Offside
Corporate

Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - Testemunho GESTO Energia S.A. (Grupo MARTIFER), pela voz de Carlos Matos Gueifão.

Fora de Série

"O INESC Porto abre imensas portas e proporciona imensas oportunidades a todos os seus colaboradores.(...)Acho que é um sítio fantástico para começar uma carreira." Ricardo André

A Vós a Razão

"O HASLab está a dar passos firmes no sentido de se integrar no INESC Porto como Unidade Associada. É uma estratégia importante para o laboratório, uma oportunidade para interagir com outras unidades, explorar complementaridades, encarar novos desafios...", José Nuno Oliveira

Asneira Livre

"Olá a todos! Quando fui convidado a escrever para a "Asneira Livre" passaram-me algumas coisas pela cabeça, nomeadamente histórias muito engraçadas... mas na verdade nenhuma que queira tornar pública... deixo à vossa imaginação!", Henrique Ormonde

Galeria do Insólito

Numa viagem à terra desconhecida, chamada Bruxelas, este português inesquiano, cansado da longa viagem, procurava apenas uma simples cama onde dormir. É caso para dizer: tem cuidado com o que desejas!

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC Porto...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC Porto, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

A Vós a Razão

‘Improve Practice through Theory’

José Nuno Oliveira*

Há uns tempos o meu carro parou na estrada -  não o velho Fiesta branco, virtualmente indestrutível ainda que notoriamente enferrujado, mas um veículo na altura novo em folha cuja marca e modelo me abstenho de citar, por motivos que adiante compreenderão. O depósito de carburante estava muito baixo e a explicação parecia óbvia. Mas não foi assim e acabei por ter de chamar a assistência. Tive direito a um veículo de substituição e o seguro contra todos os riscos teria encerrado o assunto sem mais prejuízo, não fosse a curiosidade em perguntar, quando fui levantar o carro: - Afinal, então, qual foi o problema? A resposta foi imediata e simples: - Nada de mais, tivemos que fazer “reboot” do software e já está tudo bem outra vez.

Se de regresso a casa já olhava para o volante com desconfiança, mais me interrogava: e se o ‘program counter’ resolver parar outra vez, desta vez a meio de uma curva e a maior velocidade? Provavelmente não estaria cá já para levantar o veículo de substituição, quanto mais para receber a mesma, lacónica evidência do crónico subdesenvolvimento científico e tecnológico da minha área de investigação: a engenharia do software.

Desde que esta pequena história aconteceu, não mais deixei de a relatar nas minhas aulas de métodos formais para construção de software. Afinal, já não são só as NASAs e ESAs que têm destes problemas (culpa dessa gente a de se meterem em coisas complicadas): é o cidadão anónimo, que compra e depende de bens de consumo comuns, mas de sofisticação crescente. Talvez uma experiência pessoal, como vítima (felizmente não mortal) fosse o que faltasse em mais de 25 anos de docência desses métodos na Universidade do Minho, sempre baseada na investigação de princípios científicos que possam dotar o projeto de software da fiabilidade e previsibilidade que caracteriza as outras engenharias - princípios esses que moldaram o meu espírito desde que os aprendi enquanto estudante de engenharia na Universidade do Porto, há mais de quatro décadas.

Esses 25 anos passam pelo INESC: em meados dos anos 90 tive o prazer de ver o meu pequeno grupo de investigação integrar-se num maior que, através de um protocolo e acordo de colaboração, permitiu criar um núcleo do INESC em Braga, nas instalações da Universidade do Minho. Foi um período de vibrante atividade: de um dia para o outro o grupo viu-se envolvido numa parceria internacional com total liberdade para pôr a sua teoria em prática: ferramentas que se estavam a desenvolver para apoio às aulas transvasaram do anfiteatro para o laboratório; e foi preciso integrá-las em novas tecnologias e nos sistemas do cliente. Com esses métodos e ferramentas agilizou-se o processo de desenvolvimento e garantiu-se maior fiabilidade do produto final, com assinalável contribuição na deteção de erros da conceção inicial.

Muito mais haveria que contar de tão enriquecedora experiência. Mas uma andorinha não faz a primavera e contratos tão expressivos como esse não se repetiram. O grupo regressou à investigação fundamental e investiu na sua internacionalização. Foi crescendo em massa crítica e âmbito de investigação, que se estendeu em particular às áreas da fiabilidade de sistemas distribuídos de grande escala, à criptografia e segurança da informação, à análise e verificação de código e à interação humano-computador. Focado na sua missão de dotar a qualidade de software de base científica, constitui-se no High-Assurance Software Laboratory (HASLab) do Centro de Ciências e Tecnologias da Computação da Universidade do Minho. Beneficiando do Processo de Bolonha, investiu nos 2º e 3ºs ciclos, em particular no Programa MAPi, organizado conjuntamente pelas universidades de Aveiro, Minho e Porto.

Recentemente, o HASLab (atualmente com estatuto de Parceiro Privilegiado) está a dar passos  firmes no sentido de se integrar no INESC Porto como Unidade Associada. É uma estratégia importante para o laboratório, uma oportunidade para interagir com outras unidades, explorar complementaridades, encarar novos desafios, melhorar a produtividade e maturar a sua missão, que é coerente, focada, mas aberta à colaboração e à aplicação prática. Será pois uma ligação que criará sinergias e dará frutos para ambas as partes.

Hoje, como há quinze anos, não posso esperar de impaciência em sentir de novo o impacto que decorrerá dessas sinergias. Portugal transfigurou-se entretanto, tornando-se num país com um elevado índice de infraestruturas de base eletrónica, cuja qualidade dependerá sempre da capacidade que tivermos (ou não) de prever o seu correto funcionamento. Como já não somos propriamente baratos, só seremos sustentavelmente competitivos se tivermos bons métodos e boas ferramentas, e para isso precisamos de boas teorias. O resto é apenas bom senso e sentido prático. Daí a frase que o HASLab toma como lema e leva no seu dote: Improve Practice through Theory.

 

* Investigador no HASLab - High Assurance Software Laboratory, Universidade do Minho