Asneira Livre
“À Descoberta Do Meu Lado Empreendedor”
Por Raquel Pestana*
Mais um ano, mais uma renovada experiência.
A convite do INESC Porto, voltei a aceitar orientar os estágios Ciência Viva, este ano sob o tema “À Descoberta Do Meu Lado Empreendedor”, dando a conhecer processos e métodos para a criação de um mini plano de negócios para uma nova empresa de base tecnológica.
A duração do nosso programa foi, mais uma vez, curta para objetivos tão elevados. No entanto, o grupo de trabalho uniu forças para combater o tic tac sempre presente dos relógios e ainda conseguiu arranjar tempo para se divertir um pouco e conhecer alguns dos “cantinhos” da nossa cidade.
Ao longo da semana os alunos tiveram possibilidade de conhecer as Unidades de investigação do INESC Porto, interagir com os investigadores que, simpaticamente, lhes apresentaram diversos projetos com implementação no mercado e puderam, em alguns casos, fazer alguma revisão das matérias aprendidas no secundário.
Neste programa pretendeu-se desenvolver a capacidade empreendedora dos alunos participantes através de uma nova conduta orientada para a capacidade de tomar riscos. O poder de iniciativa e os resultados obtidos derivados da aquisição de uma nova perspetiva do mercado e o seu modo de funcionamento facilitaram o amadurecimento de ideias e visões que fazem destes jovens, hoje, potenciais elementos geradores de inovação no futuro.
Em apenas uma semana de trabalho árduo, os alunos que se propuseram a participar neste projeto “À Descoberta Do Meu Lado Empreendedor” demonstraram:
- ousadia nas escolhas que fizeram ao logo do processo;
- visão na idealização de produtos já conhecidos pelo mercado agora reinventados através de grandes ideias de produto e negócio;
- autonomia na busca por informação relevante para sustentar o projeto desenvolvido;
- capacidade de trabalho em equipa essencial para a atingir os objetivos;
- conhecimento das matérias aprendidas na escola, aplicadas agora a novas soluções tecnológicas;
- capacidade técnica na argumentação e defesa das soluções encontradas;
- flexibilidade na interação entre os grupos e na procura de ramificações do negócio para cada um dos projetos desenvolvidos.
Sabendo que não existe idade pré-determinada para ser empreendedor, estes seis jovens, abriram-se à aventura de, a partir de necessidades previamente identificadas, encontrar “a oportunidade” de negócio e de se sentirem capazes num futuro, ainda incerto, vislumbrar possibilidades antes totalmente desconhecidas.
Ser-se empreendedor implica preparar, estudar, analisar, antecipar tendências do mercado, conversar com outros elementos ativos em empresas e trocar experiências com o mundo. A criatividade está inerente a todo o processo de criação de um negócio/empresa de base tecnológica e o equilíbrio no processo é encontrado e potenciado com o auxílio do conhecimento, competências e qualificação de cada empreendedor.
Podemos afirmar que assistimos a uma mudança no perfil dos jovens estudantes portugueses quando identificamos um maior sentido de “querer mudar o mundo” ou a realidade que nos envolve. Cada vez mais verificamos que as camadas mais novas sentem a responsabilidade de participar ativamente nos processos de mudança económica, dando o seu contributo de forma ativa e empreendedora.
Estes jovens aprendizes e com pretensão a cientistas, nossos representantes no futuro, querem “mergulhar” nas origens da ciência e aprofundar as infinitas possibilidades de transferir esses mesmos conhecimentos para a realidade.
É da nossa competência facultar-lhes experiências e assegurar as ferramentas que os preparem para um futuro tão ambicionado porque as instituições de investigação e desenvolvimento (I&D), bem como, as Pequenas e Médias Empresas (PME) nacionais serão o veículo transportador destas “mentes brilhantes”.
*Formadora do Estágio Ciência Viva