SEGUREM-ME SENÃO EU FAÇO
"Podem imaginar o que eu faria, se pudesse fazer tudo o que posso?", desafiou Sun Tzu há 2500 anos. É muito tempo para uma frase perdurar e, se ela resiste, é porque tem uma profundidade em que os homens (mulheres) se conseguem permanentemente reconhecer.
Na interpretação mais linear, ela explicita-nos uma verdade brutal: a realidade das coisas tolhe o nosso movimento. É como se transitássemos de uma infância para a maturidade e compreendêssemos a necessidade do pragmatismo e do compromisso – enfim, sonhos serão sempre sonhos mas o que é preciso é pôr os pés na terra. Nesta perspetiva, a frase é um lamento breve de impotência de quem se acha órfão do destino.
Há, porém, um outro modo de a compreender, e esse gostaria de o continuar a sentir: é o do desafio inconformado. Não é lamento, não é angústia. É uma afirmação do direito a sonhar e do querer continuar.
Quando a realidade nos sufoca, é o momento de proferir essa ameaça, uma espécie de "segurem-me senão eu faço". Que eu sonho o meu próprio destino.
Na vida do INESC TEC e suas anteriores encarnações não nos seguraram e fizemos, não sei se mais do que permitia a força humana, mas decerto mais do que alguém previra face à sensata e aborrecida realidade. A realidade de crise que nos açoita, agora, é apenas uma provocação passageira para os que, como nós, sonham em permanente convicção.