Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 800 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determina uma mudança de política editorial: partir do nº144, o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!).
Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, será desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM... alexandre madeira (haslab)
1. Qual foi o seu primeiro pensamento quando soube que era “Fora de Série” do INESC TEC?
Fiquei muito surpreendido e satisfeito. Uma nomeação tipo “funcionário do mês” é uma brincadeira que se pode esperar no contexto do ciclo de amigos e colegas próximos. Não escondo, contudo, a minha vaidade (mas da boa) quando esta escolha é feita no universo INESC TEC, onde tanto e tão bom trabalho se desenvolve diariamente.
2. Qual foi o papel do INESC TEC no projeto que lhe valeu o Prémio Científico IBM Portugal 2013?
O INESC TEC (e o Laboratório de Software Confiável - HASLab em particular), enquanto centro de investigação associado ao programa doutoral MAP-i (Minho, Aveiro e Porto), providenciou todas as condições para que este trabalho se desenvolvesse.
Este programa doutoral conjunto permitiu-me trabalhar sob a dupla orientação de Luís S. Barbosa (Departamento de Informática da U.Minho) e de Manuel A. Martins (Departamento de Matemática da U.Aveiro), o que em muito se refletiu na essência e qualidade do trabalho que levei a concurso.
Esta combinação de competências foi determinante tanto na forma como identifiquei a abordei um problema atual da Engenharia de Software, como nos métodos e soluções que para ele desenvolvi, no contexto da Lógica Matemática.
3. Que tipo de impacto pode ter um prémio com a dimensão do Prémio Científico IBM na carreira de um investigador?
O reconhecimento público do meu trabalho por um prémio tão competitivo eleva as expetativas para a minha produção futura, representando uma motivação suplementar para prosseguir a linha de investigação que tracei com as pessoas com quem tenho o privilégio de aprender e trabalhar no dia a dia. De um ponto de vista mais pragmático, espero me ajude a alcançar um contrato de trabalho mais estável do que uma bolsa de investigação.
4.Como se vê, no plano profissional, daqui a cinco anos? Pondera uma experiência na indústria ou pretende seguir um caminho académico?
Quem me conhece enquanto investigador sabe que a minha zona de conforto em investigação se enquadra no desenvolvimento de tópicos de fundamento para a aplicação. Neste sentido, imaginar-me-ia, daqui a cinco anos, a trilhar um percurso académico.
Penso, no entanto, que mais importante do que o local em que se está a trabalhar é o que é que se está a fazer. Com isto quero dizer que vejo também com bom olhos a incursão num projeto industrial, desde que haja nele espaço para investigação e desafio ao conhecimento. A experiência que vivi enquanto doutorando em contexto empresarial permite-me acreditar que esse espaço existe.
5. A ligação do HASLab ao INESC TEC começou em 2012. De que forma é que as competências do HASLab e dos restantes centros do INESC TEC se complementam e se reforçam?
A heterogeneidade e diversidade de conhecimentos é, reconhecidamente, um importante motor para o avanço de qualquer campo científico. Neste contexto, as distintas competências que o HASLab e os restantes membros do INESC TEC possuem constituem, e prometem constituir, uma interessante e produtiva sinergia.
O contexto particular do post-doc que estou a abraçar, no desenvolvimento de técnicas rigorosas de validação e verificação formal de sistemas robóticos, parece-me ser um exemplo paradigmático desta combinação, na medida em que junta, à mesma mesa, dois reputados grupos com competências (supostamente) tão distintas: desenvolvimento de sistemas robóticos (do Centro de Robótica e Sistemas Inteligentes - CROB) e desenvolvimento de técnicas para a validação e verificação de sistemas de software (do HASLab).
6. Terminaremos este questionário, pedindo que comente a sua nomeação, a qual foi feita pelo coordenador do HASLab, Rui Oliveira.
O Alexandre Madeira é o vencedor da edição 2013 do Prémio Científico IBM com um trabalho que recolhe e continua resultados da sua tese de doutoramento, defendida na Universidade do Minho em julho 2013, com título "Foundations and techniques for software reconfigurability".
O trabalho propõe um processo sistemático de construção de versões hibridizadas de diversas lógicas usadas em especificação de software e um método para modelação e verificação de sistemas reconfiguráveis. Recorda-se que a IBM Portugal instituiu em 1990 o Prémio Científico IBM com a finalidade de distinguir trabalhos de elevado mérito no campo das Ciências da Computação, estimulando jovens investigadores portugueses a divulgarem os seus trabalhos.
O Alexandre integra o HASLab desde 2011, primeiro como aluno de doutoramento no MAP-i, e mais recentemente, como post-doc na RL4 do Best Case, onde tem investigado lógicas para a especificação de sistemas híbridos e aplicações de métodos formais à Robótica.
Como disse inicialmente, esta nomeação representa para mim um motivo de grande satisfação. Entendo-a como um sinal de reconhecimento do trabalho que desenvolvi no doutoramento. O facto de ser o coordenador do centro de investigação que me acolheu a fazê-lo tem, naturalmente, uma simbologia muito especial.
Fico, pois, muito agradecido pelo gesto, tendo plena consciência que serão sempre poucos os meses do ano para sinalizar nesta rubrica os muitos trabalhos de idêntica e superior qualidade desenvolvidos no INESC TEC em geral, e no HASLab em particular.