Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 1200 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determinou uma mudança de política editorial: o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!). Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, é desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM Carlos Gaspar Pacheco (CAP)
1. Como surgiu a sua ligação ao INESC TEC há 17 anos?
No final do ano 2000, ainda estava a acabar o bacharelato em electrónica, e só tinha uma cadeira do 2º semestre por fazer, e muito tempo livre. Um amigo meu, Miguel Falcão, que já trabalhava há cerca de 3 anos no INESC TEC na unidade de telecomunicações, telefonou-me a perguntar se estava interessado em ir a uma entrevista para o lugar na oficina de eletrónica que ia ficar vago. Fui à entrevista, dirigida pelo eng. Alberto Maia e pelo eng. Filipe Pinto, fizeram-me uma série de perguntas, descreveram-me em que consistia o trabalho, e consegui o lugar. Seguiram-se cerca de 15 dias de estágio orientados pelo Nuno Costa que ia deixar o lugar, e no dia 2 de janeiro de 2001 comecei a minha atividade no INESC TEC.
2. Desenvolve funções de técnico de apoio às atividades de I&D do CAP. Como é que é o seu dia-a-dia?
A minha principal atividade no CAP é a manutenção e reparação de equipamentos, e o desenvolvimento de circuitos necessários para os projetos. Uma tarefa que também surge frequentemente é fazer a interligação de aparelhos, colocá-los numa caixa adequada e torná-los mais simples de utilizar.
3. Quais foram os maiores desafios que sentiu no seu trabalho ao longo de quase 20 anos?
Tive trabalhos que foram bastante exigentes em termos técnicos como por exemplo no projeto e-coal, e claro o sistema para a Casa do Infante. Houve trabalhos que foram bastante duros fisicamente, como por exemplo a instalação de sensores no caixão de uma ponte em construção no rio Sorraia, que era em ambiente de construção civil das 8h às 21h. A mudança para a UOSE, atual CAP, levou-me para um campo que desconhecia por completo. Fibras óticas e lasers nunca tinham feito parte da minha formação. O início da minha atividade no INESC TEC também foi um enorme desafio, pois apesar de já ter feito anteriormente as tarefas que me eram pedidas, faltava-me a experiência e comecei rapidamente a ficar preocupado com a velocidade que estragava material. Pensei que não chegava ao fim do mês.
4. Quais são as principais características do laser que está na Casa do Infante?
A Casa do Infante tem uma maquete do Porto no século XIV. Defronte da maquete tem um teclado em que cada tecla corresponde a uma descrição áudio relativa a um ponto ou mais pontos de interesse. A descrição é acompanhada pela indicação na maquete desse ponto, pontos ou caminho através de um apontador laser.
5. Terminaremos este questionário, pedindo que comente a sua nomeação, feita pela coordenação do CAP. “Nos últimos meses o Gaspar Pacheco, que desenvolve funções de técnico de apoio às atividades de R&D no Centro de Fotónica Aplicada do INESCTEC, desenvolveu o novo sistema de apontador laser para a maqueta interativa da cidade medieval que se encontra instalada na Casa do Infante na Ribeira do Porto. O novo sistema inteiramente desenvolvido pelo Gaspar no âmbito de um contrato com a Câmara Municipal do Porto, implicou o desenvolvimento do sistema mecânico de suporte e movimento do laser semicondutor, de todo o sistema eletrónico de controlo bem como de toda a programação envolvida.”
É verdade. O sistema anterior já tinha sido criado pelo INESC TEC em 2001, no qual participei ao montar os circuitos eletrónicos. Ao longo dos anos fui fazendo as reparações necessárias. Há cerca de 1 ano, perguntaram-me se era possível substituir o sistema existente, de forma a melhorar a manutenção do sistema e acima de tudo tornar o sistema bilingue, pois apesar do primeiro sistema estar preparado para ter a descrição áudio em duas línguas, até agora só tinha em português. Fiquei então de lhes apresentar um orçamento e o tempo de execução. Quando o orçamento foi aprovado, deitei mãos à obra e segui o plano de execução que tinha pensado, com alguns ajustes. Foi preciso criar todos os componentes de raiz assim como o programa de controlo do sistema, aproveitando do sistema original os botões do teclado e algumas das soluções tecnológicas devidamente adaptadas. O sistema entrou em funcionamento um dia antes do fim do prazo, e espero que tal como o anterior funcione pelo menos 15 anos. E já agora visitem a Casa do Infante que vale a pena.