Asneira Livre
Campeonato do Mundo
Por Francisco Maia*
Hoje acordei e fui ver os jornais. Confirma-se que o jogo de ontem ficou 4-0 para a Alemanha. Tinha a esperança de ter sonhado…
Ainda bem que a asneira é livre porque não conseguia não escrever sobre o jogo.
O que se passou em Salvador da Baía é o equivalente a uma revisão de um artigo que nos chega com as palavras “o autor deve rever toda a sua estratégia de investigação e encontrar novas abordagens ao problema”.
De facto, apetece-me dizer que a culpa é do árbitro e consigo encontrar falhas graves e continuadas na sua atuação. Por exemplo, não existe a grande penalidade assinalada a João Pereira uma vez que este sofre falta antes de, desesperado, agarrar a camisola do alemão. No entanto, é como na investigação científica, não podemos culpar só os revisores.
É preciso refazer, reestruturar, reescrever, reinventar e, sobretudo, preseverar!
Somos um país pequeno de tamanho, aparentemente dependente de todos, aparentemente sem capacidade de impor o nosso jogo nos vários “campeonatos”.
No entanto, a verdade é que temos todas as condições para levantar taças.
A qualidade temos - basta ver o INESC TEC e o Ronaldo!
Mas é preciso fazer, estruturar, inventar, perseverar!
Analisando um bocado o jogo de ontem e o jogo do dia-a-dia parece-me que uma das coisas que falta muitas vezes é equipa.
Jogo de equipa, coesão de equipa e ataque organizado. Selecionar os problemas a atacar, atacá-los segundo as qualidades de cada um, gerir esforços e ter a concreta consciência que juntos é que vamos lá.
Perdemo-nos tantas vezes na busca de um elemento externo a quem apontar dedos. Esquecemo-nos tantas vezes de começar por nós próprios. Há semanas atrás participei num pequeno debate sobre ética na investigação onde participou o Professor Luís Amaral da Faculdade de Letras. Entre várias notas importantes, retive uma imagem que o Professor usou. Tantas vezes nos esquecemos de usar o espelho como deve ser. Ficamo-nos por um olhar rápido à aparência verificando se temos a camisa bem vestida e não nos vemos. Não fazemos o exercício de pensar quem somos e quais são as nossas qualidades e limitações. Este exercício é importante. É preciso que não vivamos iludidos com o que não somos nem vivamos desiludidos com o que pensamos não ser. Neste exercício contínuo seremos capazes de, cada vez mais, jogar para ganhar. Estaremos no jogo certo com a tática adequada.
Portugal está no Campeonato do Mundo e o INESC TEC em vários campeonatos mundiais ao mesmo tempo. Vamos perseverar, acreditar e continuar a lutar pelas taças! Conscientes das nossas limitações mas sobretudo das nossas capacidades e trabalhando em equipa!
Cumprimentos!
*Colaborador no Laboratório de Software Confiável (HASLab)