Mais de 500 colaboradores e quase 200 doutorados
INESC Porto catalisa massa crítica em torno do seu Laboratório Associado
Sete Unidades Nucleares do INESC Porto, quatro Unidades Associadas e um Parceiro Privilegiado agregam um total de 569 colaboradores, 193 dos quais doutorados, dando forma à atual dimensão do projeto de Laboratório Associado (LA) que o INESC Porto pretende mobilizar para o próximo quinquénio e submeteu à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para reconhecimento.
Com estatuto de Laboratório Associado desde 2002, o INESC Porto adotou um novo modelo organizativo no início de 2007 com o principal objetivo de alargar o âmbito da instituição enquanto Laboratório Associado. O desafio centrava-se num crescimento em rede que permitisse a consolidação científica com novos grupos que manteriam uma autonomia administrativa e assim abrisse as portas a projetos de maior dimensão, mais exigentes e multidisciplinares. A missão está a ser cumprida.
Um Laboratório Associado reinventado
No dia 1 de março de 2002, o INESC Porto assinava um contrato-programa com a FCT, passando assim tornar-se Laboratório Associado do Ministério da Ciência e Tecnologia, um estatuto exclusivo para instituições de investigação de mérito elevado reconhecido em avaliações externas que mostrassem "capacidade para cooperar, de forma estável, competente e eficaz, na prossecução de objetivos específicos da política científica e tecnológica nacional".
Com assinatura das Atas de Adesão ao Laboratório Associado, no passado dia 16 de fevereiro, o INESC Porto LA passou a contar formalmente com as Unidades Associadas LIAAD (Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão), CRACS (Centro de Investigação em Sistemas Computacionais Avançados) e UGEI (Unidade de Gestão e Engenharia Industrial), já ligadas na prática ao INESC Porto LA. O mesmo ato deu as boas-vindas ao CISTER (Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo-Real). É ainda de salientar a colaboração do HASLab (High Assurance Software Laboratory), grupo da Universidade do Minho que atualmente detém o estatuto de Parceiro Privilegiado e que se encontra em processo de reestruturação para poder solicitar formalmente a inclusão no Laboratório Associado.
Desde que se tornou Laboratório Associado em 2002 até à assinatura destes Acordos de Adesão em 2011, o INESC Porto LA mais do que duplicou os seus colaboradores (passando de 256 em 2002 para 569 em 2011) e quase quadriplicou o número de investigadores doutorados (eram 58 em 2002 e são 193 em 2011). Nas palavras de José Manuel Mendonça, presidente da instituição, este crescimento resultou de uma estratégia devidamente planeada que passou, entre outros fatores, pelo "aumento de atividade em diversas áreas em que as nossas competências se afirmaram claramente, pela atração de investigadores e grupos de I&D de qualidade pela nossa missão, pelo nosso posicionamento e pelo nosso modelo de organização da investigação, bem como pelo market-pull muito significativo em diferentes áreas".
A Inteligência Artificial
Formado por emancipação da antiga Unidade LIACC (Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência dos Computadores), cuja existência se mantém com esta designação, o Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão desde o início declarou o interesse de pertencer ao INESC Porto LA.
O LIAAD centra a sua atividade em sistemas de apoio à decisão, com particular ênfase nas técnicas de data mining, previsão, modelação adaptativa e otimização, com aplicações em marketing, finanças, escalonamento de processos, saúde, extração de informação de texto, e muitas outras áreas. Ligada ao INESC Porto LA desde 2008, esta Unidade Associada conta hoje com 55 colaboradores, 23 dos quais doutorados.
Liderado por Pavel Brazdil, Fellow do ECCAI (a mais importante organização científica Europeia em Inteligência Artificial), a notoriedade internacional do LIAAD faz-se notar através do contacto que mantém com cerca de 30 universidades espalhadas pelo mundo. O grande fluxo de visitantes estrangeiros por ano e a sua participação em comissões editoriais de revistas científicas são outros exemplos da expressão além-fronteiras desta Unidade Associada. Mereceu referência de Muito Bom na última avaliação promovida pela FCT.
Esta Unidade Associada iniciou a cooperação com o INESC Porto LA em 2007, tendo ajudado a conceber o novo modelo organizacional do Laboratório Associado. Uma parcela muito importante dos seus membros desenvolve atividade na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Os Sistemas Computacionais Avançados
Também formado a partir do LIACC, o Centro de Investigação em Sistemas Computacionais Avançados nasceu da motivação de se criar uma unidade de excelência científica com impacto internacional, visando áreas de aplicação com elevada exigência computacional onde novas linguagens e modelos computacionais escaláveis são fundamentais.
