Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 800 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determinou uma mudança de política editorial: o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!). Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, é desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM... Nádia Silva (c-BER)
1. A Nádia está no INESC TEC há três anos e meio e atualmente a frequentar o Programa Doutoral em Informática, mas antes disso já tinha colaborado com investigadores do INESC TEC no âmbito da sua tese de mestrado. Que mais-valias viu na instituição para prosseguir o seu trabalho de investigação?
As mais-valias são várias, mas a que considero mais importante foi a motivação que constatei e compartilho com um grupo de pessoas no INESC TEC e parceiros clínicos, quer em Portugal quer na Alemanha, em combinar Neurociência com Engenharia.
2. Já investigou a deteção de nódulos pulmonares em imagens de RX, mas atualmente o seu trabalho está mais voltado para a área do cérebro. Em que consiste o seu doutoramento?
O meu doutoramento consiste em identificar biomarcadores para um diagnóstico precoce de doenças de movimento nomeadamente Parkinson. Diagnosticar Parkinson não é uma tarefa simples para um médico, porque os primeiros sintomas são facilmente confundíveis com outras doenças. Normalmente, um diagnóstico correto só é alcançado quando a doença já está num estado mais avançado. Se o diagnóstico fosse feito numa fase mais inicial da doença, poder-se-ia retardar o seu desenvolvimento ou até mesmo cessá-lo. Desta forma, o que pretendemos é encontrar os biomarcadores que poderão ajudar os médicos a identificar Parkinson ainda nessa fase inicial.
3. Além de investigadora no INESC TEC, a Nádia colabora ainda com a Ludwig-Maximilians Universität (LMU) de Munique. Quais considera serem os aspetos positivos desta colaboração bidirecional e multinacional?
Esta colaboração é crucial para o impacto dos nossos trabalhos, trazendo um benefício mútuo a ambas as partes. Do nosso ponto de vista, a principal vantagem é o acesso a conhecimento clinico que resulta numa melhor interpretação e validação dos resultados. Além disso, os nossos parceiros levantam questões clínicas com as quais se confrotam diariamente e que, resolvidas, podem melhorar as condições de vida dos seus pacientes. Essas questões são a motivação por detrás dos nossos trabalhos, contribuindo para o impacto do nosso trabalho na área da medicina.
4. A Nádia viu recentemente ser publicado um artigo da sua autoria na NeuroImage, pelo trabalho que desenvolveu para identificar subestruturas cerebrais e que permitirá obter melhores resultados em doenças como a distonia ou de Parkinson. Tratando-se a NeuroImage uma das revistas mais prestigiadas do mundo na área da Neurociência, o que sentiu com esta publicação? O que ainda ambiciona conseguir?
Naturamente fiquei bastante contente com este resultado. O que não seria possível sem a colaboração com a LMU. Aliás, é importante referir que ambas as partes contribuiram de igual forma para este trabalho.
No futuro, espero continuar a aprender mais no INESC TEC em colaboração com outros centros para encontrarmos juntos a resposta a questões pertinentes na área da medicina e que podem ter uma contribuição direta na nossa sociedade.
5. Terminaremos este questionário, pedindo que comente a sua nomeação, feita pela coordenação do C-BER: “Embora estando ainda no início do seu programa doutoral em informática (com tese em "Computational Neuroimaging"), a Nádia tem conseguido, com o seu empenho, capacidade de fazer pontes entre a engenharia e a neurologia clínica e inteligência, resultados excecionais como é o caso do artigo de elevado impacto científico publicado neste mês de janeiro numa das mais importantes revistas científicas do mundo em Neurologia de que é primeira autora.”
Dada a admiração que tenho pelos coordenadores do C-BER, o Prof. João Paulo Cunha e o Prof. Aurélio Campilho, a sua nomeação é bastante motivante para mim para assim continuar a dar o meu contributo numa área tão fascinante como a Neurociência.
Fora de Série - Mês de janeiro
- Nádia Silva, C-BER
- Hélder Fontes, CTM
- Paula Rodrigues, HASLab
Coordenação do HASLab