Fora de Série
Este espaço destina-se a prestar homenagem a um colaborador que mensalmente se distinga com especial relevo na sua atividade. A escolha final é da responsabilidade da Redação do BIP mas a colaboração das Coordenações de todas as Unidades é preciosa pois as sugestões e motivações são fundamentalmente da sua responsabilidade...
CLARA GOUVEIA
1. Como surgiu a oportunidade de trabalhar no INESC TEC?
Surgiu durante o primeiro ano do doutoramento, através do Prof. Peças Lopes e do Eng. Luís Seca. Comecei como colaboradora no projeto REIVE (Redes Elétricas Inteligentes com Veículos Elétricos), tendo depois integrado o projeto FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia) MG+EV.
2. Qual é a sensação de ser nomeada “Fora de Série” antes mesmo de terminar a sua tese de doutoramento?
Foi uma surpresa muito boa. É muito gratificante vermos o nosso trabalho reconhecido pelos nossos coordenadores e é, sem dúvida, um estímulo a melhorar e a manter o empenho.
3. Gosta de trabalhar na USE (Unidade de Sistemas de Energia)? Como descreveria o ambiente de trabalho na Unidade?
Como estudante de doutoramento e bolseira de investigação, é um privilégio poder trabalhar numa instituição como o INESC Porto, que me tem permitido evoluir quer pessoalmente, quer a nível profissional e científico. Tive a sorte de integrar uma equipa sempre disposta a “vestir a camisola”. Eu descreveria o ambiente da USE como profissional e exigente, mas ao mesmo tempo informal.
4.Quais são, na sua opinião, as principais mais-valias oferecidas pelo INESC TEC/USE a um investigador em início de carreira que opte por “arrancar” aqui?
Em primeiro lugar, o INESC TEC é uma instituição reconhecida quer a nível nacional, quer a nível internacional, o que à partida é uma mais-valia para qualquer investigador em início de carreira. Por outro lado, o INESC TEC oferece a oportunidade de participar em projetos nacionais e europeus, o que significa trabalhar em conjunto com outras instituições de investigação e empresas. No meu caso, o trabalho na USE permitiu-me ter acesso a informação privilegiada e a colaborar diretamente com pessoas com muita experiência na área da minha tese. Para além disso, tive ainda a oportunidade de colaborar nos primeiros passos do desenvolvimento do Laboratório de Microredes e Veículos Elétricos.
5. De que forma é que o trabalho que tem vindo a desenvolver no INESC TEC/ USE está a contribuir para a sua tese de Doutoramento?
Numa fase inicial, a participação no projeto REIVE e também no projeto FCT MG+EV contribuiu para a identificação dos problemas que poderia abordar na minha tese. No entanto, o meu trabalho de doutoramento está muito focado na validação experimental dos conceitos de Microredes integrando veículos elétricos e no desenvolvimento de novas ferramentas de gestão e controlo da rede. Como tal, o meu envolvimento no laboratório é essencial para o desenvolvimento do meu trabalho de doutoramento.
6. Considera que criação do Laboratório de Microredes e Veículos Elétricos poderá contribuir para que a USE consolide o seu posicionamento de excelência?
O laboratório oferece condições privilegiadas, muito próximas da realidade, para a validação dos conceitos já especificados em projetos europeus (MICROGRIDS, MORE-MICROGIRDS, MERGE e, por último, REIVE), bem como para o desenvolvimento e teste de novos produtos tecnológicos. Penso que o laboratório será uma mais-valia quer para novas candidaturas a projetos I&D, quer para novos serviços de consultoria.
7. Qual é o maior desafio de colaborar num projeto da envergadura do REIVE?
O REIVE é um projeto que conta com a participação de diversas empresas nacionais de referência, as quais esperam poder desenvolver novos produtos e estratégias de operação de rede com base nos resultados do projeto. Penso que este facto coloca uma responsabilidade acrescida no trabalho que desenvolvemos. No entanto, para mim o maior desafio foi lidar com a integração de todos os equipamentos no laboratório (comerciais e desenvolvidos pelo INESC Porto). O ambiente laboratorial apresenta sempre um maior risco de surgimento de imprevistos, com os quais tivemos que lidar num curto espaço de tempo. No final, considero que conseguimos ser bem-sucedidos, embora ainda exista muito trabalho pela frente.
8. Há alguma área em particular que gostaria de explorar em projetos futuros?
Neste momento, pretendo concentrar-me nos objetivos da minha tese de doutoramento e do projeto em que estou inserida, onde espero poder desenvolver novas estratégias de gestão da Microrede (tendo em conta a estrutura laboratorial). Nesta área existe ainda muito por explorar, principalmente na coordenação de todos os recursos, nomeadamente a micro-geração, veículos elétricos, gestão ativa de consumo e armazenamento de energia.
9. O seu sonho passa por seguir uma carreira académica ou pretende tentar uma experiência profissional na indústria?
Iniciei a minha carreira na indústria na área de proteção e comando de subestações. Esta experiência veio enriquecer o trabalho que desenvolvo atualmente no INESC TEC, facilitando a interligação dos conceitos teóricos com a sua aplicabilidade prática. Espero que o meu trabalho no futuro envolva a investigação com uma ligação muito próxima à indústria.
10. Terminaremos este questionário, pedido que comente a nomeação de Manuel Matos, coordenador da USE.
A Clara Gouveia é estudante de doutoramento e tem desenvolvido o seu trabalho na área da integração dos Veículos Elétricos no âmbito do projeto Microgrids+EV. Recentemente esteve também envolvida na implementação da infraestrutura laboratorial do projeto REIVE, onde participou ativamente na definição e implementação do sistema de aquisição, supervisão e controlo do laboratório de redes inteligentes com veículos elétricos. Esta tarefa culminou com uma demonstração dos resultados laboratoriais no mês de novembro, na qual teve papel relevante. Demonstrou elevado empenho e responsabilidade numa atividade exigente, tendo dedicado muitas horas de trabalho e obtido resultados de muita qualidade. Outras pessoas estiveram também envolvidas nesse trabalho com dedicação, mas a contribuição da Clara merece destaque especial.
Fico muito grata pelas palavras do Prof. Manuel Matos e espero continuar a responder à altura dos desafios que me propõem. Gostava de reforçar que o sucesso do laboratório deve-se a um esforço de toda uma equipa, que se dedicou numa primeira fase ao planeamento do laboratório e aos processos de especificação e aquisição de todos os equipamentos e, mais recentemente, à sua integração na infraestrutura laboratorial, com os protótipos desenvolvidos e todo o sistema automação, comunicação e tratamento de dados. Foi um grande desafio, no âmbito do qual alguns colaboradores da USE e da UTM (Unidade de Telecomunicações e Multimédia) dedicaram também muitas horas e empenho.