A Vós a Razão
Vídeovigilância: novos desafios
Por Lucian Ciobanu*
Estou no INESC Porto há mais de oito anos e aceitei este convite para escrever algo sobre mim, sobre o meu trabalho na Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) e a minha visão sobre a atividade de investigação em que estive envolvido durante estes anos.
Além do ambiente relaxado, do espírito de entreajuda entre colegas e da partilha de conhecimento científico, todos eles fatores positivos para os resultados de investigação, foram os projetos que deram um contributo significativo à minha formação científica. A atividade foi bastante variada, abrangendo várias áreas multimédia, desde sistemas de indexação de vídeo e pesquisas em bases de dados multimédia, passando depois para serviços de distribuição e adaptação dinâmica de conteúdo áudio-visual e proteção do mesmo. Mais tarde segui o doutoramento na área da codificação distribuída de vídeo, orientada a ambientes de vídeovigilância com uma densidade elevada de câmaras de vídeo, focado na eficiência global da codificação, dada a redundância visual entre as várias vistas.
Recentemente comecei uma nova colaboração no âmbito de um projeto QREN denominado ROBVIGIL, que pretende desenvolver um robô vigilante inovador, capaz de assegurar tarefas potencialmente perigosas para o homem, visto como um importante acréscimo de segurança. Apesar de o trabalho se manter no mesmo contexto da vídeovigilância em ambientes de múltiplas câmaras, com particular ênfase para a mobilidade das câmaras e autonomia, para mim é um novo desafio passar da codificação de vídeo para o seguimento e identificação de pessoas.
A parte de processamento de vídeo em que estou envolvido, juntamente com o meu colega Pedro Carvalho, apresenta para mim uma grande motivação mas também uma certa curiosidade científica. O robô pretende assegurar as suas tarefas até em condições de ausência total de luz e, consequentemente, serão usados pela primeira vez na nossa área alguns equipamentos mais sofisticados. Uma câmara térmica servirá para captação da radiação infravermelha emitida pelo calor do corpo humano. Adicionalmente, um projetor de luz infravermelha (invisível ao olho humano) será utilizado para iluminação do ambiente monitorizado, de uma forma discreta, as imagens captadas sendo processadas em tempo real por uma câmara dedicada de alta definição.
O maior desafio foi adquirir os conhecimentos técnico-científicos sobre este novo “mundo infravermelho”, necessários para a adaptação das técnicas de processamento de imagens que até o momento foram usadas em imagens convencionais. Acho uma experiência interessante que abre novas perspetivas à nossa área.
Além dos parceiros do setor privado como a Clever House – Sistemas Inteligentes, Lda, a Strong Segurança, S.A. e a Si Sinepower Consultoria, Projetos de Engenharia Eletrónica, Lda., tenho o prazer de colaborar neste projeto com os meus colegas da parte de redes da UTM e com a Unidade ROBIS (Unidade de Robótica e Sistemas Inteligentes). Considero benéfica esta colaboração interunidades e tivemos até ao momento várias trocas de ideias frutuosas em relação à especificação do robô.
*Colaborador na Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM)