Investigador do INESC TEC assume coordenação técnica de projeto nacional no âmbito das Competências Digitais
Realizou-se, no passado dia 3 de abril, em Lisboa, a apresentação da "Iniciativa Nacional Competências Digitais e.2030 - INCoDe.2030", que contou com a presença do Primeiro Ministro, da Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, do Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior e do Ministro da Educação, além do Secretário do Estado da Indústria e de um representante do Ministério do Trabalho Solidariedade e Segurança Social.
O INCoDe.2030, cuja coordenação técnica global é da responsabilidade de Pedro Guedes de Oliveira, consiste numa ação integrada de políticas públicas, transversal a vários ministérios, dedicada ao reforço de competências digitais, e que visa dar resposta a 3 grandes desafios:
1. Garantir a literacia e a inclusão digitais para o exercício pleno da cidadania;
2. Estimular a especialização em tecnologias e aplicações digitais para a qualificação do emprego e uma economia de maior valor acrescentado;
3. Produzir novos conhecimentos em cooperação internacional.
O que são competências digitais?
O conceito de competências digitais é assumido de forma abrangente partindo da noção de literacia digital, ou seja, da capacidade de aceder aos meios digitais e às TIC para compreender e avaliar criticamente conteúdos, e comunicar eficazmente, até à produção de novos conhecimentos através de atividades de investigação, passando pela utilização das tecnologias digitais para a conceção de novas soluções para diversos problemas, a análise de dados e a utilização de inteligência artificial.
Nesse sentido, existem vários níveis de profundidade no que respeita a competências digitais, dependendo também dos objetivos que se pretende atingir, levando à necessidade de desenvolvimento de diferentes medidas, adaptadas mas abrangentes.
O posicionamento de Portugal
A situação Portuguesa, no tocante às tecnologias digitais, é bastante boa quando comparada com a média da União Europeia, no que diz respeito a infraestruturas e conectividade, integração das tecnologias digitais e a disponibilidade de serviços públicos digitais. É, porém, claramente mais frágil no tocante a capital humano e uso da internet. Com efeito, apenas cerca de 50% da população possui competências digitais básicas ou mais do que básicas, e em 2016 havia 26% de indivíduos que nunca tinham utilizado a Internet, o que compara com os cerca de 5% da Finlândia.
A formação e qualificação de recursos humanos são, portanto, os grandes objetivos do programa.
Um projeto orientado para o futuro
O projeto INCoDe.2030 é um projeto claramente voltado para o futuro, tendo um horizonte temporal que se estende, como o seu nome indica, até 2030 e está estruturado em 5 eixos que se destinam a grupos populacionais distintos e têm também distintas escalas temporais:
- Inclusão; 2. Educação; 3. Qualificação; 4. Especialização; 5. Investigação
Cada um destes eixos tem uma coordenação própria visando uma forte ligação quer ao setor público e aos diferentes ministérios, quer aos atores privados e à sociedade civil.
Pedro Guedes de Oliveira, professor emérito da Universidade do Porto e investigador do INESC TEC, assinala que “a pirâmide de qualificações digitais em Portugal é invertida: no topo é mais larga, porque nas licenciaturas, mestrados e doutoramentos estamos bem em comparação com as médias da UE, mas na base estamos mal, há grandes debilidades, porque faltam competências digitais básicas a uma parte importante da população”.
O investigador destaca também “o número crescente de jovens que estão a escolher a via profissional no ensino secundário” e “é preciso fazer um grande esforço para cativar estes jovens para as áreas tecnológicas”. Além disso, as ofertas de emprego nestas áreas “têm vindo a aumentar de forma significativa e há todo o interesse em dar resposta adequada a esta tendência do mercado”.
O investigador mencionado no corpo da notícia tem ligação à UP-FEUP.
Créditos fotos: http://incode2030.pt