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Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - 3Decide, pela voz de Carlos Rebelo.

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"... o ambiente de trabalho na USE é bastante agradável, conciliando a boa disposição com rigor e responsabilidade.", Mário Couto.

A Vós a Razão

"Embora os tempos sejam cada vez mais desfavoráveis à investigação, acredito que é possível produzirmos um trabalho científico relevante e proporcionar à indústria uma plataforma de teste privilegiada", Clara Gouveia (USE)

Asneira Livre

"Em vez de cartas de amor, tenho recebido ultimamente prendas na minha secretária...", José Meirinhos (USE)

Galeria do Insólito

Ser secretária no INESC TEC é um trabalho bastante exigente e até esgotante fisicamente e por isso agora é possível requisitar um par de pernas extra para uma secretária...

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC TEC...

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Venha conhecer os novos doutorados do INESC TEC...

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Referência a anúncios publicados pelo INESC TEC, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

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A ROLETA RUSSA

Estratégia sem tática é o caminho mais longo para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído que antecede a derrota.

A antiquíssima sabedoria de Sun Tzu não deveria ser desaproveitada. Num momento em que há que decidir como formatar a organização da investigação, em face do processo de (re)registo das Unidades de I&D, a primeira consideração a ter deverá ser a estratégia que enforma a ação.

O processo está cheio de incertezas, a começar pela ausência de informação quanto às consequências das decisões alternativas, ou seja, quanto ao que representa em cenários hipotéticos um apregoado “financiamento estratégico”, por contraponto a um financiamento base já anunciadamente exíguo – e, como a questão central é a sobrevivência, mais que um certo aroma a casino no ar, há uma impressão de roleta russa.

As opções que se colocam aos grandes institutos, que abrigam numerosos grupos, são claras: optar por registar uma única Unidade de grande dimensão ou decidir pelo registo independente de várias Unidades.

Há uma vantagem óbvia no registo de múltiplas Unidades: permitirá, com muito mais probabilidade, o exercício de uma avaliação ajustada e honesta de cada Unidade, por ser possível afeiçoar o perfil de um futuro júri às caraterísticas próprias de cada uma. E isto não é de menor importância, porque muito dificilmente ocorrerá uma avaliação adaptada à diversidade de áreas numa Unidade com vários grupos de área científica distinta – e toda a avaliação terá consequências financeiras, ninguém contesta isso.

Mas há uma desvantagem também evidente: a FCT não publicitou ou previu, nos regulamentos que se conhecem, nenhuma forma fácil ou viável de enquadrar estrategicamente associações de Unidades. Como explicar uma estratégia comum se a avaliação for executada por, digamos, seis ou oito painéis independentes e que não comunicarão entre si nem, previsivelmente, entenderão que devem comunicar com a gestão comum dessa associação? E como gerir recursos que estrategicamente deveriam ser comuns, se o modelo de financiamento impossibilitar uma partilha?

Custaria a entender que a política nacional de ciência e tecnologia não visse com bons olhos a geração de massas críticas ou a concertação estratégica de Unidades. Por certo, falta-nos ainda conhecer algumas peças e desenvolvimentos dessa política.

Mas, porque falta conhecer essa vertente, porque falta conhecer parte da equação que regerá o financiamento das Unidades, estão os investigadores que vivem agrupados em grandes Unidades ou instituições sob a sensação de jogarem à roleta russa – há duas escolhas a fazer e numa pode estar a aposta certa e noutra a bala implacável. Nunca a incerteza foi boa conselheira ou gerou confiança e não foi agora que a história ficou desmentida. Em tempo de crise, o que menos precisávamos era de mais fatores de desassossego.

Nós, que construímos, com uma devoção de portugueses que não desistem do seu país, um exemplo de gestão de ciência e tecnologia que noutras pátrias é invejado e tomado por modelo, acreditamos que é preciso evitar, a todo o custo, que seja induzida a fragmentação de instituições que levaram décadas a construir.

Não é preciso conservar o que está, tal como está: isso seria advogar o imobilismo. O próprio e simples “re-branding” é já  motor de uma indução de evolução e mudança. Mas é preciso encontrar a forma de não perder o que de positivo foi adquirido: a capacidade de gerar estratégias supergrupos. Ora isso, como noutros comportamentos na vida, só se cuida com estímulo.

E não é sem sentido, pensamos, esperar que a FCT possa ainda, em tempo, dar-se conta desta questão crítica.

Créditos foto: Flickr