A Vós a Razão
O cluster de Informática no INESC TEC
Por Gabriel David*
O exercício de autoavaliação perante a FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia) que o INESC TEC realizou, a propósito da atual ronda de avaliação das unidades de I&D portuguesas, foi interessante a vários títulos. Por um lado, a reflexão sobre o passado recente (2008/2012), que a consolidação de dados sobre a atividade realizada proporciona, ajuda a colocar em perspetiva a nossa atual realidade e a detetar tendências de evolução. O número de grupos dentro do INESC TEC cresceu para 12, não como arranjo de última hora para efeitos de candidatura mas como corolário de um trabalho de aproximação duradouro. Fiquei particularmente satisfeito por a estratégia de candidatura conjunta para o próximo período de financiamento (2015/2020) ter vingado relativamente à estratégia de candidaturas fragmentadas, apesar de esta poder proporcionar um maior nível de financiamento total, pelo que isso significa a afirmação dos princípios e do modelo INESC TEC. O resultado é uma instituição de I&D com cerca de 760 colaboradores, dos quais 240 doutorados, envolvendo as principais instituições de Ensino Superior da região.
Por outro lado, a elaboração de uma apresentação coerente da instituição ao exterior conduziu à identificação de quatro clusters de atividade: Computer Science, Communications and Devices, Industrial Systems and Innovation, Power and Energy Systems. Estes clusters são fuzzy, no sentido em que há grupos que se situam sobre as fronteiras entre clusters mas, no caso da Informática, é claro que é constituído por quatro grupos: CRACS – Centro de Investigação em Sistemas Computacionais Avançados, CSIG – Centro de Sistemas de Informação e Computação Gráfica, HASLab – Laboratório de Software Confiável e LIAAD – Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão. Este cluster constitui a maior concentração de investigadores em Informática do país, com mais de 66 doutorados, representando cerca de um terço do INESC TEC.
Analisando as palavras-chave com que estes quatro grupos se caraterizam, detetam-se várias convergências e várias complementaridades.
Tabela 1 – Palavras-chave dos grupos no cluster de Informática.
É natural portanto que o INESC TEC tenha assumido como uma das medidas estruturais para o futuro próximo a convergência e cooperação robusta entre estes quatro grupos. Esta cooperação já existe no terreno. Por exemplo, ao nível de programas de doutoramento as quatro unidades estão diretamente envolvidas no MAP-i, um dos programas de doutoramento FCT, que congrega as universidades do Minho, de Aveiro e do Porto. Ao nível de projetos em comum, há vários exemplos em curso e em preparação. Subsiste, no entanto, muito espaço para reforçar esta articulação.
Para além das competências específicas com que o CSIG, unidade a cuja coordenação pertenço, contribui para o cluster de Informática, há um aspeto porventura menos óbvio que aproveito para salientar. Muitas vezes, entre os resultados da investigação são elaborados protótipos cujo destino é frequentemente morrerem como tal, sem passarem à fase de uso em contexto real, embora experimental, por falta de vocação e condições dos investigadores em assegurar alguns aspetos de manutenção do software indispensáveis ao envolvimento de terceiros. O CSIG tem um conjunto de contratados e infraestruturas que permite encarar a possibilidade de acompanhar a evolução de protótipos para uma segunda fase de amadurecimento, no caminho para eventual transferência de tecnologia. Espero que a existência desta capacidade contribua para concretizar, no seio do cluster de Informática, o conceito estratégico do INESC TEC: FROM KNOWLEDGE PRODUCTION TO SCIENCE-BASED INNOVATION.
*Coordenador da Unidade de Sistemas de Informação e Computação Gráfica (USIG) renomeada de Centro de Sistemas de Informação e Computação Gráfica (CSIG)