Pensar Sério
A Minha Experiência no INESC TEC
Por Luisa Gonçalves*
Meu nome é Luísa Gonçalves e vou contar-lhes um pouco sobre como tem sido a minha experiência no INESC TEC.
Estou no INESC TEC desde setembro de 2015, quando também iniciei meu doutoramento na FEUP no Programa Doutoral em Engenharia Industrial. Desde então, trabalho no Projeto UPGRID que está sob a supervisão de dois centros, o CEGI do qual faço parte e do CPES, já que é um projeto europeu na área de energia.
O Projeto UPGRID estuda soluções voltadas para a implementação das redes inteligentes nos setores de baixa e média tensão. As redes inteligentes permitem a monitorização em tempo real de toda a rede (desde quando a energia é gerada até chegar ao consumidor final) através de sensores que recolhem e enviam os dados diversos para um centro de operações através da rede de comunicação, possibilitando que a rede seja visualizada por qualquer elemento, desde que isto esteja devidamente acessível aos operadores, consumidores, etc. Entre os seus benefícios, estão principalmente o consumo sustentável da energia, que permite poupanças no valor pago, assim como, ampliar a utilização das fontes de energias renováveis, cruciais para diminuir a emissão de gases do efeito estufa em tempos de aquecimento global.
Só para contextualizar, minha área de formação é Engenharia de Telecomunicações no Brasil, o que corresponde, em Portugal, à Engenharia Eletrotécnica cuja área disciplinar está relacionada às Tecnologias das Comunicações. Tirei o mestrado na FEUP em Engenharia de Serviços e Gestão, e logo a seguir iniciei o doutoramento.
Quando cheguei no INESC TEC, tal e qual qualquer novato, tive que compreender primeiro o meu posicionamento na estrutura da instituição, ou seja, a qual centro pertencia e porque estava dívida entre dois departamentos diferentes. Confesso que isto acabou sendo mais complexo do que perceber quais eram minhas atividades no Projeto.
Com o passar do tempo, fui compreendendo que estava numa área atípica tanto no Departamento de Engenharia Industrial da FEUP, quanto no INESC TEC, já que lido primordialmente com os serviços e toda a sua abordagem multidisciplinar e primordialmente mais direcionada ao estudo dos indivíduos imersos em diversos contextos e ecossistemas do que nos processos sequenciais e sistêmicos.
Sob esta perspectiva adotamos abordagens originadas no Marketing, Design e Ciências Sociais, para desenvolver ou aprimorar serviços e tecnologias. No âmbito da Engenharia acaba sendo uma mais valia e também um desafio ao ter que integrar o conhecimento técnico com estas áreas típicas das Ciências Humanas. Por essa razão a área dos serviços sob esta perspectiva ainda é vista como algo estranho nas diversas áreas pelas quais transita.
Junto a isto, está o fato de ser uma área cada vez mais requerida nos projetos, já que participamos de uma revolução tecnológica que cada vez mais integra os utilizadores ao universo digital como indivíduos ativos e capazes de interferir em tempo real nos processos criados exclusivamente dentro das organizações para prover tal serviço.
Adicionalmente, os produtos estão a cada dia mais desmaterializados, significando que o futuro da tecnologia compõe-se principalmente pelos serviços que fornecem conteúdos diversos. Pensem no Spotify, Netflix, online banking, Uber, por exemplo. Agora pensem como as pessoas faziam para ouvir música, assistir um filme, gerir o dinheiro há trinta anos.
Bem, depois de algum tempo no INESC TEC passei a compreender que apesar da interação com dois centros diferentes, teria que trabalhar sozinha a maior parte do tempo, já que é uma área relativamente diferente das áreas de investigação habituais, pois minhas atividades não se enquadram na criação de modelos logísticos para cadeias de abastecimento e nem no desenvolvimento de modelos matemáticos de previsão de consumo de energia, por exemplo. Minhas atividades focam o indivíduo, especificamente, qualquer pessoa que interaja com as novas tecnologias e cria valor através da utilização dos serviços que tornam estas tecnologias viáveis para pessoas comuns. Obviamente existe todo uma estrutura teórica a qual devo me basear e que está sendo delineada, graças a experiência no projeto e aos direcionamentos fornecidos pela minha orientadora no doutoramento.
Enfim, no início, confesso que estava um pouco perdida dentro deste universo multidisciplinar, entretanto percebi que o INESC TEC é diversificado em termos étnicos, culturais e também no que tange as opiniões e os pontos de vista, e que aos poucos abre-se para estes novos paradigmas.
Eu também estou em um processo contínuo de crescimento e mudança de paradigmas, e graças a esta experiência, já consigo perceber que o meu processo de amadurecimento acadêmico está avançando. Ainda que esta abordagem dos serviços seja uma área embrionária no ramo da engenharia de uma forma geral, tenho tido muito apoio por parte dos colegas do INESC TEC, que por mais que trabalhem em áreas distintas, sempre adicionam conhecimento à minha investigação, e percebo que aos poucos também tenho contribuído ao trazer algum conhecimento para o setor dos serviços baseados em tecnologia.
Espero que venham novos projetos e mais desafios.
* Colaboradora de Centro de Engenharia e Sistemas Industriais (CEGI)