INESC Porto atrai PME portuguesas
Aprovação de 12 vales I&DT e Inovação reforça valor acrescentado
Imagina o que podem ter em comum as empresas Silampos, conhecido fabricante de panelas, Anaric, produtor e exportador de sofás, Padinho, especializada em materiais de construção, grupo SoSoares que fornece actualmente painéis de vidro para o aeroporto de Dublin, ou Pedrosa & Rodrigues que produz em Portugal a famosa marca Burberry? A resposta é simples: todas inovarão os seus processos de negócio e sistemas produtivos graças à expertise do INESC Porto. Mas os recentes 12 contratos com PME que beneficiam do incentivo governamental traduzido em Vales de Inovação e I&DT é apenas um passo num longo mas seguro caminho que tem vindo a ser percorrido no sentido da valorização do conhecimento e know-how adquirido pela UESP.
Oferta holística para as empresas
É com um brilho especial nos olhos que António Correia Alves, eleito colaborador “Fora de Série” na última edição do BIP, fala do mais recente sucesso alcançado pela equipa da Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP) que batalha diariamente para vender e aplicar as competências do INESC Porto na área da consultoria. “É necessário não baixar os braços e ir à luta” e é isso que fazem dia após dia António Correia Alves, Joana Dumas, Filipa Ramalho e Paula Gomes (núcleo duro), com o apoio indispensável dos consultores César Toscano, Luís Guardão, Paula Silva, Paulo Sá Marques e Rui Diogo Rebelo.
A equipa de consultoria da UESP tem como missão colocar o seu know-how nos domínios dos Processos de Negócio, Sistemas de Produção e Sistemas de Informação ao serviço das empresas, especialmente das PME. Mais do que optimizar um determinado processo de produção ou melhorar a eficiência de um recurso específico, assume-se como crítico identificar os problemas estruturais da empresa.
Assim, depois de um contacto inicial, o primeiro passo da equipa de consultoria (que trabalha segundo o conceito “One Shop Stop”) consiste na realização do diagnóstico dos problemas da empresa e definir um plano de melhoria da organização de processos e suporte tecnológico, com uma abordagem o mais holística possível. De seguida, explica o engenheiro, “estamos preparados para apoiar na preparação do processo de candidatura a apoio no âmbito do sistema de incentivos do QREN”. No caso das PME, os projectos do tipo Vale de Inovação ou Vale IDT assumem particular importância para a simplicidade do processo. Neste caso apoiamos no desenvolvimento e submissão da candidatura, acompanhamos todo o processo junto da entidade financiadora, incluindo a preparação da documentação necessária aos contratos e, finalmente, gerimos e executamos o projecto.” Em suma, a empresa não precisa de se preocupar muito com os aspectos burocráticos e tem garantia de inovação como recompensa do seu investimento.
Competências comprovadas na área da consultoria
Estes projectos pretendem apoiar, de forma simplificada, as PME na aquisição de serviços de consultoria e I&DT com o objectivo de aumentar a sua competitividade. “E já era isso que vínhamos a fazer desde há mais de 20 anos”, explica António Correia Alves. “Mas a verdade é que estes incentivos às PME vieram alargar o potencial de aplicação destes serviços, levando-nos a refinar os nossos métodos e a profissionalizar ainda mais o nosso serviço de consultoria às empresas”. A intervenção da UESP junto das empresas ao longo dos anos tem-se situado por um lado ao nível dos sistemas logísticos e de produção, e por outro na melhoria de processos de negócios e de sistemas de informação. “Com a estratégia que seguimos a partir desta oportunidade dos projectos simplificados de Inovação (Vales), foi possível oferecer serviços nesses três domínios de forma mais integrada”, esclarece.
Mas de onde nos vem a expertise? Nos últimos anos, “apoiámos dezenas de empresas de diversas áreas, de que são exemplos a Durit (metalurgia), a Sampedro (têxtil), a FREZITE (corte), a Heliflex (tubos), a Siclave (tintas), a TEKA (electrodomésticos) ou a UNICER (bebidas)”, recorda António Correia Alves. “Todas elas melhoraram os seus processos e aumentaram a sua competitividade com o apoio dos serviços do INESC Porto, que seguem processos inovadores e incorporam os resultados e o know how obtidos nos projectos de investigação e desenvolvimento”, garante.
O responsável da UESP realça que é importante que o cidadão comum saiba que ao beber um sumo está a usufruir de um produto (embalagem Tetra Pak) que tem o “dedo” do INESC Porto, que os sapatos que calça provavelmente demoraram menos tempo a serem produzidos graças à inovação obtida por fabricantes de máquinas para a indústria do calçado como a LIREL com a ajuda do INESC Porto… E os exemplos vão desde a energia que temos em casa até às telecomunicações sem as quais já não vivemos. “O INESC Porto tem competências para criar valor acrescentado aos seus clientes e é isso que queremos cada vez mais assumir e oferecer”, declara o engenheiro.
Ganhos distribuídos gerados por equipa multidisciplinar
Os projectos simplificados de inovação (Vales) recentemente aprovados, que se converteram em prestações de serviços para PME situadas maioritariamente na zona centro-norte do país, traduzem-se em números realmente interessantes para o INESC Porto. “Serão 350 mil euros de contratos”, precisa António Correia Alves, realçando no entanto que as empresas são quem mais beneficia com este incentivo. “Podem desenvolver projectos muito inovadores com um investimento próprio de apenas 25 por cento dos custos totais do serviço de consultoria avançada”.
Qualificado pelo Governo Português como entidade do SCT – Sistema Científico e Tecnológico para prestação de serviços de I&DT, consultoria e apoio à Inovação a PME, o INESC Porto apresenta-se dotado de competências em áreas que vão desde a Engenharia de Sistemas, até às Tecnologias de Informação e Telecomunicações, passando pelos Sistemas de Energia ou Economia Digital. “Nem todas as solicitações se enquadram no quadro da oferta da UESP, por isso encaminhámos potenciais projectos de Vales para outras Unidades”, elucida António Correia Alves. E, perguntamos nós, poderia fazer sentido criar-se no INESC Porto uma Unidade de Negócio que se ocupasse só da prestação de serviços? “Penso que sim”, admite, “considerando que há três Unidades com serviços particularmente relevantes para as PME (UESP, USIC e UITT), uma estrutura que articulasse a oferta conjunta poderia ser vantajosa”.
Para finalizar há uma dúvida que se impõe neste contexto: como conseguiremos que as empresas recorram às nossas competências num indiscutível cenário de crise? Na opinião de António Correia Alves, essa questão é pertinente e justifica-se. “As empresas devem perceber que o corte nas "gorduras" pode e deve passar pela reorganização e optimização dos processos. Só assim poderão ser mais eficientes e competitivas”. Mas, produzir para quem se não há compradores? “Inovar é também procurar novas oportunidades e explorar novos mercados para as competências nucleares que as empresas já têm”, argumenta António Correia Alves. “A inovação é um processo que implica mudança, mas é certo que quem melhor inovar, mais oportunidades tem de sobreviver. E se há algo que aprendemos é a gerir relações nas empresas e não a funcionar apenas como meros fornecedores de conhecimento", finaliza.