Offside
Fora de Série

"Logo no início da minha carreira decidi retribuir o investimento que o meu país fez na minha formação, não cedendo à tentação de sair para o estrangeiro..." Francisco Araújo

A Vós a Razão

"Numa era caracterizada por rápidas mudanças a nível tecnológico, o crescimento económico depende cada vez mais de Investigação e Desenvolvimento (I&D). Mas será que os diversos intervenientes procuram os mesmos horizontes?" Filipe Magalhães

Asneira Livre

"...retirei meu passaporte do bolso enquanto explanava que era brasileiro e estava em Porto como estudante de doutoramento. Estranhamente, o policial respondeu em rústico inglês a sentença «I see»...", Diego Issicaba

Galeria do Insólito

Ora vejam o caso de um talentoso investigador do INESC Porto que vem agora provar que afinal a crise não é tão negativa como a pintam...

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC Porto...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC Porto, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

Crise, Crime e Crivo

Crise é coisa de grego. Hipócrates e Galeno usaram o termo para descrever o “ponto de viragem” na evolução de uma doença – mas krísis significava literalmente julgamento, com raiz em krínein, verbo denotando “separar, distinguir ou julgar”. Especula-se que a raiz vai mais fundo, ao Proto-Indo-Europeu, à sua base krei- que já possuía o conceito de discriminar, distinguir ou peneirar e que evoluiu em Latim para duas palavras (cribrum e crimen) que se exprimem em português por dois termos que não se suspeitaria terem conexão: crivo e crime.
Até recentemente.
Hoje todos enchem a boca de crise. A comunicação social enfada-nos e enfarta-nos na descrição quase escatológica de todos os aspectos da dita, num discurso com muito de voyeur e pouco de esperança. Todos sabem que dá muito mais prazer ao comum português testemunhar um desastre ou acidente do que ser positivo sobre alguma coisa e a comunicação social, assim, vende – e vende-se.
Mas o regresso às raízes deveria servir-nos de aviso – e de compreensão. Esta crise está associada a crime, quem o contesta? Crime nos actos de inúmeros actores económicos que agiram sem qualquer responsabilidade ou ética, que pretendiam aparecer aos olhos públicos como modelos intocáveis de virtude e que afinal se revelaram tão envenenados de vícios como quaisquer outros. Crime ainda, por conivência, de todos os que defenderam sistemas opacos e sem regulação, ou apelaram a ideias de auto-regulação, mas que serviram objectivamente aqueles que usaram (e abusaram) da falta de controlos para se beneficiarem despudoradamente. Crime finalmente cometido contra milhares de milhões de cidadãos do planeta que enfrentam dificuldades, de menores a muito graves, por causas a que são alheios – e crime que nunca poderiam ter cometido porque foi crime de privilegiados.
Mas a crise é, também, crivo. E é esta vertente que, pragmaticamente, nos importa. Porque ela vai reter os grossos e inadaptados e deixar passar os ágeis e de granulometria fina – e nós queremos estar entre esses.
Precisamos de compreender que uma crise não é um desastre, mas um momento de julgamento: em que se distinguem os aptos dos inaptos, os preparados dos impreparados, os adaptáveis dos rígidos, os aerodinâmicos dos ineficientes, os excelentes dos medíocres.
E nós queremos estar entre os primeiros, os que passam, os que sobrevivem, os que se adaptam. Adaptar não é viver na mesma, à espera que a ventania passe: é ser arrojado e imaginativo. No ano de Darwin, não há melhor metáfora do que compreender que o ambiente nos coloca uma pressão selectiva e ou nos adaptamos ou morremos.