Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 700 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determina uma mudança de política editorial: partir de dezembro de 2013, o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!).
Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, será desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM...HÉLDER OLIVEIRA
1. Qual foi o seu primeiro pensamento quando soube que tinha sido eleito “Fora de Série”?
O primeiro pensamento foi: “será que estou a ler bem?” Foi, de facto, uma grande surpresa. Apesar de saber da existência desta rubrica, não estava minimamente à espera de constar nela.
2. Como surgiu a sua ligação ao INESC TEC?
Durante o ano curricular 2007/2008 estava a trabalhar, como bolseiro de investigação, num projeto com o Professor Jaime Cardoso na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Surgiu então a oportunidade de ingressar no INESC TEC e, ao mesmo tempo, iniciar o Doutoramento em 2008, integrando a equipa que trabalha nos projetos associados ao cancro da mama. Sempre tive um gosto especial pela área da saúde, pelo que esta oportunidade foi “ouro sobre azul”.
3. Quando descobriu que queria dedicar parte da sua vida à investigação científica?
Durante o percurso académico (Licenciatura) nem sempre é possível desenvolver atividades de investigação. Contudo, tive o privilégio de desenvolver atividades extracurriculares no grupo de Robótica de FEUP – 5DPO (grupo que atualmente se encontra integrado no INESC TEC através da unidade ROBIS). Durante este período participei em diversas atividades e projetos que suscitaram em mim o interesse pela investigação científica. Assim, após a conclusão da Licenciatura, em 2004, candidatei-me a uma posição de bolseiro de investigação. E, após quase 10 anos, aqui continuo eu.
4.O Hélder colabora no grupo "Visual Computing and Machine Intelligence" (VSMI) da área de investigação “Information Processing and Pattern Recognition” da Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) do INESC TEC. Pode descrever, sucintamente, a atividade desenvolvida por este grupo?
De uma forma muito simples, o VCMI desenvolve atividades de investigação fundamental e aplicada em visão computacional, processamento e análise de imagem e vídeo, aprendizagem automática e sistemas de apoio à decisão. São várias as áreas de aplicação da investigação que é levada a cabo pelo VCMI, como por exemplo: imagem médica, documentos manuscritos, monitorização por vídeo e biometria.
5. O que motiva um investigador doutorado a trabalhar no INESC TEC?
O INESC TEC é, sem qualquer dúvida, uma das melhores instituições de investigação em Portugal. Isto, por si só, já motiva qualquer investigador a trabalhar na instituição. No meu caso pessoal, tive a oportunidade de continuar na área em que desenvolvi o Doutoramento (o que nem sempre é possível), senti que isso fazia todo o sentido e por isso agarrei a oportunidade para tentar fazer mais e melhor naquela área. Claramente que o INESC TEC, com toda a sua capacidade organizacional e estrutural, juntamente com os recursos humanos envolvidos, me ajudará a cumprir os objetivos traçados.
6. O projeto europeu PICTURE está no centro da sua nomeação. Qual é o impacto que este projeto poderá ter, no médio/longo prazo, ao nível do tratamento do cancro da mama?
O VCMI tem vindo a desenvolver investigação relacionada com o tratamento do cancro da mama há quase 10 anos. O trabalho centrou-se principalmente na avaliação do resultado estético após cirurgia usando fotografias das pacientes e, mais recentemente, informação tridimensional (3D). Com o projeto PICTURE pretendemos desenvolver uma ferramenta 3D para o planeamento cirúrgico que certamente melhorará a comunicação entre médicos e pacientes. Para além de tranquilizar as pacientes acerca dos efeitos cosméticos da cirurgia a longo prazo, a ferramenta poderá ser usada para avaliar os resultados de diversas opções terapêuticas. Desta forma, este instrumento poderá significar um importante contributo para as discussões entre médicos e pacientes relativamente à melhor opção de tratamento – do ponto de vista clínico – para cada paciente. Para além disso, a ferramenta tem potencial para apoiar os cirurgiões na otimização de aspetos relacionados com a cirurgia (tais como o tamanho e localização da incisão), por forma a minimizar as alterações na aparência da mama.
7. Este já não é o primeiro projeto na área da saúde em que o Hélder está envolvido. Como viu o recente evento “OPEN DAY INESC TEC Saúde”, que reuniu mais de três dezenas de projetos com aplicação ao setor da saúde em que o INESC TEC teve um papel ativo?
Penso que o Open Day da Saúde foi um sucesso a todos os níveis, como foi fácil comprovar pela grande adesão de várias empresas, centros de investigação e instituições de ensino. A área da saúde é, sem qualquer dúvida, uma das áreas com maior impacto na sociedade e possui muitos problemas para resolver ao nível tecnológico. Através deste evento, foi possível perceber a versatilidade dos projetos na área da saúde a decorrer no INESC TEC.
8. Quais são os seus principais objetivos para 2014?
Para além dos objetivos óbvios relacionados com o projeto PICTURE, em termos pessoais tenho como objetivos principal a consolidação da minha atividade de investigador, tentando sempre melhorar as minhas competências técnicas, de gestão de recursos humanos e também de gestão de projetos. Atualmente, esta última está, sem qualquer dúvida, a ser a vertente mais desafiadora do meu trabalho.
9. Quais são, na sua opinião, as principais mais-valias oferecidas pelo INESC TEC/UTM a um investigador em início de carreira que opte por “arrancar” aqui?
Acho que a principal mais-valia está relacionada com a estrutura sólida que o INESC TEC possui. Dada a dificuldade de colocação de docentes universitários a nível nacional, recém-doutorados podem aqui iniciar a sua carreira de investigador de uma forma suave e abraçar novos projetos aliciantes para a sua carreira, preparando-se para outros desafios futuros.
10. Terminaremos este breve questionário, pedido que comente a seguinte declaração da coordenação da UTM, que o nomeou para esta distinção.
O Hélder Oliveira teve um importante papel na reunião de avaliação do projeto europeu PICTURE, que decorreu no passado mês de janeiro. Neste projeto, o Hélder tem vindo a desenvolver atividades de gestão e de execução técnica de excelente qualidade. Para além disso, tem tido uma prestação e uma postura exemplares no acompanhamento dos trabalhos de mestrandos e doutorandos, e nas demais atividades da UTM.
Desde já gostaria de agradecer as palavras da coordenação da UTM. Como disse anteriormente, não estava minimamente à espera desta nomeação, mas é muito gratificante ver o nosso trabalho reconhecido.
O trabalho que tenho vindo a desenvolver no PICTURE tem-me dado um prazer especial, até porque vem no seguimento da minha tese de Doutoramento. Sempre me interessei mais por projetos com aplicação direta do que por projetos meramente académicos, pelo que sinto uma satisfação e motivação adicionais por estar a trabalhar em problemas reais e na saúde em particular. E, para terminar, queria deixar uma palavra de apreço a todos os elementos do VCMI e do Breast Research Group, que têm colaborado diretamente comigo no projeto PICTURE, sem os quais não seria possível atingir os objetivos pretendidos.