Robô desenvolvido para indústria automóvel testado com sucesso
projeto europeu colrobot chega ao fim com demonstração de robô
Desenvolvido pelo INESC TEC, o ColRobot foi apresentado e testado a 22 de janeiro, num dos laboratórios da instituição dedicado à robótica industrial. Foi a última demonstração do projeto europeu com o mesmo nome, que contou com um orçamento de 4,3 milhões de euros para desenvolver, num prazo de três anos, soluções robóticas que pudessem ser aplicadas às indústrias automóvel e aeroespacial. A demonstração, que contou com a presença de várias pessoas, nomeadamente dos parceiros europeus do projeto, foi feita num veículo da Renault. À medida que a demonstração ia avançando, os investigadores do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes (CRIIS) do INESC TEC foram apresentando o projeto ColRobot, com um foco especial no caso de estudo da Renault, aos participantes.
O ColRobot combina tecnologia de ponta desenvolvida na Europa com requisitos do utilizador para aplicar em processos de montagem, criando assim um sistema integrado de robótica de colaboração, onde um manipulador móvel age como uma “terceira mão”, entregando kits, ferramentas, peças ou segurando peças de trabalho enquanto o operador executa tarefas.
“O objetivo deste projeto foi o desenvolvimento de robôs para operações em ambiente colaborativo, isto é, partilhados entre o homem e a máquina”, explica Germano Veiga, investigador do CRIIS do INESC TEC.
ColRobot tem aplicação nas indústrias automóvel e aeroespacial
Os robôs desenvolvidos no âmbito deste projeto, e que são capazes de navegar numa fábrica de forma autónoma, querem mudar o paradigma da indústria automóvel e aeroespacial.
“O que é revolucionário neste processo, e que tem um impacto muito positivo no processo de montagem na indústria automóvel”, é o facto de termos o robô a partilhar o espaço com o operador humano de forma segura e eficiente. A segurança da operação foi uma das barreiras que conseguimos ultrapassar, visto que a presença do robô não interfere com a ação do homem”, mostra Germano Veiga.
No caso da indústria automóvel, este robô apresenta uma série de vantagens, nomeadamente no que diz respeito à montagem de peças das carrinhas, à eliminação/redução e exposição a condições pouco ergonómicas e à autonomia para executar operações de montagem. O ColRobot consegue entrar num veículo e fazer operações de aparafusamento “ergonómicas” em simultâneo com o operador, partilhando assim o mesmo espaço.
Relativamente à indústria aeroespacial, os benefícios estão, sobretudo, no apoio à preparação de kits para operações de montagem de satélite, ao fornecimento de kits de montagem diretamente para as áreas de montagem de satélite e enquanto “mão extra” na ajuda ao operador para instalação de equipamentos por satélite. No fundo, “o robô neste caso serve como uma terceira mão ao segurar no satélite enquanto o operador aparafusa os componentes nos objetos”, refere o investigador do CRIIS.
O impacto do ColRobot na indústria
“O ColRobot vai ter um grande impacto nestas indústrias pelas tecnologias inovadoras que utiliza, que foram desenvolvidas com foco no ambiente operacional nas principais indústrias europeias, por ter um sistema robótico colaborativo e seguro, por ajudar a melhorar a competitividade da produção europeia e por permitir uma produção flexível”, explica Germano Veiga.
Os robôs desempenham um papel fundamental na indústria de produção, cuja competitividade muito depende da sua produtividade, flexibilidade e agilidade na resposta às exigências do mercado, especialmente se estiverem preparados para colaborar com os operadores humanos num espaço de trabalho partilhado.
“Estamos perante um paradigma em que robôs e humanos tiram partido das capacidades de cada um, cognitivas no caso humano e de execução de tarefas repetitivas no que respeita aos robôs, sem haver necessidade de substituição”, conclui o investigador sénior do INESC TEC.
Os planos para a industrialização do protótipo vão começar entre este e o próximo ano, assim como os de otimização do robô a outro tipo de veículos.
Os participantes no projeto
Da parte do INESC TEC, colaboraram neste projeto europeu, que agora termina, os investigadores do CRIIS: Germano Veiga, Luís Rocha, Pedro Relvas, José Lima, Héber Sobreira, Rafael Arrais, Cláudia Rocha, Paulo Rebelo, Eurico Sousa e Carlos Costa.
Fizeram parte deste projeto as seguintes instituições europeias, para além do INESC TEC: ENSAM École Nacionale Superieure d’Arts et Metiers, Centre d'Innovation des Technologies sans Contact EuraRFID, AKEO PLUS, RENAULT SAS e Thales Alenia Space – todos franceses -, Universidade de Coimbra – Portugal -, Università degli Studi di Modena e Reggio Emilia – de Itália -, Fraunhofer-IFF da Alemanha, AIMEN - Asociación De Investigación Metalúrgica Del Noroeste e Technaid SL - ambos de Espanha.
Este projeto foi financiado ao abrigo do programa de investigação e desenvolvimento da União Europeia Horizonte 2020 com o acordo número 688807.
Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC, UP-FEUP e IPB.