Criado em junho de 2007, o CRACS nasce a partir da proposta de uma nova unidade I&D à FCT, liderada por Fernando Silva, desde então coordenador da Unidade. Atualmente a equipa desta Unidade é constituída por 10 doutorados, como membros efetivos e cerca de outros 50 colaboradores, dos quais 18 são alunos de doutoramento e 20 alunos de mestrado.
O CRACS centra a sua atividade nas áreas de linguagens de programação, computação paralela e distribuída, data mining, sistemas inteligentes e arquitetura de software, de forma a procurar resolver problemas concretos em áreas de colaboração multidisciplinar, tais como Biologia, Medicina e Química.
Desde início de 2008 que esta Unidade mantém uma atividade sinérgica com o INESC Porto LA, mantendo a sua genética própria na faculdade de Ciências da Universidade do Porto. A avaliação internacional promovida pela FCT atribui-lhe a classificação de Muito Bom.
Gestão e Engenharia Industrial
A Unidade de Gestão e Engenharia Industrial surgiu em 1991 no seio da Secção de Engenharia Industrial e Gestão do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da FEUP, fazendo parte da Unidade todos os docentes desta Secção.
Com a sua atividade focada na fronteira entre a Engenharia, a Gestão e as Ciências Sociais, a UGEI tem como objetivo identificar processos, técnicas e indicadores de eficiência das instituições. Na base da estratégia desta unidade está o conceito ‘problem-driven research’, que implica o desenvolvimento de soluções ajustadas às necessidades de cada empresa/instituição.
Com relacionamento com INESC Porto desde 2009 mas mantendo um posicionamento institucional separado, na pendência da aprovação da FCT, a UGEI é liderada por José António Sarsfield Cabral e conta atualmente com 20 colaboradores, nove deles com doutoramento. Esta Unidade Associada promove um contacto mais próximo com as empresas, seguindo uma estratégia de ‘problem-driven research’. Com uma classificação de Muito Bom na última avaliação da FCT e a participação em vários projetos de sucesso, a UGEI promete multidisciplinaridade e uma cultura de cooperação intensa, e é com essa vontade de expansão da sua área de influência e de crescimento de forma a alavancar novos projetos que a UGEI se associa ao INESC Porto LA.
Sistemas Confiáveis e de Tempo-Real
O membro mais recente da família do INESC Porto LA, o Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo-Real formalizou a sua ligação no dia 16 de fevereiro, aquando da Assinatura do Memorando de Entendimento entre o INESC Porto e o ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto).
Sob a liderança de Eduardo Tovar, o CISTER é uma Unidade classificada como Excelente em consecutivas avaliações internacionais promovidas pela FCT. Dedica-se à análise, projeto e implementação de sistemas computacionais embebidos e de tempo real, com ênfase em redes de comunicação, redes de sensores, linguagens de programação, sistemas operativos e sistemas multiprocessador.
Criado em 1997 no ISEP por quatro investigadores, o CISTER teve a sua génese no grupo de investigação IPP-HURRAY, contando, atualmente, com cerca de 42 investigadores, dos quais 16 são doutorados. A unidade de investigação rapidamente se projetou a nível nacional e internacional para se tornar uma das líderes mundiais na sua área de atuação. A nível nacional, o reconhecimento veio em 2004: na área da Engenharia Eletrotécnica e Informática, foi a única unidade de investigação da rede da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) a receber, por um painel de avaliadores internacionais, a classificação máxima de Excelente.
Cosolidar massa crítica e apresentar resultados
Já a contar com a futura adesão do grupo HASLab e com o reconhecimento de jure pela FCT de uma realidade que se tem vindo a consolidar para benefício do país, o INESC Porto LA pretende assumir assim uma estrutura e componentes fortes, aliadas a um dimensionamento robusto e estabilizado para os próximos cinco anos, período este em que não se prevê novas adesões. A forte presença do INESC Porto LA nas diversas áreas fundamentais de desenvolvimento científico e tecnológico faz com que o Laboratório Associado foque o seu trabalho em consolidar as massas críticas que o constituem e de converter em resultados o enorme potencial agregado.
