A INVICTA UNIVERSIDADE
No momento em que a Universidade se prepara para escolher um novo Reitor, segundo uma fórmula que já não contempla a eleição pelas bases, mas a escolha entre mérito de programas e candidaturas, com um concurso internacional, o que se pode dizer é que estamos na época do maravilhoso.
Durante décadas habituámo-nos a contemplar o edifício do Estado e da coisa pública como imutável, inabalável, improdutivo, ineficiente, prisioneiro de uma tradição pesadíssima de funcionalismo público e de um interesse corporativo sem compaixão. Toda a esperança de regeneração parecera vã. Têm os brasileiros um termo saboroso para descrever o sistema: engessado.
Perder o provincianismo parecia ser a batalha mais sem esperança. Habituaram-se os nortenhos a ter no Porto a padaria portuense e deixar para Lisboa a padaria portuguesa. De mistura com razões fundadas de discriminação e subalternização, parecia que também era conveniente esse estado, justificar o insucesso com esse capital de queixa, o do ciúme de paróquia.
Ao escolher o seu Reitor por um concurso internacional, a Universidade do Porto sinaliza que deixou de olhar para o lado e passou a olhar em frente. De seguidora, passou a líder. De secundária, virou exemplo.
É um sinal, apenas (e que sinal!...) da revolução tranquila que se opera a norte do Vouga. O modelo fundacional para a gestão universitária é uma opção de coragem, saudemos a audácia evidente. Sempre os burgueses do Porto quiseram ter a sua autonomia (e não puderam mais os reis senão reconhecê-la), e sempre isso foi bom para o país. Invicta cidade? Por uma boa razão assim se chama: porque nunca se deixou vencer.
Uma universidade no Porto com prestígio mundial, não é para se virar para dentro e regressar aos vícios de província, é um trunfo de Portugal.
Seja então a nova e Invicta Universidade: dela esperamos muito, porque estamos preparados para dar tudo.