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Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - Testemunho da Kyaia, pela voz de Fortunato Frederico.

Fora de Série

"Agradeço sinceramente este “prémio” (...), mas estendo este “Fora de Série” para a própria Coordenação da Unidade (...) e para todos aqueles que ao longo dos anos comigo participaram nos projectos.", César Toscano

A Vós a Razão

"Não há 'balas mágicas' para internacionalizar empresas, para fazer crescer sectores empresariais de maior intensidade tecnológica, ou para reduzir de forma sustentável um défice orçamental.", João Claro

Asneira Livre

"Here, the focus is on the quality of the analysis, rather than on the institute’s bottom line. (...) I am excited to be part of such an institution, where good work, problem solving, research and innovation are highly valued.", Kristen Schell

Galeria do Insólito

Pois é: descobrimos que na USE temos uma estrela musical. Parece que o José Meirinhos tirou a bigodaça para virar estrela, nem que seja na forma de Fraile Cornudo.

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC Porto...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC Porto, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

A Vós a Razão

A Perspectiva Sistémica

*Por João Claro

Estive recentemente a preparar algumas sessões sobre inovação e desenvolvimento de produto, para um dos cursos em que colaboro na FEUP, em que queria discutir algumas questões relevantes ao nível das empresas e também a um nível regional.

Para as empresas, optei por preparar a discussão do caso da empresa de design e inovação IDEO. Neste caso, o tema central é o conceito de sistema de inovação, com a optimização articulada de elementos de processo, organização, gestão e cultura, que viabiliza a inovação repetida e consistentemente bem sucedida.

Para propor algo sintético sobre o nível regional, estive a rever a apresentação que o Prof. David Teece fez aqui na FEUP, em Maio de 2009, sobre o papel da Universidade num sistema empreendedor. Um dos aspectos mais salientes da apresentação foi o conceito de "ecossistema de negócios". Do ecossistema fazem parte, e nele se relacionam, empresas, instituições de educação e investigação, empresas fornecedoras e complementares, entidades reguladoras e de standards, instituições financeiras, capital humano, media, governo e sistema judicial, e mercados clientes. O Prof. David Teece ilustrou de forma magnífica o conceito, com um memorando de 2003 do chairman da Microsoft, Bill Gates, sobre o modo como uma elevada quota de mercado nos mercados de software se constrói com todo esse ecossistema.

Ao passar de um ao outro nível de análise, fiquei surpreendido com esta coincidência de ênfase na "perspectiva sistémica" sobre as fundações para o sucesso na inovação.

Em 1998 estava a fazer o mestrado e, no âmbito de uma disciplina metodológica, tinha-nos sido proposto um trabalho final, que consistia na análise de um caso bastante complexo de gestão de operações. A avaliação envolvia uma discussão com a equipa, que o professor começou com um breve comentário geral, salientando que o aspecto que mais tinha apreciado na nossa análise era o facto de a termos realizado com uma "perspectiva sistémica".

O meu colega de equipa e eu assentimos com a cabeça, tentámos dar o nosso melhor na discussão, e no final saímos a correr para os computadores, para com a ajuda dos relativamente incipientes motores de pesquisa da altura tentarmos descobrir o que era uma "perspectiva sistémica".

Logo numa das primeiras referências surgiu o nome conhecido do Prof. Russell Ackoff, por quem sabíamos que o professor tinha uma grande admiração. Depois de lermos algumas coisas escritas por ele, lá formámos a ideia de que a "perspectiva sistémica" no nosso trabalho tinha consistido na preocupação em analisar cada área das operações do negócio no contexto das suas interacções com as restantes áreas.

Na altura, fiquei impressionado por algo tão de senso comum merecer uma designação particular, e mesmo tal atenção por parte de académicos, mas foi com este episódio que na caixa de ferramentas de análise lá passou a figurar, bem identificada, a “perspectiva sistémica”.

Ao longo do tempo, com alguns trabalhos e leituras como estes mais recentes para as aulas na FEUP, tenho vindo a aprender um pouco mais sobre o porquê dessa atenção, e as características de indivíduos e organizações que a tornam elusiva.

Talvez não seja esse o seu sentido original, mas o provérbio que se tornou “sistémico” para mim é o provérbio africano "É precisa toda uma aldeia para educar uma criança".

Todos nos preocupamos, neste momento, com um contexto económico difícil e complexo, que nos desafia como organizações, como comunidades, como país, e em que as "balas mágicas" se tornam tentadoras. Porque, individualmente e como organizações, estamos pouco apetrechados para lidar com problemas complexos, somos tentados a simplificá-los abusivamente, e depois procurar e prescrever as correspondentes “soluções simples”.

Não há "balas mágicas" para internacionalizar empresas, ou para fazer crescer sectores empresariais de maior intensidade tecnológica, ou para reduzir de forma sustentável um défice orçamental.

Estes desafios são desafios de sistemas, que assim exigem ser pensados e trabalhados. É precisa toda uma aldeia para lhes respondermos. 

* Coordenador da Unidade de Inovação e Transferência de Tecnologia (UITT)