Escrever Português, falar Universal
O leitor desatento dos detalhes e interessado nos conteúdos dificilmente se dará conta de que fizemos uma mudança tranquila: a partir deste número, o BIP passa a utilizar a norma do acordo ortográfico nos seus textos.
Por respeito aos leitores, apenas neste Editorial faremos referência a essa evolução. Não estamos aqui para prolongar eternas polémicas mas para seguir em frente: muitos órgãos da comunicação social já seguiram a mesma via e o Governo já determinou a sua obrigatoriedade a partir de 2012, nos documentos oficiais, e a partir de Setembro no Ensino Público.
O INESC Porto acolhe uma enorme comunidade: mais de 40% dos seus bolseiros de doutoramento são estrangeiros, e a maior parcela vem do Brasil e restantes países de língua portuguesa. O INESC Porto também desenvolve importante cooperação nesses países, de formas diversas, em especial no Brasil, Cabo Verde e Moçambique. Por isso, aceite-se que, seguindo os novos preceitos, o BIP se transformará num boletim mais próximo do coração de todos os potenciais leitores do espaço de língua portuguesa, assim que a prática da norma esteja generalizado. E isso interessa-nos, definitivamente. O BIP é um modo de comunicação, só pode ser.
Como ainda não estamos totalmente mecanizados, é possível que alguns lapsos sejam encontrados pelos nossos leitores. Procuraremos ser rigorosos mas pode ser divertido deixar ao leitor o desafio de encontrar palavras onde a mão deslizou para antigo hábito e os dedos carregaram na tecla a mais. Pedimos desculpa se algo escapou: com um sorriso e boa mente, lá iremos.
Como engenheiros, somos pragmáticos: funciona? Então use-se. Não vale a pena perder tempo a chover no molhado, diz o nosso povo e com razão. Na verdade, com um pouquinho de hábito, nem vamos notar a diferença. O que nos faz felizes é poder imaginar que esta ortografia, mais próxima de um estado unificado, contém menos vestígios alimentando argumentos que capitalizam nas evidências de diferenças regionais.
Disse Fernando Pessoa, parece, que “não sou português se sou só português”, sublinhando o que há de universal na essência da nossa natureza – que, para sermos portugueses temos que ser universais, está na nossa genética. É muito fácil de compreender como este conceito se estende sem esforço à ortografia.