Novas coordenações INESC TEC prometem continuar excelência
Três Unidades com lideranças renovadas
Três Unidades do INESC TEC viram recentemente as suas lideranças renovadas: Manuel Ricardo substitui José Ruela na Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM), Bernardo Almada-Lobo sucede a José Sarsfield Cabral na coordenação da Unidade de Gestão e Engenharia Industrial (UGEI) e, por fim, no Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão (LIAAD), Pavel Brazdil passa o testemunho a Alípio Jorge. Promover a articulação com as restantes Unidades e continuar o trabalho de elevada qualidade reconhecido interna e externamente são apenas alguns dos desafios avançados pelos novos coordenadores em entrevista ao BIP.
Manuel Ricardo – Novo coordenador da UTM
BIP – Como reagiu ao saber que ia ser escolhido para ser o novo coordenador da sua Unidade?
M.R. – Numa instituição como a nossa ninguém é apanhado verdadeiramente de surpresa. Os sinais de que o anterior coordenador da UTM – o Prof. Ruela – se iria retirar das suas funções de coordenação começaram a aparecer há já muitos meses e os contactos foram sendo feitos. Digamos que este casamento foi precedido de um período de namoro e, portanto, quando o convite para coordenar a UTM foi formalizado eu já contava com ele. Fiquei, naturalmente, muito contente.
BIP – Como vê esta nova etapa da sua carreira?
M.R. – Esta é uma fase que aparece numa altura oportuna da minha vida profissional e que acaba por ser uma evolução natural. Quando acabei o meu doutoramento, em 2000, fui convidado pela Direção do INESC Porto a liderar a área de redes de comunicações da UTM. Decidi na altura focar a atividade do grupo na área de investigação das redes sem fios (wireless networks) e muitos do objetivos de investigação então identificados acabaram por ser alcançados; o grupo acabou por ter um reconhecimento nacional e internacional que me deixam satisfeito e os indicadores de publicações/teses e o financiamento obtido parecem-me também francamente bons.
A oportunidade de liderar a UTM aparece por isso numa altura boa para mim. Continuarei a fazer aquilo que penso saber fazer melhor – animar e liderar grupos de pessoas em temáticas relacionadas com a investigação aplicada, agora no domínio mais alargado das comunicações e multimédia.
BIP – Que desafios antevê para a sua Unidade nos próximos meses/anos?
M.R. – Há desafios interessantes, quer internos quer externos à UTM. Os desafios internos estão relacionados com a própria natureza da Unidade. A UTM tem neste momento 102 colaboradores; metade destes colaboradores são estudantes de doutoramento e um quarto são investigadores doutorados, a maioria dos quais docentes. Apesar de organizados em áreas científicas, a investigação é na prática feita em pequenos grupos que cobrem muitos dos domínios de investigação no campo das comunicações e multimédia. Cada um destes grupos é tipicamente liderado por um investigador doutorado e tem autonomia científica. O maior desafio interno será fazer com que os vários grupos da UTM trabalhem de forma concertada.
Os desafios mais difíceis de ultrapassar serão, no entanto, os externos e os de muito curto prazo. O acesso às nossas fontes de financiamento tradicionais está cada vez mais difícil e competitivo, e as empresas que tipicamente nos contratam atravessam sérios problemas financeiros, atrasando o arranque de novos projetos de investigação. Atravessar os próximos anos sem perder dimensão nem perder o conhecimento que conseguimos criar e acumular durante mais de 25 anos, esse sim, será o nosso grande desafio.
BIP – O que pretende fazer de novo na vossa Unidade?
M.R. – Antes de mais importa dizer que as mudanças serão feitas de forma evolutiva e sem ruturas com o que temos; a UTM ocupa uma área de investigação muito bem definida e é reconhecida pelo exterior como fazendo trabalho de elevada qualidade. Teremos, por isso, que ser cuidadosos com as mudanças.
No entanto, a visão definida pelos fundadores da UTM no início da década de 80, de que um dia haveria de chegar a cada habitação uma fibra ótica transportando todos os serviços de comunicações incluindo o vídeo, felizmente concretizou-se. Teremos por isso que construir uma nova visão para as comunicações e multimédia, que sirva para definir os objetivos de investigação de longo prazo da Unidade. Este processo de construção da visão da UTM está já em curso e ideias interessantes começaram já a aparecer. Este será o primeiro passo de um processo mais abrangente e que se espera ser capaz de ajudar a definir as estratégias de investigação de longo prazo dos vários grupos da UTM.
