat, na economia, nas empresas e nas realidades da região Norte”, acrescenta.

Mais do que isso, como afirma José Tribolet, o INESC Norte sempre “protagonizou uma postura comprometida com o desenvolvimento da sua região, de uma forma não provinciana, porque desde sempre esteve aberto à economia mundial e às realidades científicas e tecnológicas globais”. No entanto, esteve “sempre particularmente focalizado na realidade das PME [Pequenas e Médias Empresas], nomeadamente industriais, tão predominantes na região Norte”, acrescenta. A implantação do INESC na cidade do Porto resultou, então, “da maturação do papel nacional e regional que o sistema INESC, como ferramenta do sistema universitário podia  e devia desempenhar no desenvolvimento de Portugal”. Este processo teve “continuidade na implantação posterior do INESC em Coimbra, em Aveiro, em Braga e em Macau, adianta José Tribolet. Para além disso, o INESC Porto tem sido sempre capaz de se renovar e expandir e, de acordo com Alírio Rodrigues, “ao que julgo saber, está numa fase de internacionalização activa e é uma instituição dinâmica na procura de financiamentos”.

O INESC Norte, que adquiriu em 1998 a designação de INESC Porto, com o passar dos anos conseguiu tornar-se “detentor de um património valiosíssimo de Conhecimento e Capital Humano da área industrial, ímpar em toda a universidade portuguesa”, assume José Tribolet. Neste caso particular, “há que relevar o papel determinante neste domínio de José Manuel Mendonça, que em boa hora regressou à casa, após uma «sabática» frutífera, e sucedeu na Presidência a Pedro Guedes de Oliveira, dinamizando assim o ciclo de vida das lideranças, tão essencial para a vitalidade das instituições", acrescenta ainda.

E venham mais 25 anos!

Em jeito de celebração, José Tribolet, José Salcedo, Manuel Barros e Alírio Rodrigues não quiseram deixar de passar a ocasião sem deixar uma mensagem de parabéns e encorajamento aos colaboradores do INESC Porto. É tempo de festa! E venham mais 25 anos!

José Tribolet

José Tribolet: “Em primeiro lugar: Obrigado a todos. Guiem a vossa actuação profissional e pessoal por Valores. O vosso trabalho – na produção de pessoas, de conhecimento, de produtos e serviços – tem relevância não apenas pelos resultados finais, mas também pela forma, pelos processos seguidos para os alcançar. Trabalhar de forma honesta, com rigor, com responsabilidade, com generosidade, com paixão. Ser um exemplo para os outros, estar atento particularmente para os mais novos! Apostar na criação de outros melhores que nós. Ser corajoso e perseverante na prossecução dos objectivos.  A construção de um Portugal melhor implica muito mais que Economia - passa pelo apuramento genético de cada um de nós. E da nossa Sociedade. E que os mais experientes e maduros  aceitem Servir, em lugares de maior responsabilidade no INESC Porto! Porque há sempre a tentação de ficarmos quentinhos e confortáveis no nosso cantinho.  Acreditem: o Futuro nunca é o prolongamento linear do Passado”.

José Salcedo

José Salcedo: “Gostaria de deixar três mensagens: apenas façam aquilo de que verdadeiramente gostam, porque só assim conseguem ser suficientemente resilientes para fazer face às dificuldades com que se vão deparar pela vida fora até serem mesmo bons e até se sentirem bem convosco; reinventem-se por completo a cada cinco anos; e o futuro não acontece simplesmente, mas constrói-se. Parabéns e um abraço para todos”.

Manuel Barros

Manuel Barros: “A Evolução do INESC Porto até agora não envergonha o pai, muito pelo contrário. Continuem rapazes! Preocupem-se em fazer bem o que fazem, o resto depois aparece. Façam coisas que valham a pena. E façam bem o que têm de fazer. Afinal, whatever is worth doing at all, is worth doing well”.

Alírio Rodrigues

Alírio Rodrigues: “Espero que nos próximos 25 anos a Ciência produzida no INESC Porto seja visível nas revistas da especialidade mais relevantes e que a Tecnologia desenvolvida dê origem a empresas sustentáveis. Esse será o melhor contributo que o INESC Porto pode dar ao País neste período difícil da ressaca das decisões obscuras do passado em que não se quantificou (ou não se mostrou) o impacto futuro nas contas”.