Comemoração dos 25 anos do INESC no Porto - Especial UESP
um balanço "excepcionalmente positivo"
Uma vez mais a equipa do BIP quis saber, junto dos coordenadores de unidade, agora da Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP), qual o balanço que fazem dos 25 anos do INESC no Porto. Os coordenadores, Luís Carneiro e Jorge Pinho de Sousa, são peremptórios ao concordar que “o balanço é excepcionalmente positivo", evidenciando que "os resultados estão à vista, quer seja ao nível da actividade científica, das pessoas que foram formadas neste período, dos projectos desenvolvidos com a indústria, ou mesmo dos produtos que foram colocados no mercado com a colaboração do INESC Porto”.
A UESP tem vindo a crescer de uma forma sustentada ao longo dos anos. Actualmente estão em execução sete projectos europeus de dimensão (havendo vários em fase de lançamento), um número elevado de projectos nacionais, bem como contratos de Investigação & Desenvolvimento (I&D) e de consultoria com empresas. “Acreditamos firmemente que a indústria tem um papel fundamental na sustentabilidade do actual modelo social português e europeu, sendo necessário reagir às pressões competitivas com formas organizativas, sistemas de produção e produtos cada vez mais inovadores. Neste contexto, instituições como o INESC Porto podem dar um contributo importante na concretização deste desafio, apoiando as empresas industriais em termos de modelos de gestão, de sistemas de produção e de sistemas de informação", considera Luís Carneiro. Sistemas de gestão empresariais e sistemas de apoio à decisão inovadores deverão ajudar as empresas a "percepcionar melhor o mercado e garantir a sua sustentabilidade em ambientes muito competitivos”, acrescenta o coordenador da UESP. Luís Carneiro considera ainda que o crescimento da UESP, sobretudo nos últimos dois anos, é fruto de uma "intensificação do contacto com as empresas" e do "desenvolvimento de um conjunto de parcerias a nível europeu, incluindo a participação na plataforma europeia Manufuture, onde a Direcção do INESC Porto tem tido uma participação muito activa.”
UESP: O resultado da necessidade da criação de sinergias
A UESP, tal como existe hoje, nasceu da fusão entre vários grupos e um centro de transferência de tecnologia. O grupo de investigação que esteve na génese da unidade foi o grupo de Automação Industrial e Gestão de Energia (AIGE), fundado por Joaquim Borges Gouveia logo no início do INESC no Porto (1985). Este grupo desenvolveu, desde a sua criação, projectos com empresas, direccionando-se sobretudo para as PME (Pequenas e Médias Empresas) nas áreas da automação industrial, controlo da produção e gestão de energia eléctrica. Alguns anos mais tarde, a coordenação deste grupo foi assumida por José Manuel Mendonça, actual Presidente do INESC Porto. Entretanto, foram criados mais dois grupos em áreas próximas do AIGE: “Decisão e Optimização (D&O)”, coordenado por José Soeiro Ferreira, e “Planeamento e Logística(P&L)”, liderado por Jorge Pinho de Sousa. Em 1991, nasceu no Porto um centro de transferência de tecnologia, o Centro de Automação para PMEs, inicialmente coordenado por José Carlos Marques dos Santos, que foi mais tarde substituído por José Carlos Cadeira.
A UESP foi criada primeiro pela fusão dos grupos AIGE, D&O e P&L, tendo sido formada em 1999 a actual UESP pela fusão dos referidos grupos de investigação e do Centro de Automação para PMEs. Nesta altura foi possível juntar, na mesma unidade de I&D, transferência de tecnologia e serviços de consultoria. Segundo Luís Carneiro, “este foi um movimento importante porque o sucesso e a sustentabilidade de estruturas como o INESC Porto dependem da articulação destas actividades. Não fazia sentido as pessoas destes grupos trabalharem separadas. Era necessário criar sinergias, seguindo uma estratégia comum”. A UESP foi inicialmente coordenada por José Manuel Mendonça, tendo José Carlos Marques dos Santos e Luís Carneiro assumido essa responsabilidade em 1997. Actualmente, a unidade é liderada por Luís Carneiro e Jorge Pinho de Sousa.