Um outro aspeto que deverá ser melhorado é o da comunicação interna e com o exterior. A natureza dos trabalhos que temos normalmente em mãos – muito interessantes e absorventes – faz com que a maioria dos nossos investigadores se foque nos seus trabalhos. Teremos que divulgar informação de forma eficiente dentro da UTM e do INESC TEC para nos conhecermos melhor e conseguirmos propor projetos multidisciplinares. Demos já os primeiros passos ao automatizar o processo de divulgação de notícias quer no site da UTM quer no BIP. Iremos também organizar um dia aberto para divulgar internamente as nossas atividades. A experiência ganha com a divulgação interna de informação será posteriormente usada para melhorar a nossa comunicação com o exterior, que poderá incluir os nossos parceiros de negócios e a nossa extensa rede de ex-colaboradores.
Mas sejamos claros, quer os aspetos de definição estratégica quer os aspetos de comunicação acabam por ser secundários. As nossas tarefas realmente importantes são a definição de excelentes projetos de investigação, a execução impecável desses projetos, a transferência dos nossos protótipos e dos nossos investigadores para as empresas da região, e a publicação dos nossos resultados científicos nas melhores revistas da nossa área de trabalho.
A nossa grande missão é contribuir, nas nossas áreas de competência, para a consolidação de um cluster regional na área das comunicações e multimédia. Queremos que os nossos filhos e netos possam continuar por cá, a desenvolver nesta área atividades com impacto global.
BIP – O que acha que a Unidade pode ganhar com a sua experiência e vice-versa?
M.R. – Eu tenho uma longa experiência de coordenação de equipas de investigação e de participação de projetos I&D de todos os tipos. Creio ser bem conhecido nos meios académicos nacionais e por muitas das empresas que consomem I&D na nossa área de trabalho. Fui professor de muitas centenas, senão mesmo milhares, de engenheiros. O que posso oferecer à UTM é isto mesmo – a minha experiência, a minha rede de contactos e, naturalmente, a minha dedicação.
A UTM vai oferecer-me um desafio muito interessante, que é este de coordenar em ambiente cooperativo grupos de pessoas que funcionam com elevada autonomia e que querem contribuir de forma visível para o sucesso da nossa região nas nossas áreas de conhecimento.
Bernardo Almada-Lobo – Novo coordenador da UGEI
BIP – Como reagiu ao saber que ia ser escolhido para ser o novo coordenador da sua Unidade?
B.A-L. – Foi com muita satisfação que tomei conhecimento da minha eleição para coordenador da UGEI. Já exercia as funções de vice-coordenador da Unidade, pelo que foi um passo natural. É sempre bom sentir que os pares depositam confiança em nós.
BIP – Como vê esta nova etapa da sua carreira?
B.A-L. – A UGEI tem cerca de 40 colaboradores (12 doutorados) com interesses diversificados. Conseguir coordenar e alavancar a Unidade e os interesses pessoais de cada um traz responsabilidade e dificuldade evidentes.
BIP – Que desafios antevê para a sua Unidade nos próximos meses/anos?
B.A-L. – A UGEI tem investigadores de qualidade científica indiscutível, reconhecidos internacionalmente. Tem um registo crescente de publicações e projetos de investigação aplicados, casos de sucesso em diferentes setores e uma rede de contactos diversificada. No entanto, o momento atual é de risco elevado na redução dos fundos estruturais portugueses para atividades de I&D. A Unidade está a preparar-se para esta realidade de forma a promover as complementaridades das várias linhas de investigação, em projetos multidisciplinares de maior envergadura. O potencial humano da Unidade é evidente. No entanto, há muito a fazer em termos de branding interno e externo e de processos de gestão da UGEI. Só em conjunto, com um forte espírito de grupo e de interdisciplinaridade, será possível aos investigadores da UGEI beneficiarem das oportunidades do INESC TEC e de outras que poderão estar ao nosso alcance.
BIP – O que pretende fazer de novo na vossa Unidade?
B.A-L. – A UGEI pretende duplicar a sua dimensão nos próximos cinco anos em termos de staff, de orçamento e de indicadores científicos.
