A Vós a Razão
"Fale agora ou cale-se para sempre"
Por Filipa Ramalho*
Antes de mais, quero agradecer à equipa do BIP o amável convite para escrever um artigo para esta rubrica. Além de uma honra, é, sem dúvida, um desafio para mim. E desafio porquê? Bem, porque não é uma tarefa fácil, começando logo pela escolha do tema do artigo (quem já passou por esta rubrica provavelmente sabe do que falo).
Foi em vésperas de sair do INESC TEC que, em conversa sobre este convite, alguém, em jeito de brincadeira, disse: "fale agora ou cale-se para sempre!". Foi esta inspiradora frase que deu mote ao meu tema: já que me vou embora, porque não aproveitar para sugerir melhorias na instituição?
Depois de cinco anos e meio no INESC TEC, e em alturas de rumar para um novo desafio profissional, impera-se a necessidade de fazer um balanço! O balanço que faço do meu caminho nesta casa é bastante positivo: muitas oportunidades de partilha e aprendizagem, desenvolvimento pessoal e profissional e muitas vivências que me tornaram a profissional que hoje sou e, também, uma pessoa melhor. Para além disso, ganhei muitos amigos e tive o prazer de fazer parte desta Instituição de Excelência, que tanto tem evoluído e crescido desde que aqui entrei. Efetivamente, muitas coisas mudaram e evoluíram no INESC TEC, desde a minha entrada em finais de 2008. Por conseguinte, pensei: quais serão os temas onde ainda há espaço para mudar e que possam ajudar no crescimento, evolução, inovação e competitividade desta instituição?
No ano em que entrei no INESC, em 2008, éramos cerca de 339 colaboradores. O último registo de 2014 conta já com cerca de 813 colaboradores. Eu diria que a par de muitas outras grandes mudanças, ao longo deste tempo, uma das mais importantes e que está relacionada com o crescimento da instituição foi o aumento do número de colaboradores. Após a análise destes dados, julguei ter encontrado um domínio interessante, quiçá o mais importante: as pessoas e essa difícil tarefa que é a gestão das pessoas.
Como o meu espaço para escrever não é muito e como também não sou uma especialista nesta matéria, o meu intuito foi apenas dar o mote para futuras discussões e dar a minha modesta resenha sobre aquilo que li sobre os pontos centrais deste assunto.
O colaborador de uma organização hoje em dia é mais participativo, tem mais autonomia nas suas tarefas, coopera nas decisões e participa no desenvolvimento do negócio e da inovação da própria organização. A visão antiga mecanicista de Recursos Humanos não se enquadra nesta realidade... Antigamente os Recursos Humanos tinham como principal função questões mais burocráticas relacionadas com o processamento de salários e os processos de contratação, entre outras. Deste conceito evoluiu-se para a Gestão de Pessoas que se caracteriza por capacitar, envolver e desenvolver o ativo mais importante de uma organização: as pessoas. Criar, planear, gerir, controlar e avaliar as atividades relacionadas com a seleção e contratação, avaliação de desempenho, formação, desenvolvimento e motivação, assim como as relacionadas com a saúde, segurança e higiene no trabalho são as principais funções da Gestão de Pessoas.
Para alcançar esta visão mais holística daquilo que é a Gestão de Pessoas muitas são as ações propostas e de que são exemplo: promover planos de integração para novos colaboradores, desenvolver planos de formação anuais adequados ao desenvolvimento funcional e pessoal dos colaboradores, reconhecer por meio de prémios ou simplesmente através de elogios e feedback sobre o trabalho e desempenho dos colaboradores, fomentar a interação dos colaboradores com a comunidade exterior e responsabilidade social da organização, promover avaliação de desempenho 360 graus, realizar atividades de team building, criar métodos de visualização do alcance dos resultados individuais e de equipa, promover atividades de discussão e partilha de ideias e conhecimento gerado, realizar inquéritos de satisfação e motivação, desenvolver planos de carreira, entre muitas outras.
No INESC TEC podemos encontrar já algumas destas ações e eu diria que uma das grandes vantagens competitivas que a instituição tem é as competências dos seus colaboradores, o espírito de equipa e o ambiente propício à partilha de conhecimento e integração de diferentes equipas para o desenvolvimento de projetos e trabalhos inovadores que marcam a diferença por esse mundo fora. Resta agora continuar no mesmo caminho e investir tempo em algumas ações que até hoje não foram possíveis de implementar.
Até já :)
*Colaboradora no Centro de Engenharia de Sistemas Empresariais (CESE), antiga Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP)
