Pensar Sério
O valor da informação
Por Cláudio Fernandes*
Já bastante foi escrito neste espaço de opinião sobre o excesso de burocracia e, essencialmente, uma forte despreocupação de certas entidades públicas em prestar apoio e informação adicional sobre as regras e obrigações de reporte que estes próprios impõem, muitas vezes existindo apenas informação detalhada sobre as consequências para o não cumprimento das mesmas.
Ora, parte do trabalho de Contabilidade e Finanças (CF), serviço no qual eu me integro, é também servir como uma “firewall” que tenta proteger os nossos investigadores de toda essa panóplia de obrigações que, no final de contas, se sente que têm muito pouco valor acrescentado para a sociedade.
Neste mês, e exatamente após de ter aceitado o convite para dar este meu pequeníssimo contributo para o excelente trabalho que o SCOM faz com o BIP, o meu serviço recebeu a notificação que deveria enviar toda a informação do INTRASTAT para o ano de 2016, algo que no início do ano passado nos tinham informado que estaríamos isentos.
De uma forma breve, o INSTRASTAT consiste em enviar informação sobre as compras de bens (e vendas, que no caso do INESC TEC, não se aplica) efetuadas dentro da EU, por item [1]. Esta tarefa hercúlea, pois o prazo dado para a sua conclusão foi muito reduzido, apenas foi conseguida aproveitando o excelente espírito de grupo que sinto sempre para com os meus colegas de CF, que me ajudaram em todos os momentos.
Embora a necessidade do reporte do INTRASTAT seja extremamente penalizador para as empresas, no sentido em que canaliza esforços para uma tarefa que não traz valor para a própria, e cujo valor para a sociedade (através da utilização dessa informação por parte do Estado) é pouco percetível, existem reportes que inicialmente possam parecer desprovidos de valor, mas que podem ser extremamente valiosos para uma entidade (neste caso o INESC TEC) devido à possibilidade que nos dão de análise dos dados.
Trabalhar a informação de que dispomos, e conseguir essa mesma informação, é sempre muito importante para a tomada de decisão: saber onde estamos pode, grande parte das vezes, contribuir consideravelmente para decidir o caminho a seguir.
No entanto, tendo todas as obrigações de reporte, quer lhe atribuamos valor quer não, caráter obrigatório, será importante encontrar formas de otimizar todo o processo de recolha da informação necessária, e tratamento da mesma.
Em conclusão, sempre que forem importunados com algum pedido de informação adicional por parte de algum membro do CF, recordem-se que existem dois motivos: ou fomos institucionalmente obrigados a tal, ou apenas nos queremos localizar no mapa.
[1] (unidades, peso, nomenclatura combinada, etc.)
* Colaborador no Serviço de Contabilidade e Finanças (CF)