Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 700 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determina uma mudança de política editorial: partir do nº144, o BIP passará a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!).
Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, será desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM... RICARDO BESSA
1.O Ricardo Bessa está a ser eleito “Fora de Série” pela segunda vez. Este é um daqueles casos em que ser “repetente” é bom sinal?
Estar nesta rubrica é sempre um sinal público de reconhecimento do trabalho que estamos a desenvolver. As duas nomeações acabam por representar uma continuidade a nível individual, mas são também uma consequência de um esforço coletivo e do enorme valor dos antigos e atuais colaboradores da USE/INESC TEC.
2. De que forma o seu papel na Unidade de Sistemas de Energia (USE) do INESC TEC tem vindo a evoluir desde a sua primeira eleição como colaborador “Fora de Série”, em junho de 2009?
Em junho de 2009 estava prestes a começar o meu percurso como aluno de Doutoramento, isto depois de ter trabalhado três anos como bolseiro de investigação na USE/INESC TEC. Desde essa altura, a evolução tem passado essencialmente por um aumento das minhas responsabilidades em projetos. Terminei recentemente o meu Doutoramento e vejo esta fase como uma entrada na “vida adulta”, tendo a consciência de que terei de construir o meu próprio caminho cientifico e as responsabilidades serão maiores. Em resumo, a evolução está essencialmente no grau de maturidade científica e também nas novas funções que desempenho na USE.
3. O Ricardo colabora na área de previsão da USE/INESC TEC. Como caracterizaria o posicionamento atual do INESC TEC nesta área científica no contexto da I&D (Investigação e Desenvolvimento) mundial?
A área da previsão da produção renovável teve, durante os últimos 10 anos, uma evolução considerável, caracterizada por um elevado número de publicações científicas e pela criação de empresas neste sector. Atualmente é uma área de negócio que atingiu um elevado nível de maturidade, com diversos projetos europeus financiados pelos programas FP6 e FP7. Neste panorama de elevada competitividade, o INESC TEC estabeleceu vários contratos de prestação de serviço com a indústria portuguesa, ajudou a lançar uma spin-off para venda do serviço de previsão, participou em vários projetos europeus (e.g., ANEMOS.plus, SuSTAINABLE) e colaborou com o Argonne National Laboratory dos Estados Unidos da América. Trata-se de um caso singular a nível mundial. Este sucesso também representa desafios, sendo que o objetivo a curto-prazo passa por melhorar os atuais algoritmos de previsão e, a médio-prazo, apostar na previsão solar e de consumo num contexto de redes elétricas inteligentes.
4.Atualmente está envolvido em projetos europeus e em projetos de consultoria. Em qual destas áreas se sente mais confortável?
Ambas as áreas são interessantes. No entanto, os projetos europeus permitem combinar investigação científica com demonstrações/provas de conceito em ambiente industrial. Neste aspeto, os trabalhos mais gratificantes, do ponto de vista pessoal, são sempre aqueles que resultam numa publicação científica e, ao mesmo tempo, servem os objetivos de um parceiro industrial.
5. Imagina-se, no curto ou médio prazo, a assumir o papel de gestor ou responsável de um projeto europeu?
Já desempenho atualmente funções na gestão de projetos europeus em conjunto com o Professor Manuel Matos. Mas tenho como objetivo futuro assumir o papel de gestor num projeto europeu no qual tenha liderado a elaboração da candidatura.
6. Em 2009 o Ricardo Bessa afirmava que o que o motivava para continuar a trabalhar nesta instituição era a possibilidade de continuar a aprender. Para além de competências científicas e técnicas, que outras competências tem vindo a desenvolver desde que integrou o INESC Porto, em 2006?
As relações interpessoais. Na minha opinião, cada vez mais as competências científicas e técnicas não são suficientes. Atualmente um investigador sénior tem de ser capaz de gerir situações de maior stress, motivar os investigadores juniores e também lidar com os clientes.
7. Pondera tentar uma experiência profissional na indústria?
Neste momento não sinto essa necessidade. Considerando a estrutura de funcionamento do INESC TEC, e tendo em conta o elevado número de projetos com a indústria, de certa forma a experiência adquirida pelos colaboradores acaba por não ser muito diferente da adquirida na indústria. Em muitos países o modelo do INESC TEC podia perfeitamente ser considerado “indústria”.
8. Que conselhos daria a um investigador em início de carreira?
Na minha opinião, deve ser ambicioso profissional e cientificamente. É essencial ter objetivos de carreira bem definidos e ser autodidata. Hoje em dia, a quantidade de informação que pode ser acedida na internet é uma ferramenta essencial de trabalho e permite ao investigador melhorar os seus conhecimentos de forma autónoma e acompanhar as “novas tendências”. Por fim, deve apostar na disseminação do seu trabalho. Não basta ter um trabalho de qualidade, é necessário apostar numa estratégia de disseminação internacional, para o qual as conferências e workshops internacionais têm um papel importante (mais do que a publicação em revista).
Foto nº7 - Filipe Paiva (DR)
9. Como se vê, no plano profissional, daqui a cinco anos?
O objetivo daqui a cinco anos é contribuir para a evolução da área da previsão de produção renovável, procurando corresponder aos desafios futuros do sector elétrico e manter a USE/INESC TEC como uma referência a nível internacional na área da previsão.
10. Terminaremos este questionário, pedido que comente a nomeação de Manuel Matos, coordenador da USE.
Este reconhecimento público por parte do Professor Manuel Matos é sempre um “combustível” para continuar a desenvolver o meu trabalho, sabendo, porém, que os níveis de responsabilidade estarão sempre a aumentar, mas estando também consciente de que estou a retribuir a confiança depositada em mim.
fora de série - em dezembro
- FLÁVIA FERREIRA, ROBIS
A Flávia Ferreira demonstrou uma capacidade de integração e adaptação à novas condições na ROBIS verdadeiramente admirável. Os elogios dentro da Unidade ROBIS (Unidade de Robótica e Sistemas Inteligentes) multiplicam-se e são gerados pela sua eficiência, responsabilidade e facilidade de interagir com todos.
- RICARDO BESSA, USE
Sendo um recém-doutorado, o Ricardo Bessa assumiu responsabilidades na área de previsão da USE mas tem tido uma atividade muito para além dessas responsabilidades e projetos associados, intervindo em diversos projetos europeus em curso, como o Sustainable e evolvDSO, com participações relevantes, e em atividade contratual e pré-contratual. No mês de dezembro toda esta atividade se intensificou devido a diversas indisponibilidades de outros investigadores, o que exigiu um esforço redobrado, mantendo sempre uma elevada qualidade.
Créditos foto nº7 - Filipe Paiva