Comemoração dos 25 anos do INESC Porto – Especial UOSE
INESC PORTO: "UM DESAFIO QUE SE RENOVOU EM CADA ANO"
“Neste quarto de século o INESC no Porto foi um desafio que se renovou em cada ano, com grande impacto em todos os que passaram pela instituição, mas também com impacto na sociedade”. É assim que Paulo Marques e Ireneu Dias, responsáveis pela coordenação da Unidade de Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos (UOSE), vêem estes últimos 25 anos. O INESC Porto está ancorado numa ideia que é tão válida agora como o era em 1985: proporcionar uma estrutura organizada e operacional que possibilite, em articulação com as instituições do Ensino Superior e, em particular, com a Universidade do Porto, optimizar condições de investigação e desenvolvimento tecnológicos na perspectiva da valorização económica do conhecimento. É uma ideia importante, que permite fomentar actividade de elevado valor acrescentado, criar riqueza e bem-estar social. A sua concretização “exigiu, exige e vai continuar a exigir muito a todos os que participam no processo, desde os mais experientes até aos mais novos, seja nos Serviços ou nas Unidades, mas ao mesmo tempo constitui um projecto muito mobilizador”, acrescentam. A coordenação da UOSE acredita, por isso, que “o balanço é francamente positivo e mobilizador para os próximos 25 anos”.
Quanto ao balanço da UOSE em particular, José Luís Santos, investigador da UOSE e coordenador da Unidade até 2009, mostra-se “convicto de que foi [um balanço] muito positivo, especialmente porque permitiu obter massa crítica na Unidade como um todo, mas também em certas áreas”. José Luís Santos acrescenta que “nunca a UOSE esteve tão bem, considerando os quadros qualificados de que dispõe, o que lhe possibilita entrar em projectos de grande exigência com um risco mais aceitável e certamente que esta maior capacidade significa mais exigência”
Tudo começou nos anos 80
A história da UOSE está intrinsecamente ligada à fundação do INESC no Porto em 1985, na altura com outro nome: INESC Norte. Tudo começou no início dos anos oitenta, altura em que a área das comunicações por fibra óptica estava efervescente. Em 1984, surgiram as condições para se estabelecer no Porto uma actividade consolidada e devidamente financiada pelo Governo, através de Operadores de Telecomunicações na área das comunicações ópticas, tendo por base o projecto Sistemas Integrados por Fibra Óptica (SIFO). Os trabalhos realizados no âmbito desse projecto estruturaram muita da actividade das actuais UOSE e Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) do INESC Porto.
Um outro marco importante, destacado pelos coordenador e coordenador adjunto da UOSE: Paulo Marques e Ireneu Dias, respectivamente, aconteceu em 1992 com o lançamento de um programa governamental para o financiamento de infra-estruturas de I&D (Programas Ciência e PEDIP). No INESC Porto, estes programas foram essenciais para o estabelecimento de uma infra-estrutura moderna em Optoelectrónica, que possibilitou actividade de I&D em condições favoráveis, não só nas áreas associadas directa ou indirectamente ao projecto SIFO, comunicações ópticas e sensores em fibra óptica, mas também em micro-fabricação e em lasers.
Como consequência, surgiam posteriormente colaborações internacionais importantes, com impacto ao nível da participação em projectos europeus que resultaram num crescimento significativo do número de elementos do Grupo de Optoelectrónica e Centro de Optoelectrónica, as duas componentes de uma estrutura organizativa que enquadrava a actividade em Optoelectrónica no INESC Porto e que deu, mais tarde, origem à UOSE. Por esta altura, foram criadas condições técnicas e de conhecimento para o fabrico local de redes de Bragg. Poucos grupos no contexto internacional tinham as condições necessárias para o fabrico destes dispositivos em fibra óptica, o que abriu portas para parcerias em condições privilegiadas.
