Fora de Série
Este espaço destina-se a prestar homenagem a um colaborador que mensalmente se distinga com especial relevo na sua atividade. A escolha final é da responsabilidade da Redação do BIP mas a colaboração das Coordenações de todas as Unidades é preciosa pois as sugestões e motivações são fundamentalmente da sua responsabilidade...
GUSTAVO CARNEIRO
1. É uma surpresa ser nomeado “Fora de Série” no mês em que deixa o INESC TEC?
É uma enorme surpresa, sobretudo tendo em conta que tenho um grupo extraordinário de colegas, alguns dos quais são provavelmente bem mais merecedores desta distinção.
2. Como surgiu a sua ligação, em 2001, ao INESC Porto?
Já conhecia o Professor Manuel Ricardo das aulas de CDRC (Comunicação de Dados e Redes de Computadores) e entretanto realizei o projeto de fim de curso com o Professor Henrique Miranda, que estava também ligado ao INESC Porto na altura. A ligação surgiu naturalmente por convite, por parte do Professor Henrique Miranda e Professor Manuel Ricardo, após conclusão do projeto de fim de curso. No entanto, dado o meu interesse e aptidão pelas redes, acabei por integrar o grupo do Professor Manuel Ricardo.
3. O Gustavo participou em diversos projetos Europeus. Qual é o projeto que lhe deixou melhores memórias? Porquê?
O projeto que me deixou melhores memórias terá sido o Daidalos I, por diversos fatores.
Em primeiro lugar, por algumas das pessoas envolvidas, que conseguiram aliar capacidades técnicas à gestão interpessoal. Para além disso, o INESC Porto tinha alocado vários engenheiros ao projeto, o que permitiu que eu tivesse quase sempre companhia de colegas nas viagens. Por outro lado, o projeto foi gerido de forma bastante competente, o que na altura não foi muito claro, mas em retrospetiva e comparando com outros projetos, agora me parece evidente.
4.Qual é a sensação de ter 240+ citações Google Scholar?
É um motivo de orgulho, e é algo que me dá muita confiança sempre que preciso de enfrentar um novo desafio. Mas, como é natural, o crédito não é apenas meu, mas sim de todos os autores envolvidos.
5. Como foi a experiência de participar no desenvolvimento “open source” do simulador de redes NS3?
Foi entusiasmante poder fazer parte de um projeto com a importância do NS3.
Na verdade, eu apenas pretendia melhorar o simulador para conseguir usá-lo no âmbito do meu doutoramento. No entanto, tornou-se evidente desde muito cedo que o projeto necessitava de ajuda em áreas nas quais eu tinha conhecimentos específicos, e acabei por contribuir muito para além do estritamente necessário. Como fiz parte do NS3 desde muito cedo, acabei por ficar conhecido neste “meio” e, desta forma, trazer esse reconhecimento para o INESC TEC.
6. De que forma é que o trabalho desenvolvido no INESC TEC/Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) alavancou a sua tese de doutoramento?
Na UTM, o que começa por “dar uma ajuda em...”, muitas vezes acaba por resultar em contribuições científicas relevantes. Desse ponto de vista, fazer parte da UTM significa ter acesso a um conjunto de ideias para novas contribuições no âmbito de um projeto de doutoramento, assim como a massa crítica que permite refinar essas mesmas ideias. Isso passou-se no meu caso e foi extremamente importante para melhorar a qualidade do doutoramento.
7. Que conselhos daria a um investigador em início de carreira?
Penso que a chave para o sucesso de um jovem investigador deve passar por não só resolver os problemas científicos que lhe aparecem pela frente mas também, após conhecer os problemas atuais a fundo, ser capaz de antever os problemas do futuro. Outro conselho que posso dar é: não estar limitado às metodologias e conhecimentos predominantes e não ter medo de enveredar por novos caminhos, mesmo que isso nos obrigue a sair da nossa “zona de conforto”.
8. Qual é o balanço que faz do percurso de mais de uma década nesta instituição?
Ao longo destes 11 anos cresci imenso, como investigador e como pessoa. Penso que em mais lado nenhum poderia crescer de forma a manter os horizontes abertos, já que a vida típica de uma empresa implica o desenvolvimento de conhecimentos muito especializados. Desta forma, sinto-me preparado para me adaptar a diversos desafios que me possam surgir no futuro.
9. O que é que lhe vai deixar mais saudades?
Vou ter saudades especialmente dos colegas (no sentido mais lato possível), particularmente dos almoços, já que estarei afastado e não os poderei visitar com muita frequência.
10. Terminaremos este breve questionário pedindo que comente a sua nomeação, feita pela coordenação da UTM
O Gustavo Carneiro entrou para a UTM em 2001.
Participou nos projetos Europeus ARROWS, DAIDALOS I, DAIDALOS II e ALICANTE e nos projetos QREN Wimetronet e SITME, sempre com excelentes desempenhos e deixando uma imagem de qualidade nos tem prestigiado.
Gustavo trabalhou também no seu Doutoramento tendo-o concluído, publicado 17 artigos e obtido 240+ citações Google Scholar. Em simultâneo com esta atividade, o Gustavo Carneiro representou ainda o INESC TEC no desenvolvimento "open-source" do simulador de redes NS3, colocando o INESC TEC num grupo de excelência em simulação de redes de comunicações, a par de instituições como a Universidade de Washington, o Georgia Tech e o INRIA.
É uma grande surpresa, mas com muito orgulho que tomo conhecimento desta nomeação. É sempre bom saber que nosso trabalho é valorizado. Agradeço ao Professor Manuel Ricardo, não só pela nomeação, mas também por todo o apoio que me tem dado desde que cheguei ao INESC Porto em 2001.