Asneira Livre
O quarto Reich: USE
*Por Miguel Heleno
Quando ingressei no INESC Porto em Março deste ano, percebi logo a maravilhosa dinâmica do nosso edifício. De facto, aqui até os elevadores contribuem para a harmonia entre colegas de trabalho, já que fazem questão de parar em todos os andares, para que possamos manter conversas extremamente profundas, tais como: “Vai subir?”; “Não, vai descer.” Até podemos estar no pior estado depressivo, mas com estas palavras reconfortantes, o dia corre-nos bem… Por outro lado, a ideia de uma cozinha dentro da Unidade é simplesmente genial. O que poderá ser melhor para acompanhar a escrita de um relatório do que um belo aroma a estufado ou aquele cheirinho a arroz de frango igual ao da nossa avó? Não fossem os brasileiros a usar este espaço para fazer Chimarrão (vulgo chá de ervinhas) e tudo seria perfeito…
Mas, ao longo destes meses no INESC Porto, o que mais me espantou foi a capacidade de conquista territorial da USE. É impressionante a subtileza com que os nossos “exércitos” vão tomando conta do edifício com uma tal mestria de fazer inveja a um D. Afonso Henriques. É certo que a hegemonia da nossa Unidade (para além do torneio de futebol) sempre se manifestou no piso zero. Basta ver o nosso grupo de fumadores em clara maioria nas portas de entrada. No entanto, nos últimos tempos, fomos autênticos cruzados! Foi avassaladora a forma como fizemos avançar as nossas trincheiras no terreno da USIG, graças a um grupo jovem de operações especiais enviado para aquela sala, conseguindo mesmo converter um dos seus colaboradores. Dizem as más-línguas que ele se converteu por ter um irmão muito parecido na USE. Mas, no final, apenas uma coisa fica para a história: ontem ele era um simples programador. Hoje é mais um “soldado ao serviço da Mobilidade Eléctrica”! (se houvesse uma forma de reproduzir um riso maléfico na escrita, não hesitaria em usá-lo neste espaço).
E não ficámos por aqui. Para o piso -1 já foi enviado um grupo de exploradores dispostos a sobreviver a condições que fariam o 007 correr a chorar para o colo da mamã… Isto certamente terá lançado o pânico nos colaboradores do INESC Porto e são muitas as perguntas que lhes assaltam a mente: “Há condições de vida lá?”, “A seguir somos nós?”, “O que fizeram aos duendes que lá viviam?”… Calma. Isto é só mais um passo. O mundo é pequeno demais para a USE...! Quanto aos duendes, certamente serão usados para pilotar protótipos de veículos eléctricos.
*Colaborador na Unidade de Sistemas de Energia (USE)