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Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - Testemunho da ANARIC - Indústria de Estofos, Lda, pela voz de Ana Carvalho.

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"Tanto a Tânia como a Teresa, cada uma na sua área de competência, fizeram grande parte do trabalho de base que uma grande candidatura implica e que, como é costume, se concentrou nos últimos dias do prazo." Graça Barbosa

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"(...) I was positively surprised by what Portugal was doing in terms of research and innovation. I discovered in Porto that it is possible to achieve excellent results in a “stressless” way, in an environment where human relations are fostered.", Jean Akilimali

Asneira Livre

"Meu primo já dizia que, após alguns meses, a “curta” viagem de 45 minutos tornar-se-ia um desafio diário. Foi difícil de acreditar, só que hoje já compartilho, em parte, de seu ponto de vista", Daniel Delgado

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Este Insólito é o mais extenso de sempre, mas vale MESMO a pena. Garantia da Redacção.

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BIP tira Raio X a colaboradores do INESC Porto...

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Referência a anúncios publicados pelo INESC Porto, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

Asneira Livre

Sobre modais "quase limpos"

* Por Daniel Félix Delgado

Vivo em Vila Nova de Famalicão e apanho 45 minutos de comboio e 15 minutos de metro, com mais 25 minutos de deslocamento a pé. Como, diariamente, gasto quase 3 horas em transportes “limpos”, achei ser interessante reflectir a respeito do assunto.

Um novo conceito para transportes “limpos”

Crio, para sustentar o meu ponto de vista, um novo conceito para a palavra “limpo” quando associado a transportes:

Transportes que possuem baixo ou nenhum impacto ambiental, utilizando fontes de energia renováveis e com baixo impacto físico / psicológico para o utilizador. 

A meu ver, a última parte ainda “suja” vários transportes disponíveis e afasta a demanda por sua utilização. Compartilho alguns pontos de vista a seguir:

Deslocamento a pé

Asneira 1

Talvez o mais “limpo” dos modais, já que, fora inevitáveis intempéries e dejectos de cães deixados por donos irresponsáveis, são poucas as situações que “sujam” este modal. Diferente de alguns lugares do Brasil, aqui ainda é muito seguro andar a pé em qualquer horário.

Comboio

Comprei um daqueles netbooks baratinhos há quase um ano atrás. Foram inúmeras as vezes em que fui ou voltei trabalhando, respondendo emails ou mesmo assistindo vídeos, “úteis” ou não. Os comboios urbanos do Porto são modernos, rápidos (140 km/h) e silenciosos. Raramente atrasam, o que permite um planeamento detalhado e preciso de minhas viagens diárias.

 

Meu primo já dizia que, após alguns meses, a “curta” viagem de 45 minutos tornar-se-ia um desafio diário. Foi difícil de acreditar, só que hoje já compartilho, em parte, de seu ponto de vista. Como o leitor pode imaginar, acontecem diversas situações em um comboio que “sujam” a viagem de uma pessoa. Desde utentes com graves deficiências de higiene (o que acontece muito, e agrava-se no Verão) até pessoas e jovens mal-educados que acreditam que todos no comboio adoram ouvir, em alto volume, músicas ou conversas vazias.Asneira 2

Presenciei algumas situações de desrespeito e má educação no atendimento por parte dos revisores, sendo a última o pior exemplo de atendimento a clientes que já vivenciei. Aconteceu num domingo, com minha esposa e um casal de amigos (e nossas bicicletas), quando na ocasião o revisor alegou que não poderíamos estar com as bicicletas porque era um comboio de horário de pico (domingo e com muitos lugares vazios!). Esta acaba por ser outra vertente que “suja” o transporte público: a falta de preparação de alguns profissionais e a pouca consideração ao utente (já que a empresa não é capaz de sequer dar feedback para questões e reclamações recebidas). Escrevi há mais de 2 meses para a CP, para formalizar minha reclamação e solicitar esclarecimentos sobre tal absurda situação, sustentando meus argumentos em testemunhos e um vídeo gravado no momento, posteriormente disponibilizado pela internet. Estou até agora à espera para saber se é realmente permitido andar nos comboios urbanos do Porto com sua bicicleta em qualquer dia/horário (conforme divulgado pela empresa como apelo para a utilização de transportes “limpos”).

Metro

Realmente gosto do metro do Porto. Acho que um dos melhores que já utilizei. O sistema andante, apesar de ser considerado por alguns um pouco confuso e por vezes “injusto”, é bem concebido e funcional. O aspecto “sujo” do metro fica por conta de horários de pico e alguns utentes mal-educados, que às vezes levariam uma pessoa a optar por sua carrinha no trajecto diário casa - trabalho - casa.

O baixo custo para o utente é evidentemente um factor positivo de todos os três modais acima mencionados e o tempo de deslocamento é, ao menos para mim, um factor negativo (já que fiquei um bocado infeliz quando descobri que de carro reduziria o tempo de deslocamento de minha casa para o trabalho de 90 para 30 minutos).

Carro

Aspectos negativos de utilizar o carro são muitos e bem conhecidos. Trânsito, custos e tempo de manutenção, portagem, impacto ambiental, estacionamento, entre outros. Por outro lado, o tempo de deslocamento e o facto de o carro propiciar uma flexibilidade e individualidade inigualáveis ao usuário, se comparado a outros modais, ainda faz das viaturas uma alternativa suficientemente “limpa” a ponto de justificar sua diária utilização pela maioria das pessoas.

O futuro

 Asneira 3

Frente a tudo isto vejo que as alternativas aos carros ainda não são tão limpas assim. Outros modais são “sujos” por outros aspectos que devem ser tratados, como a bicicleta, que carece de mais respeito e educação por parte dos condutores e de uma infra-estrutura mais apropriada, ou do autocarro, que compartilha de outros problemas específicos.

Portugal, para muitos, é um dos pioneiros mundiais no desenvolvimento e implementação de soluções para os problemas ambientais. Mesmo assim ainda vejo que temos muito a aprender para tornar tais alternativas a preferência das pessoas, cuja adopção é fundamental para o sucesso de tais empreitadas.

Sei que alguns problemas que “sujam” os transportes alternativos são oriundos de aspectos socioculturais. Acredito, no entanto, que todos nós temos uma parcela de culpa e responsabilidade na solução e que futuras alternativas podem considerar meios para auxiliar neste processo de reeducação.

Continuo acreditando em uma mudança. Infelizmente, ainda me vejo como um pioneiro de paradigma por acreditar que separar o lixo faz a diferença e que buscar alternativas ecologicamente correctas carece, acima de tudo, da confiança e de um certo grau de sacrifício de nossa parte.

*Colaborador na Unidade de Inovação e Transferência de Tecnologia (UITT)