Fora de Série
ANDREIA PASSOS
1. Esperava esta distinção como “Fora de Série” do mês de Abril?
Não, não estava à espera e digo-o sem falsa modéstia. Faço uma reflexão regular sobre o trabalho que desenvolvo no INESC Porto e tenho a noção de que procuro esforçar-me ao máximo para que esse trabalho reflicta o meu brio, o meu empenho, a minha exigência, a vontade de não me defraudar, e acima de tudo, de não defraudar as expectativas que outros em mim depositaram. Contudo, não estava, de facto, à espera de ser indicada para esta distinção; uma distinção que me deixa extremamente lisonjeada e que vem apenas reforçar a ideia – que, aliás, sempre tive - de que faço parte de uma instituição que está atenta aos seus colaboradores, que os valoriza, independentemente da natureza de trabalho que estes desenvolvem.
2. Como surgiu a oportunidade de trabalhar no INESC Porto?
Surgiu em 2006, pouco tempo depois de ter concluído a licenciatura. Tomei conhecimento por intermédio de uma pessoa amiga de um familiar meu que o INESC Porto estaria a recrutar um colaborador para a área da formação profissional. Tratava-se de um trabalho temporário, uma vez que iria substituir indirectamente a Margarida Gonçalves (precisando melhor, tratava-se de assumir as funções da Isabel Macedo que estava a substituir a Margarida Gonçalves nos RH). Enviei um CV, fui contactada para uma entrevista e, felizmente, acabei por ser seleccionada. A minha entrada no INESC Porto deu-se, portanto, pela porta do DIL, uma experiência que – fazendo agora uma retrospectiva - considero muito enriquecedora. O grande momento de viragem deu-se, contudo, com a integração na UITT, associada ao surgimento de uma nova oportunidade de trabalho – a execução de um projecto integrado de formação profissional que envolvia vários institutos de I&D e Transferência de Tecnologia, o FormInov – e que me permitiu alargar o meu tempo de permanência no INESC Porto.
3. Há quanto tempo integra a UITT e que função desempenha?
Integro desde 2007, ou seja, desde a sua constituição formal como uma Unidade do INESC Porto. A minha categoria funcional é a de técnica administrativa; contudo, como referi anteriormente, a entrada na UITT marcou uma viragem profissional, na medida em que representou uma oportunidade para alargar e diversificar os meus campos de actuação, ou seja, deixei de estar exclusivamente dedicada a tarefas de carácter mais administrativo para poder entrar em actividades ligadas à investigação ou ainda à preparação de candidaturas de projectos nacionais e, mais recentemente, de projectos europeus. Comecei por apoiar a Alexandra Xavier, coordenadora da UITT, na implementação do projecto FormInov, um desafio que me fez amadurecer profissionalmente, e depois, a pouco e pouco, tanto a Alexandra como a Aurora Teixeira foram-me dando a possibilidade de participar em outros projectos, como foi o caso dos projectos Open Innovation e Metodologias para construção de indicadores de IDI nas indústrias tradicionais. Espero poder, a curto/médio prazo, estender o meu contributo à UITT na área da consultoria em sistemas de gestão da Inovação, uma área considerada estratégica para a Unidade.
4. Qual é a sua formação base?
Sou licenciada em Estudos Europeus – Variante Inglês/Alemão pela Faculdade de Letras da UP. Em 2008, na mesma instituição, concluí o meu Mestrado em Sociologia, com a defesa de uma dissertação no campo da Sociologia da Religião.
5. Qual foi a sua “prova de fogo” no INESC Porto?
Devo confessar que tenho alguma dificuldade em destacar um momento em concreto que, a meu ver, se tenha configurado como uma prova de fogo. No meu dia-a-dia, no INESC Porto, há sempre pequenas provas de fogo, ou seja, momentos mais ou menos inusitados de maior tensão que me põem à prova, que testam a minha capacidade para contornar, para resolver com a serenidade necessária determinados problemas e esses problemas podem surgir e surgem em qualquer tipo de tarefa, independentemente do seu grau de complexidade.
6. E qual foi a sua primeira grande vitória?
A minha primeira grande vitória no INESC Porto? Foi, talvez, concluir, com sucesso, ou seja, sem comprometer a qualidade de um trabalho que tinha sido iniciado e que estava a ser conduzido de modo exemplar pela Isabel Macedo, e que consistia na execução e gestão do programa plurianual de formação interna. Cada tarefa bem realizada é, sem dúvida, uma pequena vitória para mim.
