A JUSTA CORRECÇÃO DO RUMO
A inteligência é um conceito que todos entendem, mas ninguém define com exactidão. Há, porém, hoje uma certeza: é que sem carácter adaptativo não se pode conceber uma inteligência em acção.
Intellege ut agis, diziam os Romanos, e com propriedade. Intellege, compreende, usa a inteligência para propiciar o entendimento do contexto, dinâmica, causas e consequências. Ut agis, compreende para poderes agir: não se pede um gesto reflexo, nem reacção mecânica, o movimento é gerado como processo desencadeado pela razão.
Reanalisar, reavaliar, reconsiderar são, pois, manifestações visíveis do exercício da inteligência: visam o controlo activo da trajectória.
Vem esta reflexão a propósito da correcção de rumo que a FCT imprimiu à questão da atribuição de bolsas de doutoramento a estudantes estrangeiros.
Nesta página, juntámos a nossa voz aos que enfaticamente chamaram a atenção para os efeitos danosos da alteração de política que a FCT introduzira no Regulamento de atribuição de bolsas. Sem ganho que se percebesse, programas doutorais organizados no modelo de Bolonha, sob incentivo do próprio MCTES, ficavam fortemente condicionados na sua capacidade de atracção de estudantes e de internacionalização. Instituições e unidades de investigação, sem vantagem que se compreendesse, ficavam subitamente privadas de uma fonte de recursos humanos de excelência. Dramas humanos fortes se originavam em todos aqueles a quem fora prometida a possibilidade de concorrer a bolsa e, acreditando em promessas, haviam viajado para Portugal à sua custa e se integrado em actividades de pós-graduação e investigação. A credibilidade internacional de Unidades e Instituições portuguesas que haviam prometido isso mesmo estava questionada.
Mas vale a pena explicar e confiar que, compreendendo, a FCT agiria.
A mudança definitivamente anunciada pela FCT nas condições de acesso de estrangeiros aos apoios à pós-graduação vem, pelo menos transitoriamente, corrigir em parte os efeitos negativos da medida anterior.
Saúde-se, pois.