Pensar Sério
Das “biocenas” para a robótica
Por Cláudia Rocha*
Olá, o meu nome é Cláudia Rocha, sou natural de Baião e mestre em Bioengenharia com especialização em Engenharia Biomédica pela FEUP. Em setembro de 2016 integrei o CRIIS (Centre for Robotics in Industry and Intelligent Systems) pertencente ao INESC TEC como engenheira de I&D no âmbito de novas soluções robóticas que respondam às necessidades industriais. Mas como tudo começou?
No 3º ano da faculdade, por acaso, tive a minha 1º interação com os laboratórios de robótica, resultado de um trabalho de uma disciplina em que o objetivo era controlar um NXT (robô da Lego), através dos sinais EMG dos músculos do braço. A curiosidade e o interesse intensificaram-se a tal ponto que no 4º e 5º anos selecionei cadeiras optativas que me permitissem adquirir mais competências neste domínio. Mais ainda, o meu projeto de dissertação culminou no desenvolvimento de um sistema robótico capaz de executar tarefas repetitivas em ambiente laboratorial.
Surgiu a possibilidade de integrar o centro e, desde logo, não tive dúvidas. O ambiente vivenciado de amizade, entreajuda e companheirismo desde logo se destacou. Muitas vezes, entre conversas, sou apelidada de “biocenas” dado que a especialização do centro incide principalmente em eletrotécnica, mecânica e informática. É exatamente esta multidisciplinaridade que me fascina, refletindo-se na possibilidade de integrar e aprofundar conhecimentos em diversas áreas de trabalho. Os principais tópicos de investigação do CRIIS direcionam-se para manipuladores móveis, sensores e sistemas inteligentes, robôs colaborativos e de agricultura. A minha linha de investigação enquadra-se no domínio da robótica industrial direcionada para projetos de modelação mecânica, desenvolvimento eletrónico e conceção de software para sistemas robóticos. Apesar da nossa dedicação a mecanismos autónomos, o ator principal dos sistemas idealizados continua a ser o humano. A sua segurança e bem-estar são dois fatores que temos em constante consideração, pelo que procuramos intervir das seguintes formas:
- Diminuição do tempo que despende em tarefas monótonas e repetitivas;
- Evitar a exposição a ambientes perigosos e não ergonómicos.
Pretendemos assim refutar a ideia que os robôs retiram o emprego dos humanos e/ou que devem ser vistos com receio. As nossas soluções visam sim suportar a atividade dos operadores de forma a melhorar o seu desempenho.
Neste último ano ganhei muita experiência. Tive a oportunidade de contactar com diversas empresas, investigadores de outros centros do INESC TEC e participar em várias demonstrações. Uma delas decorreu durante a Hannover Messe 2017 (das maiores em tecnologia), onde além do conhecimento e experiência adquiridos, foi a primeira vez que andei de avião, pelo que dificilmente a esquecerei.
Estar disposto a aprender é importante, mas o CRIIS tem os alicerces para o conseguir. A existência dos LabMeetings é uma forma de estarmos a par dos avanços dos outros projetos reforçando o espírito crítico. A partilha diária de histórias, culturas, aprendizagens e o debate de novas ideias, seja no almoço ou nos 5 minutos do café, conduz a um estabelecimento de conexões entre nós e a um crescimento quer social quer profissional.
*Investigadora do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes (CRIIS)