Uma infra-estrutura tecnológica tem sempre associados custos de funcionamento e manutenção significativos, o que trouxe, segundo os coordenadores, “problemas complexos de operação, até mesmo de sobrevivência da unidade”. Contudo, “a visão estratégica da Direcção do INESC Porto (DIP), assim como factores externos como a visita do Presidente Jorge Sampaio (Março de 1996) e a primeira avaliação externa (Novembro de 1996), possibilitaram a manutenção da actividade da unidade até ao presente, com a expansão das suas zonas de Investigação e Desenvolvimento (I&D): imagem interferométrica, fotovoltaicos e micro-fabricação”, acrescentam Paulo Marques e Ireneu Dias. Ao longo dos anos, a actividade da UOSE teve sempre em consideração a componente de transferência de tecnologia, tendo vindo a desenvolver vários projectos com esse objectivo, sendo o exemplo mais significativo o que deu origem à FiberSensing.
Os três principais projectos
Quando inquiridos sobre os projectos que mais contribuíram para o sucesso e evolução da unidade, Paulo Marques e Ireneu Dias destacam três: o PLATON, o Proteu e o Memimetria. O projecto PLATON foi um projecto que permitiu o desenvolvimento de filtros “add-drop” para aplicação em comunicações ópticas com multiplexagem de comprimento de onda densa. As tarefas do INESC Porto centraram-se na escrita das redes de Bragg apodizadas utilizando processos interferométricos. Com este projecto foi também demonstrada a possibilidade de escrita das diversas partes de um dispositivo utilizando simplesmente processo de escrita directa a laser. Este foi um projecto europeu que culminou na fabricação de diversos protótipos testados nas redes de comunicação ópticas experimentais da Alcatel-Lucent, da Alemanha.
O projecto Proteu teve, em termos de financiamento e parcerias, uma dimensão que projectou a UOSE na área ambiental, prenunciando a uma nova linha de actividade. Foi o primeiro a ter um pequeno sistema de informação acessível pela Web, com controlo de acessos, que passou a ser standard nos projectos de sensores para a monitorização de estruturas. O projecto continua a produzir resultados que estão a ser utilizados pelos parceiros. O projecto Memimetria é um projecto de transferência de tecnologia e está actualmente em curso. Tem um elevado conteúdo de inovação tecnológica e uma PME nacional como parceira. Assume-se, do ponto de vista da coordenação da UOSE, como um exemplo de projecto inovador, com origem no mercado e cujo sucesso potenciará uma intervenção relevante neste segmento.
As perspectivas para o futuro
Quanto ao futuro da unidade, Ireneu Dias afirma que a UOSE “terá de se afirmar inequivocamente em dois planos: excelência científica e valorização económica de I&D”. O primeiro é, segundo o coordenador da unidade, “condição do segundo e, por sua vez, este é potenciador do primeiro numa perspectiva de sustentabilidade”. O balanço entre estas diferentes vertentes permite o desenvolvimento sustentado a longo prazo, e esse é precisamente o desafio num cenário macroeconómico nada favorável. “A ambição maior da Unidade é ser um grupo de Investigação, Desenvolvimento e Inovação, que consiga atrair os recursos humanos qualificados que permitam a qualificação da UOSE como sendo de referência a nível mundial e que, para além disso, contribua para a formação de jovens altamente qualificados e motivados, tal como tem acontecido até agora” acrescenta Paulo Marques.
Nas palavras de José Luís Santos, “instituições como o INESC Porto são essenciais na reconversão da economia nacional, que tem que ser baseada na inovação e na qualidade”. O investigador considera “que os jovens que saem hoje da Universidade estão muito melhor preparados para enfrentar estes desafios do que acontecia no meu tempo e as áreas de intervenção do INESC Porto oferecem as condições necessárias e privilegiadas para polarizar a criatividade e dinamismo presente em muitos desses jovens”. José Luís Santos acrescenta que “mais do que nunca, a actividade destas instituições é essencial para podermos encarar melhor os grandes desafios da nova conjuntura”.
Choradinho da Memória
Há coisas que nunca mudam...
Desde sempre, um grande convívio!
Que belo trabalho de equipa!
No início foi assim...