A Vós a Razão
Uma viagem excitante
Por Manuel Loureiro*
Em várias alturas, na minha formação na FEUP, ouvi que nós engenheiros deveremos ser agentes de mudança, que não só podemos contribuir como é nossa responsabilidade mudar as empresas em que passamos. Cresci então nesta instituição a acreditar que grandes desafios me iriam aguardar quando terminasse o curso. Tal não foi a realidade que encontrei nas duas empresas pelas quais passei. Embora seja vontade do tecido empresarial português desenvolver-se e inovar, por várias vezes constatei que não existe verdadeira procura de integrar novos conhecimentos nas empresas.
“Se funciona, porquê mudar?”, “Não é esse o nosso negócio.”, “É arriscado.” À medida que ouvia estas respostas retrocedia no tempo, àquela altura em que me diziam para ser um agente de mudança. Mas como podemos ser agentes de mudança se não nos dão oportunidade para tal ou se não valorizam esse tipo de atitude? Nesses dois anos que permaneci fora da academia só consegui chegar a uma conclusão: todos dizem que querem mudar mas, muitos, a grande maioria, não o quer na realidade, apenas está focado no sucesso do presente dia.
Há um desfasamento entre aquilo que se sabe que se deve procurar, a excelência, e as nossas ações diárias, o cumprir.
Admito que a minha experiência particular não seja extrapolável a todos nós, mas se me permitem opinar, nós somos agentes de mudança, se nos inviabilizam melhorar o lugar onde trabalhamos então a única solução sobejante é mudar-nos.
Infelizmente, aquilo que muitas vezes vi, é a resignação de ativos valiosos que as empresas não conseguem valorizar, os seus recursos humanos. Somos a geração mais letrada alguma vez existente. No entanto, será que temos a ousadia para caminharmos o nosso caminho ou aquilo que poderemos ter em excesso em conhecimento nos falta em carácter?
Entre colegas e superiores fui visto como arrogante, lunático ou insaciável. E então mudei, saí. Aquela que em termos profissionais foi a melhor decisão que poderia ter feito. Saí sem destino até que conheci o Professor João Claro. Ao contrário do que eu em todas aquelas dúvidas vivia, esta pessoa acreditou em mim e mostrou-me que é possível sermos fiéis a quem somos. Sei que encontrei agora o rumo certo para a minha carreira e, como uma vez, nos seus vários discursos J.F. Kennedy disse: “Do not pray for easy lives. Pray to be stronger men.”
Em retrospetiva, todos sabemos que é necessário melhorar, que é necessário que existam agentes de mudança. Mas só alguns têm a visão. Só alguns sabem que este é um caminho não linear. É uma viagem excitante. Obrigado Professor João Claro, obrigado INESC TEC.
*Colaborador na Unidade de Inovação e Transferência de Tecnologia (UITT)
