SABENDO E QUERENDO
Scienter et volenter
Se tivéssemos que escolher uma divisa para o INESC Porto, eis uma boa candidata.
Sabendo e querendo. Sabendo, porque sem o saber estamos reduzidos à primitiva expressão, ao empirismo desorganizado e, porventura, supersticioso. O saber moderno, aquele a que apelidamos de científico, nasceu com a escola experimental e o racionalismo, mas não é uma conquista definitiva, é um assalto permanente sobre as trincheiras da ignorância.
Mas querendo, porque é a vontade que nos tem que comandar: de ir mais além, ser mais, sofrer dessa obstinação virtuosa que tem o poder de transformar delírio em sonho e depois em realidade.
Comemoraram-se 25 anos de INESC no Porto – e quem nos negará o direito de reclamarmos scientia et voluntas? Demonstrámos ter o saber e o querer, mas detê-los sem os aplicar é um exercício de inutilidade. Por isso, o gerúndio, a dinâmica, a acção: scienter et volenter. É uma manifestação de que o acto não é fortuito, não é do acaso, é consciente, não terminou, decorre, flui.
Na vertigem dos aniversários, o décimo do BIP parece menor.
Mas é justo que se realce a serena e notável obra que este boletim desempenha. Em Novembro, com este número, perfazem-se 10 anos de publicação ininterrupta da talvez mais irreverente publicação séria de uma organização científica conhecida.
Não nos tolhe neste elogio em causa própria o pudor de Vasco da Gama, face ao rei de Melinde, quando argumentou:
(…) Mas mandas-me louvar dos meus a glória. Que outrem possa louvar esforço alheio, cousa é que se costuma e se deseja; mas louvar os meus próprios, arreceio que louvor tão suspeito mal me esteja.
O BIP é um veículo único de comunicação de que o INESC Porto se pode orgulhar. Numa contagem com o Google Analytics, em Fevereiro de 2010, verificaram-se 1714 visitas de 1283 visitantes de 43 países diferentes: um impacto planetário. O BIP é o nosso embaixador.
Diz-se que há uma livraria em Paris que ostenta uma divisa: legentem iuvo, ajudo quem lê. Sabemos que o BIP tem contribuído para que muitas pessoas e organizações ganhem contacto com a nossa realidade. Se ao INESC Porto coubesse escolher a divisa que acima defendemos, decerto que o BIP poderia tomar de empréstimo essa outra, sabendo como bem sabemos que, se ajudarmos os outros, ajudar-nos-emos a nós.