O projeto é ambicioso e o desafio é enorme: apesar do salto em dimensão, o INESC Porto pretende preservar a sua identidade genética essencial – a que lhe permite desenvolver ciência de alto nível e, em simultâneo, valorizar o conhecimento e transferir tecnologia para o tecido económico. Este objeto teimosamente perseguido de desenvolver investigação socialmente relevante é uma das características mais originais que caracterizaram o INESC Porto na última década – e que vai manter-se presente na sua pegada.
Em discurso direto
O BIP tentou conhecer a opinião dos lideres das Unidades Associadas sobre a importância dos Acordos recentemente assinados. Aqui ficam algumas declarações.
Pavel Brazdil (LIAAD)
Para Pavel Brazdil, a assinatura do Acordo de Adesão ao Laboratório Associado significou “o reconhecimento da qualidade da nossa investigação por um laboratório associado de excelência mundial e a abertura de inúmeras possibilidades de colaboração e de transferência de tecnologia”. “O INESC Porto representa uma forma muito pragmática, mas exigente, de fazer ciência útil sem descurar a investigação fundamental. Revemo-nos no conceito e esperamos aumentar a nossa qualidade e o nosso impacto com esta associação, não só com o INESC Porto e as suas unidades, mas também com outras Unidades Associados como o CRACS, a UGEI e o CISTER”, acrescenta.
Eduardo Tovar (CISTER)
Eduardo Tovar relembra o historial de colaboração entre INESC Porto e CISTER. “Após a primeira avaliação, conhecida em 2004, e na qual o CISTER obteve a classificação de Excelente, a unidade recebeu um financiamento plurianual com uma componente programática muito importante (os fundos financeiros de base, proporcionais ao número de doutorados, eram relativamente mais pequenos). Esse financiamento foi crucial para alavancar opções estratégicas para o aumento seletivo da massa crítica, mantendo a excelência.
Por estar desacoplado das rubricas financeiras de projetos de investigação, esse financiamento programático permitiu apostar no recrutamento de cientistas doutorados de nível internacional (a UI CISTER foi pioneira na internacionalização massiva dos seus recursos humanos) e apostar no desenvolvimento de IDI específica de ponta sem compromissos associados às especificidades de projetos.
Por opções governamentais, o financiamento programático deixou de ser atribuído às unidades, mesmo as excelentes, havendo no entanto a expectativa que este se mantenha em níveis apropriados no caso dos laboratórios associados. A plurianualidade do financiamento programático é fundamental para a implementação de estratégias de prossecução da excelência numa área tão dinâmica como é a das tecnologias de informação e comunicação.”
“Por outro lado, o CISTER tem de encontrar urgentemente uma solução para as suas instalações. Atualmente, os investigadores do CISTER distribuem-se por três áreas distintas em edifícios distintos do campus do ISEP, sendo que as instalações principais funcionam, desde sempre, em edifícios pré-fabricados de caráter obviamente provisório. O CISTER tem tido por isso muitas limitações, quer funcionais quer de imagem, cada vez mais incompatíveis com as atividades e parcerias (nacionais e internacionais) que tem vindo a protagonizar.
O ISEP e o IPP estão sensíveis a esse problema, e estamos confiantes que esta associação ao INESC Porto LA contribuirá para acelerar a materialização de uma solução no campus do ISEP, entretanto já encontrada pelo ISEP e pelo IPP. É premente que esse processo se concretize nos próximos quatro ou cinco meses, e temos razões para confiar que esta consolidação no INESC Porto LA permitirá acelerar a materialização dessa solução no prazo necessário”, refere o professor.
Eduardo Tovar salienta ainda as mais-valias do Unidade Associada que lidera. “O CISTER tem tido grande capacidade para a obtenção de resultados importantes em diversos domínios de investigação. Não obstante ter já uma longa prática de externalização e exploração desses resultados em projetos pré-competitivos, em parcerias com importantes empresas internacionais e nacionais, temos a convicção que iremos beneficiar da longa experiência e das estruturas disponíveis no INESC Porto, ao nível da pré-incubação de empresas, da transferência de tecnologia e da exploração de resultados de uma forma comercial. Nesta vertente, mas também em algumas áreas científicas complementares, poderemos beneficiar das sinergias a criar com outras unidades do INESC Porto LA”.
“O universo ISEP/IPP irá também beneficiar da marca INESC Porto pela sua projeção nacional junto dos públicos menos especializados, quer o público em geral, potenciais alunos, e outras empresas, já que os atores na especialidade reconhecem o CISTER como parceiro privilegiado na sua área de atuação”, conclui o diretor.