Logic Store, X-CITTIC e Motor de Escalonamento: três marcos na evolução da unidade
Pela sua importância no lançamento de novas actividades de I&D, os coordenadores da UESP destacam alguns marcos na história da unidade: o Logic Store, o X-CITTIC e, mais recentemente, o “Motor de Escalonamento”. O Logic Store, em parceria com a LIREL (empresa de bens de equipamento) e com o Centro Tecnológico do Calçado, teve como objectivo criar um sistema de automatização de linhas de costura para o sector do calçado. Este projecto teve muito sucesso no mercado, resultado da comercialização de algumas dezenas desses sistemas em Portugal e no estrangeiro. Tratou-se de “parceria importante com a indústria, tendo permitido lançar uma das actividades que ainda hoje é uma das áreas fortes da UESP, a logística interna”, afirma Luís Carneiro.
Outro marco na história da UESP foi o X-CITTIC. Este projecto europeu, com início em 1996 e designado “Planning and Control System for the Semiconductor Supply Chains”, foi o primeiro trabalho da unidade na gestão de cadeias de fornecimento e redes de empresas. Liderado pelo Imperial College de Londres, contou com a parceria do Instituto Fraunhofer na Alemanha. “Com o X-CITTIC ultrapassámos a fronteira da empresa e começámos a perceber como é que uma empresa industrial se pode articular de forma mais eficaz com os seus parceiros de negócio ao longo da cadeia de fornecimento”, explica Luís Carneiro. Este projecto foi o ponto de partida para vários outros nas áreas da gestão da cadeia de fornecimento e, posteriormente, do negócio electrónico e das redes colaborativas de empresas, com aplicação no tecido industrial português em diversos sectores. Finalmente, a coordenação da UESP faz questão de referir um projecto mais recente, desta feita na área do escalonamento de operações em ambientes industriais, no âmbito do qual foi desenvolvido um software (“Scheduler ou Motor de escalonamento”) comercializado pela SoftI9 em Portugal e i68 em Espanha. Tanto Luís Carneiro como Jorge Pinho de Sousa não têm dúvidas que se tratou de uma parceria com excelentes resultados, tanto a nível de investigação como de mercado. Para além de estar já a funcionar em dezenas de empresas na Península Ibérica, foi colocado no mercado através de uma rede que inclui parcerias na Alemanha e na Áustria.
Um futuro “confiante e optimista”
O futuro da UESP passa por continuar a crescer em I&D e na consultoria e os dois coordenadores da unidade assumem estar “confiantes e optimistas”. De facto, "somos um grupo de pessoas que acredita que Portugal e a Europa só têm futuro se investirem na produção de bens e serviços de elevado valor acrescentado e na sua posterior comercialização em mercados externos. Esta é seguramente a única forma de compensar as nossas importações", afirma Luís Carneiro. A aposta estratégica na investigação é, agora, um factor determinante para o futuro da unidade. Ao longo dos anos, a UESP foi criando um corpo de conhecimento e de competências científicas em múltiplas áreas, com especial relevo para a Investigação Operacional, os Sistemas de Apoio à Decisão, as Metaheurísticas e a Análise Muticritério, a Gestão de Operações, os Problemas de Cortes e Empacotamento, as Redes Colaborativas, ou a Gestão da Informação e do Conhecimento. Estas competências sólidas, reconhecidas pela participação em encontros internacionais e pela publicação de artigos em revistas científicas, são elementos fundamentais em projectos de I&D que integram um forte know-how em tecnologias e sistemas de informação, resultando em produtos e serviços inovadores, com impacto no desempenho das empresas.
Por outro lado, a aposta em projectos europeus é fundamental, já que permite realizar investigação bastante ambiciosa e, por outro lado, trabalhar em parceria com as melhores entidades de I&D da Europa. “É nestes projectos que fazemos ou enquadramos a parte de investigação mais ambiciosa e onde desenvolvemos, ou completamos, competências no convívio com entidades líderes noutras áreas”, explica Luís Carneiro. Por outro lado, a capacidade da UESP para prestar serviços de consultoria de qualidade, transferindo conhecimento e ferramentas desenvolvidas, quer em projectos europeus de investigação, quer em projectos nacionais (como é o caso dos projectos apoiados pela FCT), assume-se como sendo igualmente determinante. Com a previsível redução de fundos estruturais, a unidade vai ter de competir pelos fundos de apoio ao I&D a nível europeu e conseguir dar resposta ao desafio de continuar a prestar serviços de qualidade à indústria em termos de consultoria, de forma a garantir a estabilidade e a qualidade do trabalho.
Choradinho da Memória
Vejam só quem são eles...
Que rico presentinho...
Dispensa apresentações.
A vida dá tantas voltas...