7. Identifique os maiores desafios com que se depara no seu dia-a-dia profissional.
O meu maior desafio diário será, porventura, articular, com o mesmo grau de exigência e rigor, tarefas que, aparentemente, são distintas, pelas competências que de mim requerem, como é o caso de tarefas de cariz mais administrativo, operacional e de tarefas que estão mais focadas para a investigação, por exemplo. Encaro, contudo, esta polivalência, esta itinerância subjacente ao meu trabalho aqui no INESC Porto como uma via privilegiada para crescer profissionalmente, para entrar em domínios que, até pela minha formação de base, corresponderiam, a domínios nos quais jamais pensaria poder entrar.
8. Como consegue conciliar tarefas aparentemente tão distintas como a organização de sessões de formação, a preparação de candidaturas de projectos ou a realização de investigação?
Embora, como referi na questão anterior, articular tarefas tão distintas corresponda a um desafio diário, julgo que entender cada tarefa, independentemente da sua natureza, como uma tarefa relevante, cuja execução deverá levar à geração de resultados com valor para a instituição que represento; entender cada tarefa como uma tarefa que contribuirá para uma apreciação positiva do meu trabalho global é o primeiro passo para que as eventuais dificuldades subjacentes a essa articulação sejam mais facilmente contornadas.
9. Que balanço faz da experiência de trabalhar numa Unidade tão inovadora?
Faço um balanço extremamente positivo. Integrar a equipa da UITT tem sido uma experiência aliciante. A Unidade é um espaço privilegiado para a aprendizagem e enriquecimento contínuos, para a reflexão e discussão de ideias; é uma Unidade que - volto a sublinhar - me tem proporcionado condições para alargar os meus campos de actuação, para pôr o conhecimento que adquiri a render e para adquirir novos conhecimentos. É uma Unidade que incentiva a formação contínua, que se esforça por valorizar as competências dos seus colaboradores. Não posso deixar de referir que tive na Unidade, através das minhas coordenadoras, um grande apoio na realização e conclusão da minha dissertação de mestrado.
10. Quem é/foi a sua referência profissional no INESC Porto?
As minhas coordenadoras, sem dúvida. Desde a minha passagem pelo DIL até à integração na UITT, tive a oportunidade e o privilégio de ser coordenada por três senhoras (Graça Barbosa, Alexandra Xavier e Aurora Teixeira) que, traçando metas e objectivos para o meu trabalho, que definindo caminhos para atingir essas metas e objectivos, não coarctaram a minha iniciativa, antes me estimularam a procurar na superação diária de mim própria um desafio. Foram e são coordenadoras que escutam, que dialogam, que criticam construtivamente, que motivam e que têm sempre uma palavra de reconhecimento. Afirmam a sua capacidade de liderança precisamente pela capacidade que têm de escutar e de dialogar.
11. Que conselho daria a um investigador que pretenda formar a sua própria empresa?
Julgo que o conselho mais sábio seria, antes de mais, convidá-lo a deslocar-se à UITT, onde teríamos todo o prazer em analisar e discutir sobre o seu projecto de empreendedorismo!
12. Terminaremos este breve questionário, pedido que comente a seguinte citação de Alexandra Xavier, coordenadora da sua Unidade, a UITT, e que a nomeou para esta distinção.
“Para "Fora de Série" do mês de Abril proponho a Andreia Passos, que se mostrou incansável na preparação de candidaturas aos Vales Inovação e I&DT, na organização de dois workshops de formação e ainda no desenvolvimento de trabalho de investigação. Demonstrou sempre um grande profissionalismo, responsabilidade, espírito crítico e flexibilidade. Trabalhou fora de horas com uma dedicação notável e um desempenho excelente... sempre com um sorriso!”
Como tive oportunidade de referir anteriormente, a minha coordenadora tem sempre uma palavra de reconhecimento e isso é muito importante para nos sentirmos motivados, para continuarmos a querer ser cada vez melhores. Gosto do trabalho que desenvolvo aqui no INESC Porto, gosto de pertencer a um grupo de muitas e diferentes pessoas que, na singularidade, na especificidade das actividades que desenvolvem, fazem desta instituição uma instituição especial. Como poderia não retribuir na mesma moeda - com empenho, com dedicação e com simpatia – o que o INESC Porto me tem dado ao longo destes três anos?