Houve recentemente uma reestruturação da UGEI para dar maior ênfase às suas competências científicas e ao seu posicionamento no sectores e nas áreas de atuação. A UGEI produz conhecimento baseado em problemas ou aplicações reais em três domínios: Service Engineering and Design, Decision Support and Intelligent Systems e Performance Management and Business Intelligence. Este conhecimento tem-se materializado em projetos multidisciplinares em quatro setores: saúde, retalho, mobilidade e manufacturing.
No âmbito do INESC TEC, a UGEI, para além de competências únicas e diferenciadoras, traz a algumas das outras Unidades massa crítica para o desenvolvimento de atividades. Procurar-se-á aprofundar a colaboração no seio do Laboratório Associado e aumentar a participação em projetos europeus.
Há também um longo caminho a percorrer na fase de Pre-Sales de serviços de investigação e desenvolvimento. A UGEI teve sempre uma preocupação em estar perto da envolvente empresarial. No entanto, o contacto com as empresas resulta, na grande maioria das situações, de contactos individuais privilegiados e não de uma dinâmica de grupo e do reconhecimento da marca UGEI.
Dada a grande dispersão de atividade dos professores universitários, é reduzido o número de elementos seniores para apoiar e coordenar atividades de desenvolvimento e de consultadoria. Em consequência disso, para poder crescer a UGEI deverá recrutar investigadores e consultores e ter capacidade para atrair post-docs.
BIP – O que acha que a Unidade pode ganhar com a sua experiência e vice-versa?
B.A-L. – Enquanto professor, investigador e consultor tenho tido uma intervenção em vários estádios da cadeia de produção do conhecimento: desde o conhecimento fundamental, passando por projetos de investigação aplicada, desenvolvimento de soluções e transferência de tecnologia. Uma vez que a articulação entre a ciência e a valorização do conhecimento faz parte do ADN da UGEI, penso estar numa situação confortável para promover ambas as vertentes da Unidade.
Tenho um gosto especial por motivar pessoas a agarrarem determinadas oportunidades, em se lançarem em novos desafios (muitas vezes fora da sua zona de conforto) e em se excederem. A UGEI também pode beneficiar do conhecimento que tenho do INESC TEC. Trabalhei nos últimos anos com vários colaboradores do INESC TEC em projetos de investigação e desenvolvimento em diversos setores de atividade. A co-coordenação da Linha de Atividade Inter-Unidades em Otimização (LAI OIL) permitiu-me conhecer as várias unidades e estruturas de gestão do INESC TEC.
Alípio Jorge – Novo coordenador do LIAAD
BIP – Como reagiu ao saber que ia ser escolhido para ser o novo coordenador da sua Unidade?
A.J. – É sempre bom sentir que temos a confiança dos nossos colegas. Fico-lhes agradecido e conto com elas e eles.
BIP – Como vê esta nova etapa da sua carreira?
A.J. – Espero conseguir levar a Unidade para diante sem me afogar em tarefas administrativas. ;)
BIP – Que desafios antevê para a sua Unidade nos próximos meses/anos?
A.J. – Continuar o processo de integração no INESC TEC, com mais articulação com as restantes Unidades. O INESC TEC é um grande atrator de projetos muito interessantes e nós queremos lá estar. Isto, no entanto, deve ser feito mantendo o nosso perfil e a nossa própria unidade interna. Conto com os restantes elementos da Direção do LIAAD para que surjam ideias novas e respostas aos desafios.
BIP – O que pretende fazer de novo na vossa Unidade?
A.J. – O Prof. Pavel criou a Unidade do nada e fez dela o que se pode ver atualmente: um centro de excelência com um universo de cerca de meia centena de investigadores. Não há muito a acrescentar. Mas há sempre trabalho de consolidação, de motivação e de estratégia a fazer. O LIAAD sente também as dores do crescimento. Aqui mais uma vez é importante a articulação com o INESC TEC e a sua Direção que desde o início da nossa adesão nos receberam com toda a generosidade, amizade e entusiasmo.
BIP – O que acha que a Unidade pode ganhar com a sua experiência e vice-versa?
A.J. – A minha experiência, fosse ela qual fosse, já estava ao serviço da Unidade. Eu vou com certeza aprender muito com o grande grupo que constitui o LIAAD+INESC TEC.