Asneira Livre
Uma Espécie de regresso às origens
Por Márcio Ribeiro*
Foi com grande admiração que recebi o convite para escrever este artigo para o BIP, pois quando vi que o remetente do e-mail era o Serviço de Comunicação não esperava que tal convite me fosse alguma vez feito, mas antes se tratasse de um dos seguintes assuntos:
- Distinção mensal como Fora de Série;
- Comunicação de que novas e confortáveis cadeiras chegariam;
- Informação de que a Troika passaria a exigir o fim do estatuto de BI por se tratar de uma situação precária;
- Informação de que não receberia mais e-mails de Adriano José Cerqueira;
- Pedido para utilização de calções e t-shirt enquanto o AC não funcionar como deveria nestes dias mais quentes.
Perante estes tão prováveis assuntos, quem imaginaria que se fosse tratar de um convite para escrever um artigo para o BIP?!
Num espaço dedicado à Asneira Livre, terei a prudência de não abusar do respetivo título, sob pena de com isso tornar este tópico semelhante aos comentários futebolísticos que se encontram em todo e qualquer bom blog de futebol. Falarei, por isso, do momento da minha chegada ao INESC Porto, volvidos hoje mais de 365 dias de pura dedicação.
Antes de contar a história propriamente dita, importa referir as minhas origens para que se perceba o que de caricato há nesta história. Com o nome de Márcio Lunardelli Ribeiro, eu sou aquilo que se pode considerar uma consequência do efeito da globalização sobre a sociedade. Embora tenha sido o Brasil o país que me viu nascer, foi Portugal que me ensinou a Língua de Camões depois de com apenas 2 anos de idade eu ter feito o percurso inverso ao de Pedro Álvares Cabral, quase 400 anos depois, desta feita num Boeing 747. A acrescentar, o sobrenome é de origem italiana, o que faz de mim um dos 25 milhões de brasileiros com ascendência italiana, contabilizando assim a maior população de origem italiana fora da Itália.
Voltando à descrição do momento da minha chegada ao INESC Porto, foi incrível e inesperado começar a trabalhar num local onde em vários cantos da USE se ouve falar português com o dialeto daquele "pequeno país" da América do Sul. Ainda mais surpreendente foi encontrar colegas gaúchos (nascidos no Rio Grande do Sul), com uma cuia de chimarrão na mão (tradição gaúcha), algo que em Portugal apenas tinha visto os meus pais fazerem. Sentindo-me cada vez menos distante do Brasil enquanto trabalho, começarei a trazer também, a minha cuia para tomar chimarrão quando o tempo estiver mais frio, sem que isso seja uma novidade dentro da USE e cause estranheza.
*Colaborador na Unidade de Sistemas de Energia (USE)