Galeria do Insólito
O RAIO DA hISTÓRIA OU A HISTÓRIA DO RAIO
Um destes dias, lá foi um dos nossos estimadíssimos investigadores da área da energia em viagem de negócios no Brasil, daquelas chatas e monótonas, iguais a todas as outras a que já todos estamos mais do que habituados. O avião levanta de Congonhas, atravessa o tecto de nuvens, tudo parece normal, mas… eis que algo quebra a monotonia em pleno voo.
Um estrondo. Uma sacudidela violenta e estranha do avião. Um clarão, como bomba explodindo. Escusado será dizer que os passageiros passam a brancos: ninguém se atreve a falar, estes aqui olham disfarçadamente para os coletes de salvação, aqueles tentam perceber com avidez as instruções das máscaras de oxigénio que nunca ninguém lê, mais atrás murmúrios indistintos deixam adivinhar rezas, arrependidos de última hora e crentes que confiam no poder da oração depois de o mal já estar feito. Cheira intensamente a adrenalina: é o pânico na forma de tensão. Não houvera ainda o estouro da manada, mas qualquer gota infinitesimal faria transbordar o copo e libertar o caos de emoções.
A adicionar, nenhuma comunicação, nenhuma intervenção do piloto ou comandante: estariam mortos? Como é sabido, quando não há explicação, o povo arranja – mesmo que as luzes nem tenham tremido e os motores continuem a plena potência. Eis que, passados uns cinco minutos que valeram vinte, o “cara” da cabine da frente vem por fim falar: “Só prà informá, esse bárulho, a aeronave foi atingida por um raio”. E mais não disse: coisa pouca, portanto. Mas assim, sem mais nada? O povo “panicou”: gritos, ai-jesuses, agitação, previsões de catástrofe confirmadas.
Mas o herói da USE era uma excepção. Durante toda a situação manteve uma irritante calma. Os seus vizinhos incomodaram-se: “Gaiola de Faraday? Que é que é isso, gaiola?” (presume-se que o Faraday era o negão da Mangueira). Afinal, o que é um raiozeco para um investigador da área de energia?!
É caso para dizer que não há raio que os parta...