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"E esta procurará ser a nossa contribuição para navegar no arquipélago multifacetado de um jardim de pedras bem sólidas, mas que se movem para colaborar, cooperar, enfim, crescer.", Aurélio Campilho (C-BER)

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A Vós a Razão

A Engenharia Biomédica e os Jardins de Pedras

Por Aurélio Campilho*

Ao receber o convite para participar na “A Voz a Razão” do BIP estava curiosamente a relembrar uma visita recente a terras nipónicas, em que me vi confrontado com dois eventos que me fascinaram: uma conferência na área da Engenharia Biomédica e uma visita a jardins de pedras. Porque não associar numa só Voz a Razão esta associação improvável de fascínios emocionais, culturais, científicos e tecnológicos. Que acham deste desafio … vamos ver, não antecipo porque não consigo prever qual vai ser o resultado da divagação.  

Não vai ser de certeza uma voz sobre as pedras que não racham, as cabeças duras que não abrem, os pesos pesados que não se movem. Esta seria a via fácil porque por aí há muitos exemplos. Não é tão pouco uma divagação por caminhos pedregosos, de marcos miliares a vencer, a atingir, a percorrer. Os percursos de qualquer ramo da Ciência e Tecnologia são quase sempre marcados por sucessos e insucessos, mas finalmente o que vai ficando são os marcos importantes.

É o que acontece na Engenharia Biomédica onde há marcos assinaláveis desde a descoberta dos raios X nos finais do século XIX, ou no século XX os marcos ainda com impacto no dia a dia atual do diagnóstico médico de hoje como a TAC, na década de 70, a RMN na década de 80 ou a TEP na década de 90. Em particular na Universidade do Porto, são de referir a criação, há 25 anos, do INEB – Instituto de Engenharia Biomédica, instituição em que participei com muito orgulho até há bem pouco tempo. Outros marcos de referir são a criação na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), e de forma pioneira em Portugal, de cursos de graduação ou de pós-graduação em Engenharia Biomédica como o MEB, o PRODEB e o MIB.

Um jardim de pedra é muitas vezes organizado por diversas formações em pedra esculpidas ou naturais, isoladas ou em pequenos grupos, repousando num leito que os une … tal qual como um arquipélago num oceano. Tal qual uma instituição de I&D organizada em centros, em serviços, agrupados ou isolados, mas ligados por um cimento que dá corpo, por um ADN que a perpetua.

O INESC TEC é disso exemplo, como instituição com um ADN bem marcado que agrega múltiplos centros com a sua individualidade, como o Centro de Investigação em Engenharia Biomédica - C-BER (leia-se \si’ber’\)-, que por seu lado se revêm em múltiplos patamares com agregações mais ou menos definidas, mais ou menos permeáveis numa pirâmide de arquipélagos alicerçada nos centros, com diferentes níveis de agregação em diferentes clusters.

As ilhas de um jardim de pedra, muitas vezes obscurecidas pelas irmãs mais velhas, reaparecem se observadas de um outro espaço ou em outro tempo. A perspetiva que temos depende do ponto de vista, está condicionada pelo que queremos ver, depende do ambiente envolvente.  O C-BER, a tal ilha da Engenharia Biomédica, nasce no INESC TEC em janeiro de 2014. Agrega também em si, diferentes experiências, conhecimentos diversificados da Engenharia Biomédica que organizamos nos laboratórios de Bioinstrumentação, Neuroengenharia e Imagem Biomédica.

Em bioinstrumentação são concebidos e construídos sistemas de monitorização vestíveis que permitam prestar cuidados de saúde personalizados. Em neuroengenharia, técnicas avançadas de análise de imagens cerebrais são instrumentos de apoio à neurocirurgia e às neuro-próteses. A quantificação de movimento em doenças neurológicas e as interfaces cérebro-computador são também áreas fortes em neuroengenharia.

A imagem biomédica faz parte do meu percurso de investigação, acompanhado ao longo dos anos por muitos colaboradores, professores, investigadores e estudantes, sempre motivados pelo fascínio das aplicações médicas, recorrendo à observação de imagens anatómicas ou funcionais. É uma área que recorre a conhecimentos científicos muito diversificados do Processamento de Informação, da Aprendizagem pela Máquina, da Teoria da Decisão, entre muitos outros.

Talvez fosse a natureza destes conhecimentos que nos levou a enquadrar no INESC TEC as nossas atividades que até então tinham sido desenvolvidas no INEB. O simples, e talvez limitado, título de Imagem Biomédica pretende abarcar algo que ficaria melhor caraterizado pela mais extensa designação de “Diagnóstico Médico assistido por Computador apoiado em Informação Multidimensional”. Isto é, incluindo informação que abrange dados clínicos provenientes de diversa instrumentação até aos sinais fisiológicos e às imagens 2D, de volumes ou de volumes variáveis no tempo.

O objetivo principal é procurar, a partir da muito diversificada informação que se recolhe, prevenir, detetar precocemente e diagnosticar. E temos orientado e continuaremos num futuro próximo a orientar a nossa investigação para o desenvolvimento destes métodos em algumas áreas específicas, como instrumentos úteis para o diagnóstico de algumas patologias, como a retinopatia diabética, a hipertensão, doenças cardiovasculares e pulmonares. E isto tendo sempre presente as dimensões da prevenção, da deteção precoce e do diagnóstico.

Esta procurará ser a nossa contribuição para navegar no arquipélago multifacetado de um jardim de pedras bem sólidas, mas que se movem para colaborar, cooperar, enfim, crescer.

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Para os menos avisados neste mundo das siglas, aqui vai um glossário: TAC - Tomografia Axial Computadorizada; RMN – Ressonância Magnética Nuclear; TEP – Tomografia por Emissão de Positrões; MEB – Mestrado em Engenharia Biomédica; PRODEB – Programa Doutoral em Engenharia Biomédica; MIB – Mestrado Integrado em Bioengenharia; C-BER – Center for Biomedical Engineering Research.

*Coordenador do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER)