Offside
Lado B

Ora bolas, Bruno Matias!

Corporate

Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - Testemunho da Loyal Advisory Company, pela voz de Pedro Pires.

Fora de Série

"Nunca é demais lembrar que o êxito que pauta a atividade do INESC TEC a muito se deve (senão na totalidade) aos recursos humanos que dele fazem parte." Catarina Carvalho (SCOM)

Pensar Sério

«No SAL, transformamos a Ciência em avanços tecnológicos protegidos.», Daniel Vasconcelos (SAL)

Galeria do Insólito

As visitas que decorrem no auditório A do INESC TEC são frequentemente perturbadas pelas pessoas...

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC TEC...

Novos Doutorados

Venha conhecer os novos doutorados do INESC TEC...

Novos Colaboradores

No mês de novembro entraram 26 novos colaboradores no INESC TEC.

Cadê Você?

O INESC TEC lança todos os meses no mercado pessoas altamente qualificadas...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC TEC, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

A pós-verdade, herdeira maldita do pós-moderno

Há muitos anos, séculos porventura, que Portugal não reunia tanto capital de esperança. O mesmo é dizer, que não tinha uma geração de gente tão qualificada, instruída e educada. Que teria sido o Império Português, se pudesse ter havido, na época, a visão ou a possibilidade de educar tantíssima gente como hoje? É sabido que o declínio do Império também se funda na expulsão de gentes instruídas, q.e.d. ou quase.

A ocasião pode perder-se, o broto pode fenecer, porém, se não for cuidado adequadamente.

Na sociedade do conhecimento, são as pessoas o maior dos capitais, sem desprezar a necessidade de outros recursos. Na sociedade do conhecimento, é o conhecimento que vale. Porém, tudo se desbarata se a própria origem do conhecimento é subvertida.

O conhecimento não é um depósito de dados – implica processo e estrutura. A ciência estará para o conhecimento como a democracia para a governação, na conhecida imagem de Churchill – é a pior forma de abordar o universo, à exceção de todas as demais.

Por isso, importa introduzir na Escola, precocemente, o respeito, e mesmo veneração, pelo método científico, pela necessidade de isenção, de verificação das fontes, de experimentação, de confirmação, de compreensão dos limites. A ciência é a mais gloriosa construção da Humanidade desde que tem consciência de si – e é a mais democrática, porque a todos é acessível e os seus princípios não são manipuláveis.

Não são... isto é, não deveriam ser: mas não faltam tentativas. Em reação a um racionalismo e a um positivismo que corporizaram os grandes avanços na arte do pensamento crítico e no progresso tecnológico e moral da humanidade, apareceram arautos de variados “novos” sistemas, novas exceções a descartar, que se aproveitaram de uma cuidada dosagem de oportunismo, protagonismo e ignorância. O efeito negativo, pós-moderno, traduziu-se numa extremada aberração designada por “relativismo travestido de científico”, numa expressão reacionária a vender-se como progressista – e que em Portugal teve e tem os seus pregadores, os seus missionários também.

A consequência é a proliferação das crenças, mitos e pós-verdades, nocivas não só ao conhecimento como ao bem-estar corrente dos cidadãos. Um exemplo paradigmático corresponde ao movimento que ensaiou a rejeição das vacinas; outro espelha-se na negação do conhecimento científico sobre causas e desenvolvimento das alterações climáticas; outro recusa o saber técnico da medicina, querendo substituí-lo por diluições homeopáticas milagorosas; outro ainda nasce agora com a ideia dos “partos naturais em casa”, como já houve as sementinhas naturais milagrosas ou até as pulseiras que captariam energias naturais – colocar a palavra “natural” em qualquer idiotice permite vendê-la, no mundo da pós-verdade. A lista é grande, porque as seitas são numerosas, cada uma com os seus pastores, os seus arautos, os seus evangelizadores – e, não sejamos ingénuos, os seus terroristas e os seus interesses.

As pessoas não são só razão: por isso, não basta defender a ciência pela argumentação lógica. É preciso também fazer sentir a ciência como uma preciosidade a proteger, que é nosso património, que gostamos dela, que a acarinhamos, que é da nossa família e dos nossos valores, que é nossa, e que não consentimos que no-la venham roubar.

Feliz 2019, com ciência e consciência.